Quando perguntado sobre a
divulgação duns cartazes de propaganda, o entrevistado disse: ‘isso foi uma
aselhice’….quer os factos neles contidos, quer ao difundi-los… atendendo ao
desenvolvimento dos acontecimentos mais recentes… Se é que não continuaremos a
ver mais novidades na aselhice!
Mais do que um
fait-divers deste tempo de verão, aqueles episódios – não fosse grave o momento
social e o futuro que está em jogo – não passariam de anedotas a provocar algum
sorriso. Mas nada disso se pode aceitar, pois se quis (assim pareceu) brincar
com as pessoas envolvidas e, sobretudo, ocupar os espaços publicitários com
outdoors menos adequados à realidade nacional.
= Estamos a pouco mais de
mês e meio das eleições e parece que o nível das discussões, dos argumentos e
mesmo das propostas não subirá muito acima do ridículo…do costume. As romarias
(de gente para ocupar os espaços dos eventos) já começaram. As comezainas já
ocupam o seu tempo e marcam o seu lugar. Entre uns ditos e outros factos se vai
percebendo que o resultado previsto na secretaria (dalgumas televisões e umas
tantas rádios) parece não se ajustar com a realidade do terreno… mesmo que
possa haver sondagens para todos e os demais gostos e feitios… As redes sociais
terão o seu protagonismo, claramente!
= Como sempre o que vai a
juízo é aquilo que foi feito. Foram anos duros e de contenção. Mas os
resultados parecem contrariar as opções de outros que, na Europa, viveram
idênticas condições que nós. Eles apertam agora ainda mais na austeridade e nós
vamos vendo onde poderíamos cair, se fossem seguidas as ideias de certos
mentores ideológicos cá da nossa banda… O corrupio de elogios e de visitas aos
vencedores de lá como que deviam envergonhar agora os seus defensores por cá…
Não somos iguais nem na forma e muito menos no conteúdo!
= A tal sensação de
‘quanto pior melhor’ está a vier novamente à tona das águas turvas e
peçonhentas de certas mentes e consequentes palavras. Há quem conte bastante
com a sua esperteza, mas que continue a esquecer-se da inteligência dos outros…
Vivemos num mundo pluralista, mas nem tudo vale só quando vem dos da nossa cor
ou ideologia. Precisamos de honestidade intelectual e emocional ou tornaremos a
vida política (pública ou privada) num pântano semeado de lacraus e moscas.
= Agora que somos
chamados a avaliar o que foi feito, não podemos tentar continuar a varrer para
debaixo do tapete as incompetências daqueles que nos fizeram viver tão dura
prova… Já foram avaliados nas votações, mas (infelizmente) fazem ainda parte do
problema e, não será por ignorá-los ou evitá-los, que se tornarão solução…
antes pelo contrário. Mal vai um país – e porque não um partido ou uma qualquer
associação ou coletividade! – que tenta esconder (alguns) atores que fizeram a
história. Isso fazia-se em certos regimes e situações de limpeza étnica e
ideológica. A dignidade estará em assumir os erros e aprender com eles… o que
não temos visto em muitos dos intervenientes atuais da nossa vida política e
social.
= De facto, está na hora
de acabar com tanta aselhice, pois de ‘amadores’ só apreciamos aqueles que ‘fazem
porque amam’ as causas a que se entregam. Não podemos continuar a usar as
pessoas só quando nos interessam, mas devemos interessar-nos pelas pessoas que
podemos e devemos ajudar. A ver pelo QI de certos intérpretes da nossa vida
pública, parece que teremos de modificar a tabela de prestação de serviços,
pois em muitos casos o QE não ajuda a conseguir boa execução de provas.
= Temos o que merecemos.
Teremos, então, de investir mais na razoabilidade das aspirações como Nação e
não poderemos querer ser bons na Europa se nos conformamos com a mediocridade
em tantas das situações atuais e futuras. Como dizia o avô ao neto: somos
descendentes dos que ficaram, quando outros saíram à descoberta de novos
mundos… ontem como hoje e no futuro!
António Sílvio Couto
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