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segunda-feira, 13 de abril de 2020

‘Covid-19’ não atinge tanto os pobres ou ataca mais os ricos?


Há frases que ditas de repente podem soar a sem-senso, mas que refletivas poderão despertar algo sobre o qual deveríamos pensar um pouco melhor.

Por estes dias ouvi: ‘este vírus ataca sobretudo os ricos’… americanos, europeus, chineses...deixando de fora uma boa parte da população de África e territórios mais pobres…do Planeta e até do nosso país!

Numa primeira fase de contaminação parece que foram os que mais se movimentaram – para feiras e negócios, para festas e passeios, em razões profissionais – de um lugar para outro, que foram os maiores difusores do vírus…embora colocando esses aspetos sob reserva mental.

Se atendermos às sociedades atingidas pela pandemia podemos considerar que o assunto desencadeado em finais de 2019 – daí a designação de ‘covid’: corona rus disease (doença do coronavírus) e ‘19’ como a data de surgimento, em dezembro do ano passado em Wuhan, na China – ganhou expansão desde o extremo Oriente e não foi levado tão a sério como devia nalguns países, como por exemplo em Itália, Espanha, Estados Unidos da América…

Numa atitude sem precedentes foi decretado um recolher obrigatório – apelidado de confinamento social – na maior parte dos países, uns mais cedo e outros mais tarde. Estes como que pagaram (e continuam a pagar) caro alguma negligência das autoridades, aliadas a comportamentos de risco de parte da população.

Adereços como máscaras e luvas foram largamente difundidos como tentativa de não expandir a doença, tanto quanto se sabe, propagada através das gotículas que são emitidas pela tosse ou ao espirrar, lançadas para o meio ambiente e contaminando superfícies de convivência comum, através das mãos (por isso o uso de luvas) e convívio social (em razão de tal difusão se recomenda o uso de máscaras).

A cadeia de surto de ‘covid-19’ percorreu já várias etapas: preparação (não foi muito levada a sério como risco geral), de resposta – contenção (ainda à distância), contenção alargada (transmissão já na Europa e no nosso país), mitigação (transmissão local, tanto em ambiente fechado como no convívio social) e, por último, a fase de recuperação…onde se poderá verificar o decréscimo fiável da doença. 

= Independentemente da forma como cada um de nós foi reagindo, neste pouco mais de um mês – o primeiro caso registado em Portugal aconteceu a 2 de março – tudo mudou e nem o slogan bacoco – ‘vai ficar udo bem’ – criou melhor ambiente e mais atitude responsável por parte de muita gente. Alguns achavam que isso era só para os outros – veja-se a forma indecente com que foram para a praia ou continuaram a fazer festas como a da ‘mulher’ (no início de março) ou até mesmo festanças do carnaval à mistura com sobrancerias de ignorantes e quase criminosos. As exceções para poder andar na rua – fazer compras, ir à farmácia ou passear o cão – nem sempre foram encaradas com a razoável seriedade, pois os pobres dos animais eram (são) usados como alibis de espertos/as sem consciência. Repara-se nas longas filas do norte para sul desde Lisboa para tentarem romper o estado de emergência… Será isto aceitável? Até onde irá a falta de civismo: se é para todos, também me atinge a mim… 

= Perante os dados conhecidos – há quem diga que, pelo menos, são falsos numa discrepância que pode ir até cinco vezes mais – Portugal tem tido resultados que, embora duros, estão muito abaixo da gravidade de outros países europeus: nalguns dias morriam, em Espanha, Itália ou Grã-Bretanha, mais pessoas do que o máximo total registado do nosso país. Haverá razões para esta ‘proteção’? Será isto resultado de algo que nos envolve ou sustem? Na linha de crença cristã/católica será este um indício da proteção de Nossa Senhora, desde sempre – há quase nove séculos – a nossa mãe e protetora? Isso de estarmos na cauda da Europa não será benéfico e salutar? Dado que só temos uma fronteira terrestre, isso dar-nos-á ascendente sobre outros países europeus? Não será que a nossa pobreza ganha aos pontos os evoluídos do resto do hemisfério norte?

Há quem considere que este mês de abrandamento das atividades económicas, das deslocações em transportes e mesmo de algum recato das pessoas em casa fez mais pela salvaguarda do Planeta do que todas as campanhas e manifestações… Agora ouvem-se os pássaros a chilrear a qualquer hora do dia, a esvoaçar com mais à-vontade. Como sempre em tudo Deus sabe tirar o melhor proveito…

 

António Sílvio Couto

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