Na despedida do programa semanal de comentário – onde esteve mais de dez anos – surgiram três palavras que bem podem ser um programa para a campanha eleitoral do candidato-opinion maker. Como seria de esperar Luís Marques Mendes (LMM) chegou-se à frente e quase já disse ao que vem, usando três palavras-ideias simples, claras e incisivas: ambição, estabilidade e ética. Ele mesmo se encarregou de as explicitar:
* Ambição – porque somos um país de um modo geral conformado, resignado e às vezes até parece deprimido, precisamos de lutar contra esta doença que temos, da pouca ambição;
* Estabilidade – não podemos passar a vida em dissoluções e eleições antecipadas… como acontece no caso da Madeira, compromentendo-se a fazer pontes para conseguir a estabilidade e para evitar crises políticas;
* Ética – uma grande parte dos portugueses está farta dos políticos, dos partidos, da classe política, sendo, por isso, necessário um maior apelo à ética na política para que as pessoas possam voltar a confiar… é necessário dar outra força à ética na vida política.
- Embora devamos exercitar algum distanciamento da opção partidária que segue e guia o emergente e assumido candidato, parece que as três linhas-força que propõe são, além de oportunas, necessárias e podem ser mobilizadoras. Efetivamente somos um país que se desmoraliza com relativa facilidade, indo do ‘oitenta ao oito’, isto é, da euforia à fossa com grande rapidez, como sói dizer-se: passa-se ‘de bestial a besta’ em segundos, caindo por terra todos os feitos mais relevantes e sendo escarafunchados os defeitos mais soezes com toda a banalização. Nota-se, em cada português, uma espécie de espírito de anti-herói sem paralelo nas culturas europeias. Os navegadores dos descobrimentos são enterrados sem honra nem préstimo e nada nem ninguém escapa…
- Desgraçadamente continuamos a ser regidos por interesses mais de facções do que pela valorização do todo e isto gera uma instabilidade atroz, tanto na esfera política como social, desportiva e até religiosa. Somos excessivamene adeptos do contra e não conseguimos despir a camisola do estar na retranca, mesmo que se reconheça que os outros têm mais valor e conseguem fazer melhor do que aqueles com que simpatizamos. Diz-se e com razão que manda mais quem não dá a cara, embora influence as decisões. O subterrâneo –sociedades anónimas e ideológicas, grupos e lóbis económicos e até fações de interesses – consegue mais vitórias do que aqueles que se pronunciam e tomam parte nas decisões…mais ou menos democráticas.
- A tão propalada ‘ética republicana’ como que subjuga e captura a desmobilização nacional. Cada vez mais percebemos que a descrença na política e sobretudo nos políticos está orquestrada para que emerjam os incompetents, como salvadores de uma certa pátria perdida. Com que recorrência vemos que campeiam os cultivadores do ‘quanto-pior-melhor’, pois assim podem enganar com as suas balelas baratas e populistas, sejam de esquerda ou de direita… usam todos os mesmos truques. Por mais que tentem acusar os outros, fazem-no para não se perceba as suas artimanhas, pois os passos são idênticos e os frutos iguais.
= Estas três palavras – ambição, estabilidade e ética – corretamente conjugadas poderão permitir-nos perceber o que esperamos uns dos outros e, particularmente, de quem está na vida política. O tempo que corre não está para ver deixar passar ou mesmo perder as oportunidades sem participar ativamente nas decisões!
António Sílvio Couto
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