‘Maio’ como que evoca, para boa parte das pessoas, algo que tem a ver com natureza florida, flores (muitas, bem cheirosas e coloridas), sinais de alegria e de festa e, porque não dizê-lo, para os crentes algo invocativo de Nossa Senhora, na devoção ou na religiosidade popular mais simples e atrativa.
Que tem ‘maio’ a ver com flores e na sua profusão? Que pode fazer para
aspirarmos a situações de contacto com a natureza? Como explicar certas festas
- por exemplo das ‘Cruzes’, em Barcelos, ou do Senhor das Chagas, em Sesimbra -
no início do mês de maio, onde se entre-cruzam as flores com a expressão de
Cristo na Cruz ou mesmo na representação de crucificado? Como conciliar ou
explicar a cruz florida - na frente e no reverso - nesta visão cristã mais
popular? Haverá algo na longa história dos tempos e dos povos, que expliquem
tais tradições?
1. Desde os tempos mais antigos que o mês de maio tem um caráter de
ligação à dimensão da feminilidade na sua expressão social e mesmo cultural.
Maio (em latim, ‘maius’) é referido em relação à deusa grega Maya, mãe de
Hermes que foi identificada, na mitologia romana, com a deusa da fertilidade
‘Bona Dea’, cujos festivais os romanos celebraram neste mês. Alguns dos ritos,
em contexto rural, colocam, sobretudo as jovens, a celebrar certos rituais
festivos e de iniciação, onde as grinaldas com se enfeitavam eram alusivas a
momentos festivos, que foram deixando resquícios nalgumas culturas ocidentais.
Repare-se na tradição das maias com que eram enfeitadas as portas e janelas,
deixando uma nota festiva e de salvaguarda para os possíveis ‘males’ sociais ou
morais. É digno de ser referido ainda que ‘maio’ é um mês de primavera no
hemisfério norte e de outono no hemisfério sul... na leitura do despontar ou no
despedir da força da natureza...
2. Sobre o sentido do culto a Nossa Senhora no mês de maio diz o
Catecismo da Igreja Católica (n.º 971) : «’Todas as gerações me hão-de
proclamar ditosa’ (Lc 1, 48): «a piedade da Igreja para com a santíssima Virgem
pertence à própria natureza do culto cristão». A santíssima Virgem «é com razão
venerada pela Igreja com um culto especial. E, na verdade, a santíssima Virgem
é, desde os tempos mais antigos, honrada com o título de “Mãe de Deus”, e sob a
sua proteção se acolhem os fiéis implorando-a em todos os perigos e
necessidades […]. Este culto […], embora inteiramente singular, difere
essencialmente do culto de adoração que se presta por igual ao Verbo Encarnado,
ao Pai e ao Espírito Santo, e favorece-o poderosamente». Encontra a sua expressão
nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na oração mariana, como o santo
rosário, «resumo de todo o Evangelho».
3. Este ano - depois das provações da pandemia - na paróquia da Moita
propomos, como forma de oração comunitária, que rezemos pelos cinco
continentes, atendendo a cada um nas diferentes semanas. Sugerimos ainda que,
nos diversos dias da semana, rezemos por intenção específicas. Na primeira
semana (1 a 7) - pela Ásia; da segunda semana (8 a 14) - pela Europa; da
terceira semana (15 a 21) - pelas Américas; quarta semana (22 a 28) - pela
África; nos últimos dias (29 a 31) - pela Oceânia... Houve a atenção em colocar
alguns dos ‘dias’ específicos, como o da Europa, a 9 de maio, e o de África, a
25 de maio, inseridos na semana respetiva de oração.
Quanto às intenções para cada dia propomos: domingo - pela paz; 2.ª feira -
pela fome; 3.ª feira - pelo trabalho; 4.ª feira - pela família; 5.ª feira -
pelos regimes políticos: 6.ª feira - pelas condições religiosas; sábado - pela
situação ambiental.
À semelhança dos anos ‘normais’ é proposto que, em cada uma das freguesias, que
compõem a paróquia, haja uma procissão noturna: no Rosário, a um de maio; em
Sarilhos Pequenos, a 13 de maio e na Moita, no dia 31 de maio.
Eis um breve itinerário, que desejamos que possa ajudar todos.
António Sílvio Couto
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