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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Taxar os não-votantes… fonte de rendimento!


Diante da mais recente iniciativa do (ainda) presidente da CM Lisboa e candidato a PM de Portugal – taxar em um euro que entre turisticamente na sua área – como que ousamos sugerir que o dito aspirante a governante da Nação lance uma taxa idêntica aos seus não eleitores e também aos não votantes nas eleições e poderá, duma assentada, receber no tesouro milhões de contribuições… assim muitos o elejam e muitos mais o contestem. De facto, há coisas de somenos que fariam a diferença do sem mais…

Há situações de fundo e questões de enquadramento. Há aspetos essenciais e considerações circunstanciais. Há problemas que exigem solução e soluções que precisam que olhemos às causas e não andemos a distrair-nos com as consequências.

- Percorrido o tempo duro da assistência económico-financeira ao nosso país estamos prestes a ser chamados a votar. Uns fizeram parte da solução, outros do problema. Uns deram a cara e o trabalho pela recuperação, outros o barulho e a confusão. Uns pagaram as dívidas, outros tentaram adiá-las. Uns propuseram soluções, outros alimentaram divisões. Uns foram inábeis na explicação das questões, outros habilidosos nas intenções…

- Somos, de fato, um país que tem vivido ao sabor – quase cíclico – da abundância e do desperdício em maré de muito dinheiro e depois não sabe conviver nem gerir as restrições que lhe são impostas por estranhos… que tentam ajudar-nos a aprender a governar-nos. Continua viva a convicção – lá do tal general romano – de que não sabemos governar-nos nem nos deixamos governar… e, só em aflição extrema, é que concedemos o benefício da dúvida a outros, pois desconfiamos até da própria sombra, tal é a insegurança em que vivemos, nos movemos e existimos.

- O país não pode continuar neste ‘faz-e-desfaz’ com que nos vamos diluindo, quando somos chamados a votar. Não está em causa perpetuar no poder pessoas que não têm competência, mas precisamos de criar projetos que não andem ao sabor das ideologias, pois quem paga é sempre o elo mais fraco: o povo… que está a alhear-se das decisões, mas aguenta com as asneiras dos decisores. Sem pretender misturar as coisas – pois outras influências e interesses se imiscuem – bastará comparar os clubes desportivos: quem são os que têm maior sucesso? Os que têm estabilidade diretiva, coerência de equipa, sintonia de poder e de exercício do mesmo… Os que flutuam ao sabor dos resultados também não conseguem resultados alguns…de imediato.

- Parece que devia chegar a hora de começarmos a criar uma nova geração de pessoas empenhadas na vida pública, na política e noutras instâncias de serviço aos outros, pois há caras que já estão gastas e sem capacidade de fazer outra coisa que não seja repetir os lugares-comuns aonde nos levaram a cair no fosso económico, social, político e mesmo cultural. Mal vai um partido político – seja qual o quadro em que se mova – se precisa de desenterrar quem nos afundou! Se precisa de trazer à liça de quem já se viu que as ideias estão ressequidas! Se precisa de lançar na praça pública (da comunicação social ou do parlamento) quem ainda não deixou que tivéssemos feito o nosso período de nojo e de afastamento! Por favor não voltem: ainda não estão perdoados!

Ou será que as ideologias transversais e/ou subterrâneas impõem quem melhor serve os seus intentos e não os interesses da população a quem deviam servir? Será que vale tudo, mesmo enganar e manipular, os mais distraídos? Será que é pelo estômago – e não pela cabeça – que se conquista o poder a todo o custo?

 

Portugal precisa, merece e anseia ter melhores servidores das coisas públicas e nas metas privadas. Não podemos continuar a resignar-nos em termos de aguentar aqueles que nos tentam vender atores em saldo de fim de feira… de vaidades!

   

 

António Sílvio Couto

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