É um fenómeno que tem vindo a crescer: vermos grupos e pessoas individuais a andarem a pé rumo ao santuário de Fátima, mas também para Santiago de Compostela ou outro espaço religioso mais ou menos significativo nalguma região.
O que
leva centenas ou milhares de pessoas mais ou menos organizadas a empreenderem
um processo de caminhada a pé? Quais as caraterísticas de ‘peregrinação’? Como
entender ou enquadrar pessoas que fazem essa caminhada e/ou peregrinação a pé?
Esta onda de ‘caminhadas a pé’, onde se pode incluir a peregrinação que nos diz
(ou revela) do nosso tempo? A mensagem de Nossa Senhora, em Fátima, incluía
esta vertente de caminhada a pé ou como peregrinos a pé? Como entender e
enquadrar esta onda de ‘peregrinos a pé’ na abordagem ao santuário de Fátima?
* Sentido da peregrinação: «A Igreja […] só na glória celeste alcançará a sua
realização acabada» (185), aquando do regresso glorioso de Cristo. Até esse
dia, «a Igreja avança na sua peregrinação por entre as perseguições do mundo e
das consolações de Deus». Vivendo na terra, ela tem consciência de viver no
exílio, longe do Senhor e suspira pelo advento do Reino em plenitude, pela hora
em que «espera e deseja juntar-se ao seu Rei na glória». A consumação da Igreja
– e através dela, do mundo – na glória, não se fará sem grandes provações. Só
então é que «todos os justos, desde Adão, “desde o justo Abel até ao último
eleito”, se encontrarão reunidos na Igreja universal junto do Pai» (n.º 769).
* Conexão com a religiosidade popular: «Fora
da liturgia dos sacramentos e dos sacramentais, a catequese deve ter em
consideração as formas de piedade dos fiéis e a religiosidade popular. O
sentimento religioso do povo cristão desde sempre encontrou a sua expressão em
variadas formas de piedade, que rodeiam a vida sacramental da Igreja, tais como
a veneração das relíquias, as visitas aos santuários, as peregrinações, as
procissões, a via-sacra, as danças religiosas, o rosário, as medalhas, etc.»
(n.º 1674).
* Significado de peregrinação: «as
peregrinações evocam a nossa marcha na terra para o céu. São tradicionalmente
tempos fortes duma oração renovada. Os santuários são, para os peregrinos à
procura das suas fontes vivas, lugares excecionais para viver «em Igreja» as
formas da oração cristã» (n.º 2691).
Desde
sempre houve pessoas que, dados os parcos recursos, fizeram do caminhar e o do
andar a pé, uma forma de ir a Fátima. No entanto, tendo em conta as três
vertentes da ‘mensagem de Fátima’ – oração,
doentes e peregrinações – esta última foi-se aprimorando, desde a
organização até à vivência e mesmo recorrendo a indicações de âmbito mais
amplo, social e cultural. Os ‘caminhos de Fátima’, enquanto entidade ligada ao
Centro nacional de cultura, tem identificado e desenvolvido vários itinerários
– do Norte, da Nazaré, do Tejo, rota carmelita, do centenário, do mar, das
beiras ou do sul…com indicações específicas e recomendações aos peregrinos… No
entanto, tem havido e continuará a haver novas e esporádicas propostas de
caminhos de peregrinos. Todos terão o espírito da mensagem de Nossa Senhora?
António Sílvio Couto
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