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terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Leitura comparada das eleições de 2019 - 2022

 

Estando quase fechados os números das eleições antecipadas de 2022, podemos e devemos comparar os resultados deste ano e de 2019. Seguimos os dados dos três partidos mais reclamados de ‘esquerda’ do espectro político nacional: PS, BE e CDU...e os resultados são menos espetaculares do que se fazia crer, tanto no conglomerado de ganhos e perdas, como na radicalização dos parceiros dos socialistas, na governança dos últimos seis anos.
Vejamos: em 2019 os três partidos juntos - vindos da experiência da geringonça - davam em conjunto: 2.730.326 votos e em 2022 somados perfazem: 2.723.370 votos... portanto, menos 6.956 votos.
Para quem queira conferir as contas deixamos os dados:
* em 2019: PS - 1.908.036; BE - 500.017; CDU - 332.473;
* em 2022: PS - 2.246.487; BE - 240.257; CDU - 236.630.
Vendo a oscilação dos números:
PS ganhou - 338.451 votos;
BE perdeu - 259.760 votos;
CDU perdeu - 95.843 votos.
Ora, a soma das perdas do BE e da CDU perfazem 351.103 votos...com os ganhos do PS (338.451), terão ido para outros partidos 12.652 votos...
Daqui podemos inferir que, apesar da vitória do PS, nem tudo foi transferência linear entre eles, mas – tendo em conta a descida da abstenção: 51,4 % em 2019 para 42,04 % em 2022 – algo se deu de mais profundo na votação destes dias.

- Na espuma dos dias podemos considerar que a tal ‘esquerda sociológica’ nem sempre tem correspondências aos dados finais e ainda que, a tendência ideológica, de tudo ver pelos óculos do Estado-patrão não resolve cabalmente os problemas sociais mais básicos ou as questões mais elementares de justiça social, nisso a que designam de ‘estado social’ e que deveria abranger mais coisas de âmbito social, por agora resolvidas pelo Estado. Não é só a saúde, a educação ou a segurança social, que devem estar na crista dos problemas, mas outros assuntos – como a justiça, a habitação ou o trabalho – seria útil estarem na linha de resolução mais democrática...

- Mais uma vez se notou que boa parte da comunicação social enferma de um defeito quase congénito: pulsa em muitas redações um coração esquerdista, que, na hora de influenciar as notícias e os comentários, maltrata, quase inconscientemente, quem não seja tão à esquerda como acham que todos deviam ser. Falta nitidamente independência e competência para aceitar, acolher e não-hostilizar quem não seja da linha recorrente do sinistrismo ideológico e algo servidor do marxismo dialético.

- Agora que vamos entrar em regime de maioria absoluta de um só partido, espera-se que não se estenda ainda mais o poder absoluto...isso seria ditadura, que alguns tanto ousam proclamarem-se lutadores contra ela!

António Sílvio Couto

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