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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Numa atitude de drone…


Nos tempos mais recentes foi introduzido, entre muitos artefactos de controlo e de (possível) invasão da privacidade – nesse tal equilíbrio entre liberdade e segurança… tão difíceis de conjugar e de viver – um tal novo adereço a que se dá o nome de ‘drone’… isto é, uma espécie de pequeno avião não tripulado, mas com câmaras de imagem suscetíveis de fornecer informações a longa distância…

Não nos vamos pronunciar sobre o uso ou mesmo abuso de drones na intromissão da vida privada de nada nem de ninguém, mas antes queremos colocar-nos numa atitude de visão em drone, isto é, numa visão que se coloca acima das voragens e das intrigas de tantas das pessoas com que temos de conviver.

= ‘Voar como drone’ quer tão simplesmente dizer que, por vezes, é preciso elevar-se acima da vulgaridade de tantas mentes e perante certos comportamentos demasiado rasteiros ou mesmo rastejantes.

Cito de memória uma frase de São José Maria Escrivá: se podes voar como ave de rapina, não voes como ave de capoeira!

De fato, há muitas pessoas, cujos horizontes são poucos elevados, seja na dimensão da capacidade, seja na prossecução dos objetivos de vida… e que que tentam derrotar os que lhes fazem mais ou menos obstáculo ou sombra. Quantos e quantas se entretêm a dizer mal dos outros porque não conseguem atingir o que esses tantos conseguiram. Muitas das conversas de café e/ou de telefone são para criticar o que outros/as conseguiram e como que fazem sombra ou ofuscam a mediocridade dos maldizentes…

= Tenho por princípio – sem falsa humildade nem tão pouco sobranceria – que, enquanto falarem de mim (mal, menos bem ou por descuido algum bem), não se ocuparão de outros – deixando, deste modo espaço e oportunidade para que possa, quem maldiga, aprender a perceber que, com essas armas, não se consegue atingir senão os calcanhares de quem dizem mal!

Muito mal iria o nosso mundo se tivéssemos de andar ao ritmo daquilo – tanto no modo como no conteúdo e condicionando a forma – com que nos julgam. Seríamos como que joguetes de interesses alheios e andaríamos ao sabor daquilo que diziam (ou dizem) de nós.

Ninguém está acima de qualquer crítica (positiva ou negativa), mas reger-se por tal critério de maior ou menor aprovação como que seria um condicionamento aviltante e possivelmente vergonhoso.

= Da experiência de subir um pouco acima do espaço (físico ou psicológico) em que nos movemos é e será sempre salutar ao menos para que mais não seja pelo exercício de subir da vulgaridade, criando uma visão de conjunto em situações onde o mergulhar na competição (direta e subjetiva) pode ofuscar a capacidade de discernimento pessoal e alheio. Elevar-se a um patamar de razoabilidade como que nos faz perceber que certas lutas afunilam a nossa capacidade de avaliação e de moderação… racional e mesmo emocional.

= Nos tempos mais recentes tenho procurado abstrair de certas querelas e dalgumas questiúnculas – possivelmente muito importantes para quem nelas se empenha – até mesmo no âmbito do trato com as pessoas e, sobretudo, naquilo que envolve visões muito religiosas. Explicando: há coisas de religião – nem sempre tendo os critérios de cristianismo e muito menos dos valores do Evangelho – que nos podem condicionar as leituras dos factos e das personagens, isto é, quando os sinais de Deus são encobertos pelas sinaléticas humanas e/ou mundanas. Deste modo tomar uma atitude de drone como que (nos) faz relativizar posições inflamadas e enquadrá-las naquilo em ‘vale pelo que vale’ e ‘serve para aquilo que serve’…

Se soubermos discernir segundo critérios verdadeiramente espirituais muitas das coisas tão esquisitas em nós e à nossa volta, tornar-se-ão menos complicadas e terão o valor que têm… nem mais nem menos!

= Numa palavra: o drone é um meio, não um fim. Por isso, saber usá-lo não pode ser desculpa para abordagens menos sérias e tão pouco menos sinceras… De drone nos havemos de entender com bom senso e prudência, já e por agora!       

 

António Sílvio Couto

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