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quinta-feira, 26 de março de 2015

Aprendemos a banir sacos-de-plástico

Em menos de um mês de vigência da legislação, os sacos de plástico – designados de ‘leves’ – foram retirados da circulação numa percentagem significativa, regressando-se, em muitos casos, ao uso de sacos de pano ou de outro material menos poluente e/ou biodegradável.  

Dá a impressão que não foram os dez cêntimos que tinham de ser pagos – de forma indireta – ao Estado, que fizeram com que mudassem os hábitos dos portugueses, mas antes uma crescente consciência mais ecológica e mais sensata no abuso desses materiais… que deixam marcas no Planeta Terra.

= Perante este fenómeno mais recente de aculturação como que sentimos que, por vezes, nos tratam como menos bem fornecidos de inteligência, contando que será mais pela coação que nos educam, em vez de nos saberem explicar as coisas, as matérias e os problemas. Com efeito, nesta globalização de massas há uns tantos fornecedores de notícias que menosprezam a capacidade dos outros, exaltando a sua miopia de pretensão e reduzindo a cinzas quem não se deixa conduzir pelas suas teorias. Ora, se há qualidade que os portugueses/as têm, é a de saberem ultrapassar as barreiras que tais mentores da ignorância lhes colocam… Vimo-lo – entre outros exemplos – na aferição dos números de telefone (de 01… para 21…), na mudança do código postal, na implementação da moeda única europeia, no combate à ‘gripe das aves’, no lançamento do cartão do cidadão (incluindo no mesmo vários documentos)… e em tantos outros momentos de mudança coletiva, onde nem sempre fomos tratados com educação e civismo, mas antes como menores e até incapazes.

 = Temos a certeza e a prova de que os portugueses/as são, em muitas matérias, duma capacidade de adaptação inigualável – de pouco valerá rotular essa vivência de desenrascanço ou de chico-espertismo – na medida em que, por sermos pequenos temos uma força que poucos teriam nem viveriam. Por essa Europa fora e em qualquer canto do mundo, onde se encontre um português, saberemos que está alguém que sabe reunir todas as forças para se suplantar… nem que para isso tenha de tornar-se herói à força. Podemos fazê-lo a resmungar e contrariados, mas conseguimos chegar onde outros povos e culturas não são capazes… mesmo que se pretendam mais evoluídos social e economicamente.

= Há, no entanto, uma lacuna que não se disfarça só com boas intenções e/ou razoáveis promoções: é a dos melhores intérpretes do bem comum, isto é, dos líderes e dos responsáveis que pensam e fazem fazer, congregando energias e vontades. Não abundam os/as que têm essas qualidades. Por vezes, os que as possam manifestar com facilidade são combatidos por outros que vivem dos expedientes e ocupam os lugares de poder sem mérito. Quantas vezes são os aparelhos partidários que promovem os seus infantes e arietes. Quantas vezes os melhores, são empurrados pelos incompetentes, só porque lhes fazem sombra. Quantas vezes somos governados por ineptos e cinzentos.

Neste capítulo temos muito a aprender portuguesmente pensando e falando, pois ainda nos deixamos seduzir por vendedores de sonhos e, quando acordamos, o pesadelo é maior do que a vida real. Se quisermos usar uma linguagem camiliana, temos de pensar mais com a cabeça e menos com o estômago, doseando as coisas do coração. Estamos num tempo propício à emersão de bem-falantes, mesmo que se perceba que não dizem a verdade (toda), pois interessa-lhes atingir o poder… à custa de fait-divers de listas contribuintes, de fugas aos impostos dos adversários… de milhentas tropelias para enganar o povo… votante.

= Tal como nos sacos plásticos temos de saber escolher: entre comprar barato, pagar a taxa e deitar fora; ou comprar mais caro e poder reutilizar… Precisamos de saber para onde vamos, não só agora, mas no futuro próximo…

O povo é sereno e sábio. Assim o deixemos falar, sem manipulações!   

 

António Sílvio Couto

1 comentário:

  1. Vou levar saco de pano se os tiver em quantidade suficiente! Cumprimentos.

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