Nos
últimos tempos temos visto surgir uma nova vaga de fotografias em calendários.
Anteriormente eram de marcas de pneus, de mulheres mais ou menos despidas e de
empresas que se serviam desses artefactos para atraírem a atenção sobre os seus
produtos. Hoje são iniciativas duma (pretensa) índole solidária, desde
coletividades de socorro até instituições de âmbito social. O filão está aí,
mas que significado terá? O que tem isto de respeito pela pessoa humana? Será
que tudo vale, desde que dê popularidade e lucro?
= Num
mundo tão exposto às luzes dos holofotes e onde as pessoas valem mais pelo que
mostram do que pelo que são de verdade, este fenómeno das fotografias em
calendários pode inserir-se num âmbito geral normalizado, isto é, onde as
pessoas dão (quase) tudo por uns tempos de fama e de visualização da sua
personagem… seja de forma correta, seja de forma inoportuna. Será que isto tem
a ver com a personalidade de cada um ou as novas ocasiões desencadearam um novo
processo de vulgarização da intimidade de cada qual? Será que se perdeu o
sentido do pudor, isto é, do resguardo do mistério de cada pessoa?
= Num
tempo em que se cuida tanto da imagem – sobretudo a que os outros têm ou podem
ter de nós – este fenómeno das fotografias dos calendários como que
consubstancia um estilo de vida e uma conduta mais ou menos tolerada e/ou
pretendida: ver e ser visto, pois, na lógica de algumas pessoas, quem não
aparece, esquece! De fato, o jogo das ‘imagens’ como que condiciona o
comportamento de muitas das pessoas do nosso tempo, criando – como dizia,
recentemente, o Papa Francisco, uma espécie de ‘esquizofrenia existencial’ –
onde cada um só se vê a si mesmo e aos seus interesses… muitos deles mesquinhos
e egoístas.
= Numa
época em que se exalta sobretudo a dimensão do corpo, este fenómeno das
fotografias dos calendários quer, particularmente, realçar uma certa beleza –
masculina, feminina ou, nalguns casos, de género – dentro dum código mais
espartano do que ateniense, isto é, valorizando o corpo físico e não a dimensão
espiritual/intelectual. Há casos em que o retoque das feições fazem com que as
pessoas se tornem quase ridículas, mas, se querem entrar na onda, submetem-se a
duras restrições, desde que seja para aparecer mais bonito/a. Muitas vezes o
modelo em promoção cria perspetivas pouco dignificantes dos intervenientes e dos
promotores…
= Numa
conjuntura socioeconómica um tanto desfavorável não vale tudo para tirar
proveito das debilidades emocionais dos outros, pois muitos dos intérpretes
(bombeiros, voluntários, velhos/as e até padres) são usados como material
descartável até ser conseguido o objetivo de ganhar dinheiro. Com efeito, há
muitas formas das pessoas serem vendidas e ofendidas. Usando um estribilho
habitual: os fins nem sempre justificam os meios! Pois, estes nem sempre têm na
devida conta as pessoas na sua singularidade, mas antes são niveladas por um
certo proveito economicista e consumista.
Diante
destas leituras sobre as fotos de calendário, deixamos breves sugestões:
+ Porque
não se fazem calendários com novas imagens dos santos e santas da Igreja
católica, por exemplo realçando em cada mês um deles? Não podem ser imagens
muito antigas, mas devem ser apelativas a novas formas de testemunho cristão
atualizado e atrativo!
+ Porque
não incentivamos artistas de matriz cristã que nos proponham momentos de oração
– onde se conjuguem mensagem e imagem – diários ou semanais, com fotografias
bonitas e significativas… para nos alimentarem a alma e o espírito? Que não nos
reduzam à santidade enrolada, mas nos proponha dinâmica ‘em saída’ para o mundo
a cristianizar!
+ Porque
não investimos numa espiritualidade saudável e continuamos a recorrer a certas
devoções (já) carunchosas? Há coisas que não funcionam mais… mas outras
precisam de novo espírito e de novos protagonistas!
António Sílvio Couto
Nos tempos de hoje, não devíamos dar relevância ás imagens de calendários…pois em 2014, 12 padres mais atraentes do vaticano fizeram parte de “calendário Romano”, onde sacerdotes bem-parecidos – um para cada mês do ano – posam de batina para a objetiva do fotógrafo Piero Pazzi. A ideia tem sido um sucesso de vendas no Vaticano, segundo o jornal espanhol 'El Mundo'. O almanaque tornou-se num objeto de culto para os gays que visitam a capital italiana. Tem sido mais vendido do que os calendários onde as mulheres despidas são as protagonistas!
ResponderEliminaruma boa sugestão srº Padre Sílvio Couto.
ResponderEliminarBora lá a livraria Paulus comprar calendários oficiais e pode ser que haja lá calendários dos Santos para ensinar a educação cristã.
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