Diante
da mais recente iniciativa do (ainda) presidente da CM Lisboa e candidato a PM
de Portugal – taxar em um euro que entre turisticamente na sua área – como que
ousamos sugerir que o dito aspirante a governante da Nação lance uma taxa
idêntica aos seus não eleitores e também aos não votantes nas eleições e
poderá, duma assentada, receber no tesouro milhões de contribuições… assim
muitos o elejam e muitos mais o contestem. De facto, há coisas de somenos que fariam
a diferença do sem mais…
Há
situações de fundo e questões de enquadramento. Há aspetos essenciais e
considerações circunstanciais. Há problemas que exigem solução e soluções que
precisam que olhemos às causas e não andemos a distrair-nos com as consequências.
- Percorrido o tempo duro da assistência económico-financeira ao nosso país estamos prestes a ser chamados a votar. Uns fizeram parte da solução, outros do problema. Uns deram a cara e o trabalho pela recuperação, outros o barulho e a confusão. Uns pagaram as dívidas, outros tentaram adiá-las. Uns propuseram soluções, outros alimentaram divisões. Uns foram inábeis na explicação das questões, outros habilidosos nas intenções…
- Somos,
de fato, um país que tem vivido ao sabor – quase cíclico – da abundância e do
desperdício em maré de muito dinheiro e depois não sabe conviver nem gerir as
restrições que lhe são impostas por estranhos… que tentam ajudar-nos a aprender
a governar-nos. Continua viva a convicção – lá do tal general romano – de que
não sabemos governar-nos nem nos deixamos governar… e, só em aflição extrema, é
que concedemos o benefício da dúvida a outros, pois desconfiamos até da própria
sombra, tal é a insegurança em que vivemos, nos movemos e existimos.
- O país
não pode continuar neste ‘faz-e-desfaz’ com que nos vamos diluindo, quando
somos chamados a votar. Não está em causa perpetuar no poder pessoas que não
têm competência, mas precisamos de criar projetos que não andem ao sabor das
ideologias, pois quem paga é sempre o elo mais fraco: o povo… que está a
alhear-se das decisões, mas aguenta com as asneiras dos decisores. Sem
pretender misturar as coisas – pois outras influências e interesses se imiscuem
– bastará comparar os clubes desportivos: quem são os que têm maior sucesso? Os
que têm estabilidade diretiva, coerência de equipa, sintonia de poder e de
exercício do mesmo… Os que flutuam ao sabor dos resultados também não conseguem
resultados alguns…de imediato.
- Parece
que devia chegar a hora de começarmos a criar uma nova geração de pessoas empenhadas
na vida pública, na política e noutras instâncias de serviço aos outros, pois
há caras que já estão gastas e sem capacidade de fazer outra coisa que não seja
repetir os lugares-comuns aonde nos levaram a cair no fosso económico, social,
político e mesmo cultural. Mal vai um partido político – seja qual o quadro em
que se mova – se precisa de desenterrar quem nos afundou! Se precisa de trazer
à liça de quem já se viu que as ideias estão ressequidas! Se precisa de lançar
na praça pública (da comunicação social ou do parlamento) quem ainda não deixou
que tivéssemos feito o nosso período de nojo e de afastamento! Por favor não
voltem: ainda não estão perdoados!
Ou será
que as ideologias transversais e/ou subterrâneas impõem quem melhor serve os
seus intentos e não os interesses da população a quem deviam servir? Será que
vale tudo, mesmo enganar e manipular, os mais distraídos? Será que é pelo
estômago – e não pela cabeça – que se conquista o poder a todo o custo?
Portugal
precisa, merece e anseia ter melhores servidores das coisas públicas e nas
metas privadas. Não podemos continuar a resignar-nos em termos de aguentar aqueles
que nos tentam vender atores em saldo de fim de feira… de vaidades!
António Sílvio Couto
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