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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Violência doméstica: de quem sobre quem!


Depois do momento teatralizado, no final do congresso do PS, no dia 30 de novembro p.p., em que foram lidos nomes de mulheres vítimas de violência doméstica como que não pude resistir a ter de pensar sobre o assunto… duma forma mais abrangente e não tão afunilada como o tema, por vezes, é referido noticiosamente.

Não há violência de mulheres sobre homens? Nas uniões de natureza (género) homossexual não existem agressões? Os maus tratos aos pais não é também violência doméstica? O descuido (físico, psicológico e emocional) para com os filhos não poderá ser inserido na qualificação de violência doméstica? Porque se pretende reduzir – de forma pública e noticiosa – a violência doméstica só às vítimas mulheres?

= Ora, pelas conversas que temos tido mesmo com profissionais da saúde e pelos desabafos em casos mais ou menos graves que temos ouvido… algo vai muito mal na pretensa redução de ‘violência doméstica’ considerada só sobre as mulheres e na vertente das situações de crime…Há muita coisa obscura e nem sempre visível aos olhos dos outros!

= Pelo que se pode perceber a violência doméstica sobre as mulheres é entendida mais na agressividade e na força com que muitos homens pretendem manifestar ‘poder’ físico sobre a mulher. No entanto, esta, pela arte feminina, é capaz de usar de maior subtileza psicológica sobre o masculino, criando uma sensação de violência mais capciosa e mortífera, senão no conteúdo pelo menos na forma.

Nada disto é irrelevante para o entendimento da violência doméstica, pois, muitas vezes, a prossecução da vida em comum – nos casamentos ou uniões de fato… tanto hetero como homossexual – depende do equilíbrio entre essas tensões e as manifestações de possível carinho e emotividade… até um certo dia!

= Pode não haver claramente violência psicológica, mas podem existir condicionamentos que coartam a capacidade da pessoa (ele) ser quem é. Bastará ver a discrepância cultural – e porque não de instrução, do cargo no trabalho e no respetivo vencimento – entre homem e mulher para perceber que ela pode condicioná-lo pelas razões mais simples e sociais. Este aspeto tenderá a agravar-se no futuro próximo… dado que muitos rapazes, deixando de estudar mais cedo do que elas, estas ocuparão cargos de superioridade diretiva onde eles estarão condicionados ou mesmo subjugados!

= Tanto quanto é percetível, o controlo da natalidade é mais um poder exercido pela mulher do que pelo homem – atendendo a vários fatores… mesmo profissionais – sobretudo quando isto acontece em casais jovens, isto é, com idades até aos trinta e cinco anos, pois a carreira como que suplanta a família e esta pode soçobrar diante das dificuldades económicas e financeiras… até dum novo elemento, que seria um (ou mais) filho/a.

Perante estes sinais de mudança na sociedade e nas pessoas como é que poderemos disfarçar quem violenta quem? Umas vezes a violência reveste a forma de agressividade física, noutras pode aparecer com mutações de índole psicológica, emocional e, por vezes, espiritual. Por isso, reduzir a violência doméstica àquela que exercida pelo homem sobre a mulher poderá ser disfarçar as razões mais profundas do mal-estar e até da criminalidade.

Só na medida em que todos se respeitem e dignifiquem, em que se cuidem e se deixem cuidar, em que se amem a si mesmos mais do que pretendam ser amados… é que muitos sinais de violência – física ou psicológica, moral ou social – serão vencidos com as armas da paz, da ternura e do perdão dado e recebido.

 

António Sílvio Couto

2 comentários:

  1. A nível espiritual a quem estiver sujeito a violência tipo maus olhados e maledicência como por exemplo, pode ser superado quando temos vontade de nos converter em Jesus Cristo? Porque se não ocorre conversão ficamos mais susceptíveis a agressão espiritual deixando o agressor nos influenciar?
    Como se pode resolver isso? Como se procura uma forma de diminuir a agressão espiritual por parte do agressor?

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