Depois
do momento teatralizado, no final do congresso do PS, no dia 30 de novembro
p.p., em que foram lidos nomes de mulheres vítimas de violência doméstica como
que não pude resistir a ter de pensar sobre o assunto… duma forma mais
abrangente e não tão afunilada como o tema, por vezes, é referido
noticiosamente.
Não há
violência de mulheres sobre homens? Nas uniões de natureza (género) homossexual
não existem agressões? Os maus tratos aos pais não é também violência doméstica?
O descuido (físico, psicológico e emocional) para com os filhos não poderá ser
inserido na qualificação de violência doméstica? Porque se pretende reduzir –
de forma pública e noticiosa – a violência doméstica só às vítimas mulheres?
= Ora, pelas
conversas que temos tido mesmo com profissionais da saúde e pelos desabafos em
casos mais ou menos graves que temos ouvido… algo vai muito mal na pretensa
redução de ‘violência doméstica’ considerada só sobre as mulheres e na vertente
das situações de crime…Há muita coisa obscura e nem sempre visível aos olhos dos
outros!
= Pelo
que se pode perceber a violência doméstica sobre as mulheres é entendida mais
na agressividade e na força com que muitos homens pretendem manifestar ‘poder’
físico sobre a mulher. No entanto, esta, pela arte feminina, é capaz de usar de
maior subtileza psicológica sobre o masculino, criando uma sensação de
violência mais capciosa e mortífera, senão no conteúdo pelo menos na forma.
Nada
disto é irrelevante para o entendimento da violência doméstica, pois, muitas
vezes, a prossecução da vida em comum – nos casamentos ou uniões de fato… tanto
hetero como homossexual – depende do equilíbrio entre essas tensões e as
manifestações de possível carinho e emotividade… até um certo dia!
= Pode
não haver claramente violência psicológica, mas podem existir condicionamentos
que coartam a capacidade da pessoa (ele) ser quem é. Bastará ver a discrepância
cultural – e porque não de instrução, do cargo no trabalho e no respetivo
vencimento – entre homem e mulher para perceber que ela pode condicioná-lo
pelas razões mais simples e sociais. Este aspeto tenderá a agravar-se no futuro
próximo… dado que muitos rapazes, deixando de estudar mais cedo do que elas,
estas ocuparão cargos de superioridade diretiva onde eles estarão condicionados
ou mesmo subjugados!
= Tanto
quanto é percetível, o controlo da natalidade é mais um poder exercido pela
mulher do que pelo homem – atendendo a vários fatores… mesmo profissionais –
sobretudo quando isto acontece em casais jovens, isto é, com idades até aos
trinta e cinco anos, pois a carreira como que suplanta a família e esta pode
soçobrar diante das dificuldades económicas e financeiras… até dum novo
elemento, que seria um (ou mais) filho/a.
Perante
estes sinais de mudança na sociedade e nas pessoas como é que poderemos
disfarçar quem violenta quem? Umas vezes a violência reveste a forma de
agressividade física, noutras pode aparecer com mutações de índole psicológica,
emocional e, por vezes, espiritual. Por isso, reduzir a violência doméstica
àquela que exercida pelo homem sobre a mulher poderá ser disfarçar as razões
mais profundas do mal-estar e até da criminalidade.
Só na
medida em que todos se respeitem e dignifiquem, em que se cuidem e se deixem
cuidar, em que se amem a si mesmos mais do que pretendam ser amados… é que
muitos sinais de violência – física ou psicológica, moral ou social – serão
vencidos com as armas da paz, da ternura e do perdão dado e recebido.
António Sílvio Couto
bem observado.
ResponderEliminarA nível espiritual a quem estiver sujeito a violência tipo maus olhados e maledicência como por exemplo, pode ser superado quando temos vontade de nos converter em Jesus Cristo? Porque se não ocorre conversão ficamos mais susceptíveis a agressão espiritual deixando o agressor nos influenciar?
ResponderEliminarComo se pode resolver isso? Como se procura uma forma de diminuir a agressão espiritual por parte do agressor?