De forma quase acintosa têm surgido, grosso modo na última década, nas notícias sobre a Igreja católica, casos de abuso por parte de membros do clero – uns de cariz sexual e outros de tendência de ‘género’ – numa confusão quase intencional de desacreditação de todos, a partir das partes.
A onda tem varrido várias instâncias eclesiais e
sociais. No contexto pontifício teve maior desenvolvimento com Bento XVI –
sussurrando-se que foi esta ferida que o foi consumindo até à sua renúncia em
fevereiro de 2013 – e tem percorrido o magistério de Francisco. Os países
‘mais’ católicos estiveram sob especial escrutínio deste flagelo – humano,
psicológico, espiritual e social – de longa data. Esta nova-inquisição revolveu
quase tudo, desde que cheirasse a escândalo…real ou presumido. Em países mais
endinheirados, choveram processos de indemnizações suficientemente chorudas às
vítimas; noutros – como em Portugal – parece que se pretende ficar pelo
escândalo quanto baste, desde que o assunto percorra o caminho adestrado sabe-se
lá por que forças… As comissões – diocesanas ou independentes – empossadas
servirão para apurar a verdade séria? Mais do que os resultados será preciso
compreender os efeitos…a curto e médio prazo.
Com que alarido foram noticiados alguns dos casos,
deixando, inexoravelmente, um rasto de suspeita e de quase-anátema sobre os
denunciados/acusados, mas com que acobardamento não foi referida a não-acusação
e até a absolvição dos mesmos intervenientes… Vimo-lo – na última década – em
mais do que um caso nalgumas dioceses, dentro e fora da Europa, e nem as
autoridades eclesiásticas se diferenciaram no comportamento e nas notícias.
Assim se pode inferir que nem todos querem a verdade, mas privilegiam, pelo
contrário, ‘sua’ versão, desde que seja populista… por agora.
Dizia alguém com propriedade e sabedoria: vós, os
padres, não penseis que vos ‘atacam’ por serdes, enquanto homens, com bom
aspeto, mas por serdes padres! Efetivamente há casos em que os assédios se
verificam com tal subtileza – tanto no feminino como no masculino – que será
preciso estar muito atento às insídias e ciladas do mal. Até as crianças –
consideradas sem maldade – podem tornar-se focos de insinuação mais ou menos
explícita. Quem acreditará, hoje, que um simples aceno de uma criança para um
padre não poderá conter alguma carga menos sincera ou simplória? Pior: e se
isso é comandado por algum adulto – pessoa ou conjetura – tal gesto,
aparentemente, infantil poderá, afinal, ser uma cilada…
António
Sílvio Couto
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