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terça-feira, 28 de maio de 2024

Wokismo - nova vaga ideológica?

 


Na Infopedia dicionários da Porto Editora lemos a seguinte definição descritiva do ‘wokismo’: na política: movimento ou conjunto de pessoas que se mostram conscientes da gravidade das injustiças sociais existentes (nomeadamente no que diz respeito a questões de discriminação e racismo), agindo de forma ativa para as combater; no sentido depreciativo: movimento ou conjunto de pessoas que fomentam o politicamente correto e a cultura de cancelamento ao defenderem propostas irrazoáveis ou extremistas a partir de uma posição de superioridade moral».

Dado que se vai falando deste ‘conceito’ político/ideológico/social de ‘wokismo’, poderá ser útil irmos à procura das suas origens e influências, mentores e seguidores, tendências e objetivos.

1. De que se trata, quando vemos usado o termo ‘woke’ na comunicação social e nos debates políticos?
A forma ‘woke’ é o passado simples do verbo ‘wake’ – «acordar» – e uma variante do respetivo participio passado, que pode ser ‘waked’ e ‘woken’, e que mais recentemente passou a ter uso adjetivado com o significado de estar consciente sobre temas sociais e políticos, especialmente o racismo.
No final da década de 2010, ‘woke’ foi adotado como uma gíria mais genérica, amplamente associada a políticas identitárias, causas socialmente liberais, feminismo, ativismo LGBT e questões culturais (com os termos ‘woke culture’ e ‘woke politics’ também a serem usados).
Segundo um filósofo francês (Rémi Brague), o ‘wokismo’ será uma ideologia que, em nome da justiça social, pretende cancelar, multar e calar qualquer argumento contrário, levando ‘a confessar culpas [e] nunca receber absolvição’.

2. Sinais (já visíveis) da influência do ‘wokismo’
Quem não se lembra de propostas em que, segundo os mentores ‘wokistas’, se devem corrigir expressões culturais ou mesmo substituir palavras Segundo as suas ideias. Por exemplo a proposta de encobrir a estátua de David de Miguel Ângelo, na medida em podia ser escandalosa para certas mentes.
Expurgar textos de autores consagrados onde se possam encontrar expressões entendidas, hoje, como racistas ou que podem suscitar algo parecido a xenófobo ou talvez homofóbico...Isto seria uma forma de concretizar a ‘cultura do cancelamento’ quanto a situações ou momentos (até) históricos que não se coadunariam com a mentalidade ‘wokista’. Esta enche a boca com palavras como ‘tolerância’, mas depois apelidam os que não pensam como eles de ‘fanáticos’, ‘radicais’ e outros termos afins.
Esta mentalidade – num progressivo processo de mentalização – foi criando a tendência para que há piadas que já não se podem contar, há coisas que já não se podem dizer, há roupas que já não se podem vestir, há livros que já não se podem ler, há palavras que já não se podem usar...tudo em respeito pela liberdade deles e não dos que não pensam nem agem como eles.
Esta narrativa wokista é, fundamentalmente, de esquerda, pois as ‘não-esquerdas’, normalmente, têm outras coisas para discutir para o país do que isso de ‘alterar’ as obras literárias, as casas de banho sem género, de defender uma linguagem neutra, de incentivar o desaparecimento dos monumentos históricos, a destruição de pinturas e de obras de arte de outros tempos…

3. Não estaremos sob uma ‘hipnose de massas’?
Segundo alguns autores, que se têm debruçado sobre este assunto com atenção, parece que vivemos numa espécie de ‘hipnose de massas’: uma longa nuvem cobre quem discorda e uma luz excelsa brilha sobre quem propõe estas ideias ‘livres’, mas subtilmente manipuladoras...
Nota-se uma razoável máquina de propaganda do ‘wokismo’, nalguns casos tão bem disfarçada em que certas manifestações pró-palestinianas parecem enfermar desta doença contagiosa. As vozes altissonantes contra os valores cristãos – da vida, da ética, da família – não conseguem dissimular totalmente quem comanda algumas tomadas de posição fora da conta-corrente dos ‘wokistas’...
É preciso despertar do sono em que nos têm embalado, senão mesmo narcortizado!



António Sílvio Couto

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