Por
estas horas recebemos a notícia da morte de duas crianças – uma prematura, lá
nas terras árabes e outra a de um pequeno que motivou a solidariedade nos
tempos mais recentes na moita e arredores.
Muitos
outros casos, envolvendo crianças, aconteceram por estes dias, mas isso não nos
pode fazer endurecer sobre estes nem aqueles mais anónimos… à nossa visão.
Isto é
ainda mais agravado quando vemos a ser discutido – com alguma frieza e numa
racionalidade doente – o tema da morte assistida… como se fossemos senhores da
vida e não meros administradores.
Dito
doutra forma: às vezes investe-se tanto esforço (psicológico, económico,
científico e mesmo espiritual) para salvar vidas e outros como que se entretêm –
entendam-se as razões e o alcance – a ver como fazê-la terminar… Além de
esquisito parece que é imoral, sobretudo atendendo à tentativa de fazer crer
que isso é o mais importante nesta etapa da história da humanidade!
= ‘Fazer tudo como se tudo
dependesse de nós…
Ao longo
da caminhada da nossa existência vamos aprendendo a vencer obstáculos, uns
interiores, outros exteriores; uns de âmbito pessoal, outros incluindo mais
pessoas; uns na esfera do privado, outras na dimensão comunitária/coletiva.
Nuns saímos vencedores, noutros vamos aprendendo com os erros e dos erros
poderemos fazer nova etapa de caminhada.
Quem não
terá já perguntado a si mesmo, diante duma dificuldade ou iniciativa: como vou
conseguir vencer isto? E, bem depressa, surge a referência: se outros conseguiram
também eu hei de conseguir… e isso dá força para lutar e vencer, seja lá o que
for!
Se,
nalguns casos, podemos aprender a ser humildes e a sabermos valorizar os
outros, noutros casos, pode surgir uma certa dose de autossuficiência e, senão
mesmo, de capacidade de atingir fins onde nem sempre os meios serão os mais
ajustados.
Precisamos
de ir aprendendo a conhecer as nossas faculdades – tanto as que aceitamos, como
as que nos podem ser mais escondidas ou ainda desconhecidas – e de darmos
oportunidade para que os outros – que vamos conhecendo e vão surgindo na nossa
vida… por graça e presença divina – também possam ser capazes de se afirmarem
na vida e com as suas qualidades e defeitos… Será nesta intercomunhão que
cresceremos e faremos os outros crescerem também!
= Fazer tudo como se tudo
dependesse de Deus’
Há
campos e situações em que o exercício do dom da fé é muito mais do que uma
condição de fideísmo, mas antes podemos e devemos colocar Deus na nossa
submissão à sua grandeza na pequenez. Com efeito, a aprendizagem da confiança
em Deus é um caminho nunca acabado, pois quando esperávamos ter completado uma
etapa, outra se perfila na nossa vivência. Isto será tanto mais importante
quando tentamos viver o esforço de uma caminhada na fé comunitária. De fato,
crescemos pela mãos uns dos outros, pois Deus se serve deles/as para nos
corrigir, umas vezes de forma mais entendível e outras de forma mais
complicada.
Quem não
terá já percebido que a fé cristã – e católica em particular – pode ser melhor
entendida quando nos deixamos ajudar humilde e sinceramente! Quem não terá dado
já a oportunidade a alguém para que nos possa corrigir sem isso deixar em nós
mesmos azedume ou ressentimento! Quem não terá crescido na escuta de Deus pela
forma como escuta os outros!
Deus
continua a precisar de nós para continuar a Sua obra no mundo. Deus tudo faz
connosco para que nós tudo façamos com Ele, por Ele e n’Ele.
Se assim
vivêssemos como seria a nossa vida mais simples, alegre e interpeladora, pois
vê-Lo-íamos em nós e à nossa volta, mesmo por entre lágrimas e tristezas, olhos
fitos no Céu e os pés bem assentes na Terra!
Aos pais
do Afonso queremos dizer-lhes que sempre rezamos por eles e, particularmente,
por ele e cremos e acreditamos que, embora o tenham perdido de forma visível
nesta Terra, temo-lo agora a interceder por nós junto de Deus, com Maria, nossa
Mãe.
António
Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)
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