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terça-feira, 7 de abril de 2015

Falta-nos chama!


Percorrido o tríduo pascal entramos na vivência do tempo pascal – esse dia de cinquenta dias – deixando-nos conduzir pelo perfume da narrativa do livro dos Atos dos Apóstolos.

Por estes dias fomos como que atordoados com a notícia do fuzilamento de centena e meia de adolescentes e jovens estudantes, no Quénia. A razão foi a de serem cristãos, sendo mortos por um grupo islâmico radical proveniente de outro país… No entanto, foi espantoso ver a forma como celebravam a Páscoa… por entre lágrimas e aleluias!

1. No nosso recanto lusitano fomos vendo mais gente na praia do que nos momentos celebrativos e, mesmo assim, estes são vistos mais como cerimónias do que como momentos de fé.

As notícias foram apresentando mais a espuma da ‘semana santa’ do que o essencial, isto é, os lucros comerciais do que as vivências cristãs… As imagens dos templos são poucas e dessas algumas buscam mais o ridículo do que o marcante do mistério cristão… Até as frases extraídas das homilias dos bispos quase roçam mais o caricato e o social do que a mensagem cristã… séria e serena!

2. A Páscoa tem mais repercussão no sentido das coisas materiais – doces, gastronomia, lazer e convívio – do que nos aspetos religiosos… Saberão porque cabrito, borrego, anho ou cordeiro fazem parte da mesa de Páscoa? Terão a noção das raízes religiosas mais profundas e genuínas?

Talvez haja quem deseje ‘boa páscoa’, mas se fique pelo nível humano e pouco na dimensão religiosa – judaico-cristã – que lhe dá sentido e projeção. O consumismo já ganhou à força espiritual desta data e dos elementos que lhe dão significado e propriedade!

3. Houve momentos – digo-o do espaço onde vivo atualmente – em que as propostas de fé (na via) pública tiveram mais participação dos ‘de fora’ do que dos ‘da casa’, podendo estes colocar em causa aquelas propostas – de procissões ou de tradições cristãs de quaresma – na medida em que se encolhem e como que fogem do compromisso… na rua.

Vi muitos homens – desses que não põem os pés na igreja – a rezar na rua e a benzerem-se. Era de noite e isso deixava-os mais sem filtros e menos medos ou respeitos-humanos…

São dados destes dias: o islamismo crescerá até 2050 – isto é, em trinta cinco anos – mais de setenta por cento em todo o mundo. Na França foi solicitada a autorização para construir para o dobro das mesquitas que estão em funcionamento… tal é o número dos praticantes!

O grande califado já está em marcha. Com facilidade nos conquistará, bastará moderarem a agressividade e a nossa sociedade ocidental e europeia em particular cairá, pois está em adiantado estado de apodrecimento moral, cívico e cultural!

4. Nem mesmo o razoável número dos batizados adultos salva este iminente colapso. Em Setúbal (diocese) foram batizados nesta Páscoa 105 adultos (entre os 20 e os 50 anos)… Mas o que é isto num espaço onde mais de duzentos mil não são batizados!

Urge, por isso, refletir sobre a qualidade humana e espiritual dos que (ainda) temos na Igreja, não aconteça de estarem a engordar com devoções e não a viverem em processo de conversão contínuo. Como podemos contar com quem, na hora dos momentos mais significativos da fé, prefere os lugares de diversão e não os espaços de celebração? Ainda dizem que estamos em crise. Que seria se não estivéssemos!

5. Uma sugestão simples e sincera: devíamos todos – hierarquia, religiosos e leigos – usar este tempo pascal para lermos, atenta e humildemente, o livro dos Atos dos Apóstolos e aí refontalizarmos a nossa fé medíocre e de manutenção. Que o Espírito Santo nos mova a uma maior consciência de sermos Igreja em caminhada… à semelhança dos discípulos de Emaús, tendo uma forte experiência de Jesus Ressuscitado, hoje!

 

António Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)

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