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sábado, 18 de julho de 2020

Quando se descobrirá a verdade?


Sem entrar em conjeturas nem em teorias de conspiração, nota-se que vivemos num tempo propício à desconfiança, tanto pessoal como institucional, sem esquecer os labéus lançados por muita da comunicação social – pouco independente – à mistura com esse novo fenómeno das redes (ditas) sociais…onde tudo se diz, mas não é preciso ser verdade nem tem de provar o que é dito!

Bastou um sopro vindo do Oriente e tudo se decompôs de forma volátil, rápida e transversal. Parece que nada nem ninguém esteve, está ou estará a salvo desta onda viral. Mais parece que estamos a sair de uma fita de terror e de ficção do que a lidar com algo racional e entendível. Num instante o que parecia certo passou a estar sob suspeita; o que era sucesso virou pesadelo; o que parecia fazer sentido deixou de ter nexo…Esta onda de perplexidade atingiu tudo e todos, desde os mais simples e crédulos até aos mais responsáveis e colocados nos altos postos decisores.

- Nos últimos dias ouvimos ministros dizerem tudo e o seu contrário daquilo que outro tinha afiançado com toda a convicção… e do chefe nada, nem um pio para qualquer dos lados! A certa altura fica-nos a sensação de que os membros do governo estão não só desfasados da realidade como desconexos com a meta…tais são as tiradas ao acaso, como se de amadorismo se tratasse! Cuidem-se que nos próximos doze meses terão de estar a governar, dado que a seis meses das presidenciais não pode haver legislativas, bem como decorridos mais seis meses não poderemos ser chamados a votos. Mal ou bem, não se fiem nas sondagens – segundo dizem – um tanto favoráveis. Isto é que devia ser discutido e não os projetos de conquista pessoal, que têm emergido no executivo em funções!

- Nas coisas relacionadas com o coronavírus covid-19 percebe-se que, decorridos já cinco meses, ainda não sabemos se podemos ir em frente, se os riscos são menores, se devemos continuar a seguir as indicações dos responsáveis, tais são as soluções imprecisas, avulsas e à deriva. Nota-se que o vírus descoordenou o cérebro de muitos dos intervenientes… Os dados tornados públicos não se acertam com as razões mais simples de conduta. Depois de serem apresentados como não suscetíveis de contágio, os mais novos são agora as vítimas diretas e os difusores de novos contágios. Ainda não compreenderam que não se pode aliviar as rédeas de um povo estruturalmente desobediente? Que falta captar de tão básico para que tenhamos de sentir os aprumos de pessoas quase irresponsáveis em matéria de lidar com a liberdade pessoal e coletiva?

- Em matéria de economia continuamos a viver mais do desenrascanço primário do que da programação atenta, cuidada e previsional. Querem-nos fazer crer que, por estarmos no contexto europeu do consumismo, já temos mentalidade de europeu na qualidade de trabalho, de dedicação ao bem comum ou até de paciência no investimento. Somos daqueles que investem dez e querem ganhar o dobro com metade do esforço, enquanto noutras culturas se investe agora para colher daqui a cinco ou dez anos, passando esse intervalo a cuidar do investimento, não a querer ganhar só porque lançou a semente…é preciso esperar até que possa haver frutos.

- Não será por apetrechar um restaurante com todos os utensílios básicos para cozinhar e ter clientela que se fará do lugar um espaço de sucesso e de grande nome no meio… É isso que estamos a ver na ascensão e queda de tantos dos nossos mais recentes restaurantes em estrados na falência; bastou perigar um pouco nos resultados que bem depressa vimos fechar aquilo que antes era algo de bem-sucedido. Mais uma vez o dito setor de suporte do turismo ruir como montanha construída sobre um monturo de entulho não-sedimentado. Eis que, de repente, se quer fazer da economia o motor de uma sociedade, que está sem bases na saúde. Como sempre a pressa foi má conselheira de governantes, de políticos, de autarcas e mesmo de patrões…pois, não temos classe de empresários.

- Agora que foram suspensas, canceladas ou acertadas a maioria das festas populares e religiosas, valeria pena introduzir o tema nas programações das dioceses e das paróquias, pois este tempo poderia ser propício para ir ao essencial e não nos quedarmos em lamentos, alguns deles sem nexo nem conteúdo. Cuidemos em valorizar o sentido cristão das festas e deixemos a outros os enfeites de distração, por agora retirados. Cuidemos de trazer à luz do dia de forma séria e serena a fundamentação das nossas festas sob a cobertura dos santos. Falemos a verdade uns aos outros, sem subsídios nem manipulações baratas!    

 

António Sílvio Couto

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