Temos assistido, após as eleições legislativas mais recentes, a um
espetáculo digno dum país terceiro-mundista: quem perde no campo de jogo pode
ganhar na secretaria, desde que consiga coligir todos os vencidos e declarem-se
vencedores!
Diante destas manobras cai por terra a (aparente) convicção de que ‘por um voto
se ganha ou por um voto se perde’, pois quem for vencido poderá acalentar a
esperança de suplantar os vencedores, desde que se unam, em coligação negativa,
para aceder ao poder a todo o custo e a qualquer preço.
Este é Portugal no seu melhor!
- A partir de agora – seja qual for a instância de votação – poderemos
suspeitar que, quem vence não ganha, pois os vencidos podem unir-se e
autodeclararem-se vencedores à revelia dos resultados alcançados.
- Cuide-se quem se submeter a sufrágio de votação, pois a mentira e o seu
contrário podem ser o melhor antídoto para flutuar sobre quem possa sentir-se
derrotado, dado que as armas de combate podem estar viciadas, senão no conteúdo
ao menos na forma.
- Já sabíamos que não nos podíamos fiar nas ‘promessas’ eleitorais, pois
podiam ser trocadas por medidas não apresentadas…claramente. Agora teremos de
desconfiar das juras de aversão aos concorrentes, pois os inimigos de ontem
podem ser amanhã os aliados de acesso ao poder nem que para isso se meta a
ideologia na gaveta… ou será na reciclagem a prazo?
- Parece que há quem troque um pouco de fama – nem que seja confundindo a
sua (nossa) história – por algo que permita sobreviver a todo o custo ou tenha
de ‘engolir’ contradições e contrassensos mais primários…
- Estamos num tempo em que a mais elementar verdade é posta à prova com
tantos e tão diversificados sinais de mentira, em que (até) os verdadeiro mentirosos
sentirão vergonha de terem nas suas fileiras estes novos companheiros…A
constatação daquilo que se dizia – ‘o que hoje é mentira, amanhã pode ser
verdade’… e vice-versa – noutros campos de atividade, como era no mundo do
futebol, tem vindo a alargar-se a quase todas as atividades humanas. Com
efeito, os mais recentes episódios da nossa vida política fazem-nos questionar
sobre a consistência mental e psíquica de muitos dos seus intervenientes, pois
alguns deles começam a sofrer de doença precoce, dando o dito pelo não-dito e
obrigando os que neles confiavam a suspeitar sobre a veracidade e (quase)
idoneidade das suas personalidades… se mais não seja pelo ziguezaguear
titubeante em ordem a aparecerem no pedestal do poder. Parece que vai valendo essa
inglória tentativa de atingir certos fins sem olhar a meios…
- Os próximos tempos vão ser muito difíceis e controversos… No horizonte já
se vislumbra aquilo que fará de nós – novamente – um povo submisso, agrilhoado
e em resgate… pois não se pode gastar o que não se tem nem mesmo favorecer o
desgoverno e de todo o modo querer contentar quem faz da preguiça a melhor arma
– ativa, circunstancial ou sindicalista – para vencer… O abismo está a chegar…
bastará um ténue empurrão e todos teremos de recomeçar o caminho do rigor!
António Sílvio Couto
Como sempre, escreve aquilo que todos (ou a maioria) pensamos mas, por uma ou outra razão ou apenas por preguiça, não escrevemos!
ResponderEliminarBem haja!