Nunca o
evangelizador poderá ser credível se, ele mesmo, não estiver continuamente em
atitude de ser evangelizado ou, então, tornar-se-á como o sino, que chama para
ir à igreja, mas não entra!
Agora
que se vem falando tanto de evangelização, torna-se urgente centrar-nos no
essencial, para que não andemos a usar palavras que desvirtuem o significado
dos termos, tanto na etimologia como na semântica… cristãs.
O uso do
termo ‘evangelização’, em contexto católico, mais assumido e como vivência
eclesial organizada, é bastante recente, isto é, não tem mais de três décadas
nos documentos da Igreja católica… embora se possa encontrar algo que nos diga
que a dinâmica de anúncio do Evangelho – este o sentido mais acutilante de evangelização
– tenha estado sempre presente no espírito e na atitude contínua da Igreja
católica.
Se consultarmos
um índice ideológico dos documentos do Concílio Vaticano II, o termo
‘evangelização’ aparece citado apenas nove vezes. No entanto, se procurarmos
termos afins como: ‘apostolado’ (com 35 referências ao termo em geral e 71
vezes na vertente do ‘apostolado dos leigos’) e ‘missões’ (com cerca de cento e
trinta referências)… encontramos uma riqueza localizada na terminologia de
meados do século passado. Se consultarmos, por seu turno, o Catecismo da Igreja
Católica – publicado em 1992, trinta anos após o início do Concílio Vaticano II
– encontramos só três citações deste tema da evangelização… no quadro das
vocações e ministérios na Igreja.
= Deixar-se evangelizar
Nunca
por nunca o evangelizador tem completo o seu ‘processo’ de autoevangelização,
pois em cada idade precisa de aprender a interpretar os sinais de Deus na sua
vida e isso nunca está acabado… está em constante e profundo amadurecimento.
Mal vai a consciência do evangelizador se se limitar a ser uma espécie de
reprodutor de esquemas, de lições, de iniciativas, de propostas, de catequeses…
já feitas e agora lançadas como recurso de evangelização.
Quando,
em 1983, o Papa João Paulo II lançou a expressão ‘nova evangelização’, muitos
ficaram assustados, mas foram-se recauchutando com a expressão… embora sem
muitas vezes terem entrado no espírito da mesma ‘nova evangelização’. Na visão
do Papa a ‘nova evangelização’ deveria ser nova no ardor, nova nos métodos e
nova na expressão… Cada um destes itens contém múltiplos desafios para sejamos
dignos de acolher, hoje, o Evangelho e de o sabermos comunicar a tantos que
dele precisam… Nada está fechado e nada poderá ser entendido se não formos
humildes e fortes: humildes para querermos sempre aprender e fortes para
seguirmos as inspirações do Espírito Santo… em fidelidade à Igreja.
= ‘Jesus tem lugar no meu
coração?’
Esta
pergunta poderia servir-nos de motivo de caminhada no Advento que se aproxima,
mas também poderá ser uma questão a responder por quem está no terreno da
evangelização, pois se tal não acontecer poderemos ter pessoas a propagandear
coisas ‘lindas’, mas não a anunciar uma Pessoa: Jesus Cristo vivo e
ressuscitado.
É isso
que evangelizador faz ao evangelizar: anuncia um encontro com Jesus e não umas
técnicas de comunicação de produtos mais ou menos credíveis… anuncia um
encontro pessoal e não umas teorias estudadas e/ou mal assimiladas.
Como
muito bem se diz: ninguém consegue atingir os outros senão naquilo em que foi
atingido. Se o Cristo que conheço é meramente da instância intelectual, poderei
só falar d’Ele assim. Mas se Ele atingiu o meu coração, então falo d’Ele com o
coração convertido e em contínua conversão.
- Que
tenho de retirar do meu coração para que Jesus tenha mais o seu espaço?
- Que
ocupa, em mim, o espaço que Jesus merece ter no meu coração?
- Sinto
que já estou totalmente evangelizado?
-
Conheço Jesus de saber coisas sobre Ele ou de O conhecer do encontro coração a
coração com Ele?
- Como
vou, neste Natal, dar mais oportunidades a Jesus para O amar e servir?
António
Sílvio Couto
É verdade.
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