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terça-feira, 2 de abril de 2024

Na Páscoa acende-se a esperança?

 


Sorvendo ainda o néctar da vivência pascal, como que somos desafiados a perguntar se a Páscoa – mais espiritual do que culturalmente – acende (ou pode acender) a esperança em cada pessoa e nas instituições humanas do nosso tempo? Com efeito, os dias foram e são mais turbulentos do que as perspetivas atmosféricas, as questões sobrepujam as respostas e as inquietações ultrapassam as certezas.

1. Por estes dias ficamos a conhecer as escolhas para o governo do nosso país: Os vários comentadeiros tentaram escarafunchar os meandros na suspeita, sobretudo porque o primeiro-ministro não fala desde que foram dados os resultados das eleições, a 10 de março. Fazendo jus à opinião contundente logo viram que foi preciso pescar no aquário para constituir o elenco governativo. Nem o curriculum inteletual e científico de muitos dos designados/as foi suficiente para calar as vozes do contra. Lançada a rede aos eurodeputados houve quem visse nesse gesto uma espécie de vendilhagem aos interesses europeus, como se fosse ainda no ‘terreiro do paço’ que as coisas se decidem ou ganham corpo económico... Querem fundos e regalias, mas esquecessem onde eles se negoceiam e conquistam...

2. Coisa grave a complexa é advertência de que estamos em pré-guerra, enquanto vamos cantando e rindo porque as coisas acontecem no norte da Europa. Eis que é lançada para a fogueira da discussão a proposta de dois responsáveis de áreas militares de que é preciso reintroduzir o serviço militar obrigatório... Agora que as defesas foram abaixadas, surge esta solução para defender a Europa no seu conjunto e em cada país/nação. Por momentos como que vimos ruir em catadupa o sucesso e a aparente pacatez desta paz podre, entretida com manifestações de setores ‘trans’. como se isso fosse a questão mais irreversível da humanidade.... De referir que dezasseis dos páises da União Europeia têm serviço militar obrigatório

3. Pasme-se: em dez anos cresceu, de forma aterradora, a criminalidade... em Portugal. Os dados dizem: no ano passado houve cerca de 400 mil crimes. Aponta-se para um índice de mil crimes por dia. Sobretudo na região de Lisboa, as notícias de crimes são quase assustadoras: tiros e facadas, assaltos e violência, emboscadas e apedrejamentos... são alguns dos itens desta faceta de perigo na nossa sociedade. Porque razão se têm de privilegiar notícias de tanta criminalidade nos vários canais televisivos? Que faz esmiuçar esta onda de risco no comportamento social dos nossos dias? Até onde irá este crescimento de mau ambiente entre as pessoas?

4. Um mundo está perigoso, mas quem faz este perigo são as pessoas e o seu comportamento. Talvez se tenha deixado de falar e – sobretudo – de educar para os valores, onde o respeito, a confiança e a atenção aos outros se sobreponham aos interesses individuais, egoístas e quase maquiavélicos, que sejam vencidos pela paz, a vida e a esperança. Nas palavras do Papa Francisco, estes dias, ao falar sobre a ressurreição de Jesus como “a vitória da vida sobre a morte” e “da esperança sobre o desânimo”.

5. De facto, num mundo que vive – como dizia o Papa Bento XVI – como se Deus não existe, corremos o risco de colapsar nesta civilização algo à deriva e sem critérios que não sejam os das tendências da sociedade de consumo, onde o material ganha sobre a dimensão espiritual mínima. Queira Deus que deixemos acender em nós mesmos a luz da esperança e a transmitamos aos outros com coragem e força de testemunho.



António Sílvio Couto

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