Nos tempos mais recentes
foi introduzido, entre muitos artefactos de controlo e de (possível) invasão da
privacidade – nesse tal equilíbrio entre liberdade e segurança… tão difíceis de
conjugar e de viver – um tal novo adereço a que se dá o nome de ‘drone’… isto
é, uma espécie de pequeno avião não tripulado, mas com câmaras de imagem
suscetíveis de fornecer informações a longa distância…
Não nos vamos pronunciar
sobre o uso ou mesmo abuso de drones na intromissão da vida privada de nada nem
de ninguém, mas antes queremos colocar-nos numa atitude de visão em drone, isto
é, numa visão que se coloca acima das voragens e das intrigas de tantas das
pessoas com que temos de conviver.
= ‘Voar como drone’ quer
tão simplesmente dizer que, por vezes, é preciso elevar-se acima da vulgaridade
de tantas mentes e perante certos comportamentos demasiado rasteiros ou mesmo
rastejantes.
Cito de memória uma frase
de São José Maria Escrivá: se podes voar como ave de rapina, não voes como ave
de capoeira!
De fato, há muitas
pessoas, cujos horizontes são poucos elevados, seja na dimensão da capacidade,
seja na prossecução dos objetivos de vida… e que que tentam derrotar os que
lhes fazem mais ou menos obstáculo ou sombra. Quantos e quantas se entretêm a
dizer mal dos outros porque não conseguem atingir o que esses tantos
conseguiram. Muitas das conversas de café e/ou de telefone são para criticar o
que outros/as conseguiram e como que fazem sombra ou ofuscam a mediocridade dos
maldizentes…
= Tenho por princípio – sem falsa humildade nem tão pouco sobranceria – que, enquanto falarem de mim (mal, menos bem ou por descuido algum bem), não se ocuparão de outros – deixando, deste modo espaço e oportunidade para que possa, quem maldiga, aprender a perceber que, com essas armas, não se consegue atingir senão os calcanhares de quem dizem mal!
Muito mal iria o nosso
mundo se tivéssemos de andar ao ritmo daquilo – tanto no modo como no conteúdo
e condicionando a forma – com que nos julgam. Seríamos como que joguetes de
interesses alheios e andaríamos ao sabor daquilo que diziam (ou dizem) de nós.
Ninguém está acima de
qualquer crítica (positiva ou negativa), mas reger-se por tal critério de maior
ou menor aprovação como que seria um condicionamento aviltante e possivelmente
vergonhoso.
= Da experiência de subir
um pouco acima do espaço (físico ou psicológico) em que nos movemos é e será
sempre salutar ao menos para que mais não seja pelo exercício de subir da
vulgaridade, criando uma visão de conjunto em situações onde o mergulhar na
competição (direta e subjetiva) pode ofuscar a capacidade de discernimento
pessoal e alheio. Elevar-se a um patamar de razoabilidade como que nos faz
perceber que certas lutas afunilam a nossa capacidade de avaliação e de
moderação… racional e mesmo emocional.
= Nos tempos mais
recentes tenho procurado abstrair de certas querelas e dalgumas questiúnculas –
possivelmente muito importantes para quem nelas se empenha – até mesmo no
âmbito do trato com as pessoas e, sobretudo, naquilo que envolve visões muito
religiosas. Explicando: há coisas de religião – nem sempre tendo os critérios
de cristianismo e muito menos dos valores do Evangelho – que nos podem
condicionar as leituras dos factos e das personagens, isto é, quando os sinais
de Deus são encobertos pelas sinaléticas humanas e/ou mundanas. Deste modo
tomar uma atitude de drone como que (nos) faz relativizar posições inflamadas e
enquadrá-las naquilo em ‘vale pelo que vale’ e ‘serve para aquilo que serve’…
Se soubermos discernir
segundo critérios verdadeiramente espirituais muitas das coisas tão esquisitas
em nós e à nossa volta, tornar-se-ão menos complicadas e terão o valor que têm…
nem mais nem menos!
= Numa palavra: o drone é
um meio, não um fim. Por isso, saber usá-lo não pode ser desculpa para
abordagens menos sérias e tão pouco menos sinceras… De drone nos havemos de
entender com bom senso e prudência, já e por agora!
António Sílvio Couto
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