Para este ano de 2015 gostaria que pudessem acontecer quatro grandes
vivências (pessoais e testemunhais): verdade, perdão, lealdade e bênção… numa
sintonia humana e espiritual, onde cada um de nós se possa sentir em dinâmica
de conversão e não de exigência para com os outros.
De fato, estas propostas não são lições para os outros, mas, sobretudo, desejos
para mim mesmo e atitudes desejáveis para os outros, particularmente para os
que me estão mais próximos… seja qual for a instância.
Eis os novos augúrios para este ano:
- Verdade – configuração a
Jesus em humildade, vivendo numa contínua descoberta daquilo que sou e
daqueles/as com quem Deus me permite caminhar. O Espírito da verdade nos
guiará!
Quando vemos reclamar contra a corrupção, não será que deveríamos antes lutar
pela verdade, que é mais de princípios do que uma noção moralista. A verdade
serve, não se serve dos outros. Pela verdade podemos andar de cabeça levantada
e não a tentar disfarçar até que descubram os nossos erros…
- Perdão (dado e recebido…
interior e exterior) – sem nada ter a esconder, pois Deus nos ama e conhece-nos
muito para além do que somos. Na medida em que soubermos dar perdão, seremos
mais divinos e menos mundanos. Perdoar setenta vezes sete!
Como seria diferente o nosso mundo se vivêssemos numa atitude de perdão,
onde cada um de nós assume os seus erros e deles perde perdão a Deus e aos
outros – como será importante não ficar o perdão no foro intimista para com
Deus, pois quem ofendemos são os outros e Deus nos outros! – mesmo que não
tenhamos total consciência de os termos ofendido, podemos magoá-los e feri-los
muito mais do que possa parecer.
Quando vemos tantos relatos de vingança e de criminalidade, por certo será
por vivermos – mesmo no mais íntimo de cada um de nós – numa atitude de orgulho
e de prepotência, onde o egoísmo dos nossos interesses se sobrepõe à atenção fraterna
para com os outros!
- Lealdade (confiança e
sinceridade) – para com Deus e uns para com os outros. Quando se vive na
verdade e se aceita o perdão jorra a sinceridade e vivemos na confiança, tendo
a lealdade como força dinamizadora de toda uma vida…
Não deixa de ser sintomáticos que, nos brasões de armas de várias cidades,
apareça a palavra ‘leal’, como referência à capacidade de estar com as
autoridades do país. Ora, nem sempre vemos as pessoas a serem leais umas para
com as outras. Há quem considere que a lealdade revela maturidade emocional,
vivendo em fidelidade para com os outros.
Quanto vemos a denúncia de casos de traição e de pessoas que abusam da
confiança, talvez tenhamos de ser mais fomentadores de lealdade, começando
pelos que nos são mais próximos, fazendo por eles o que gostaríamos que
fizessem por nós… Parafraseando uma frase com outra palavra diria: lealdade
como lealdade se paga!
- Bênção – ser portador de
bênção faz com que deixemos que a vida divina seja comunicada aos outros, desde
o nosso olhar, passando pelos pensamentos, pelas palavras, pelos gestos… e em toda
uma atitude de vida, querendo que os outros recebam a vida de Deus que nos
invade e possui.
Por estes dias líamos na missa: ‘O
Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te
seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz’
(Nm 6,23-26). Efetiva e afetivamente, como cristãos, somos chamados a sermos
portadores da bênção de Deus, que Ele derramou em nós como verdade e em perdão.
Por isso, temos uma missão neste mundo: levarmos aos outros o que há de melhor
em Deus por Jesus Cristo no Espírito Santo – a sua vida infundida em nós.
Não podemos continuar a sermos difusores da maledicência, da intriga, do
mau-olhado… sendo servos do mal. Temos, pelo contrário, neste novo ano, de
sermos servidores do bendizer, da concórdia e do bom-olhar… Assim o vivamos e
testemunhemos.
António
Sílvio Couto
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