Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



terça-feira, 14 de maio de 2024

Aurora boreal – fenómeno ou sinal?

 

Por estes dias temos ouvido falar e fomos vendo imagens de um fenómeno designado de ‘aurora boreal’, que é caraterizado pela formação de luzes coloridas no céu. A ocorrência deste fenómeno está ligada à interação entre os ventos solares e elementos químicos, especialmente na camada da atmosfera chamada de termosfera. A ‘aurora boreal’ ocorre somente no Hemisfério Norte do planeta, enquanto esse mesmo fenómeno é desigando de ‘aurora austral’, quando ocorre em localidades do extremo sul do Hemisfério Sul.


1. O nome de ‘aurora boreal’ foi ‘batizado’ por Galileu, já em 1616, em em referência à deusa romana do amanhecer, Aurora, e Bóreas, deus grego, representante dos ventos nortes. A ocorrência deste fenómeno depende da atividade das fulgurações solares. Por seu turno a designação de ‘aurora austral’ foi cunhada por James Cook, numa referência direta ao fato de estar ao Sul.

2. As explicações tão científicas que temos ouvido serão assim credíveis na mentalidade mais popular? Não haverá – mesmo que forma difusa – outras leituras sobre este fenómeno da ‘aurora boreal’? Atendendo a outras situações em que este fenómeno foi percetível, poderemos ser induzidos em apreciações mais ou menos tétricas? Por que será que isto foi visto e falado na proximidade à celebração do ‘13 de maio’? Tendo em conta outras narrativas do passado, este fenómeno poderá envolver algo de sinal, para crentes ou não crédulos?

3. Este fenómeno foi observado noutros locais do planeta, havendo relatos de tal acontecimento em diferentes países. Quanto a Portugal, esta não foi a única ocasião em que se pôde observar uma aurora boreal. Ao longo do século XIX, encontramos documentados treze relatos, entre 8 de fevereiro de 1817 e 7 de julho de 1872. Quanto aos registos no séc. XX, existem dois registos de tal acontecimento- a 25 de janeiro de 1938 e a 21 de janeiro de 1957.

4. Fixemos a atenção em ecos sobre o relato da ‘aurora boreal’ de 1938.
Em 25 de janeiro de 1938, uma grande luz iluminou os céus da Europa, como uma ‘aurora boreal’ incomum, vista em latitudes onde isso normalmente isso não ocorria. Muitos interpretaram aquelas luzes como o anúncio da proximidade daquela “pior” guerra que se avizinhava, a maior já vista pela humanidade até então. Não podemos deixar de referir que alguns mais atrevidos na leitura das coisas misteriosas viram naquela ‘aurora boreal’ de 1938 um aviso do Céu quanto ao que estava a acontecer – guerra civil espanhola – e dois anos mais tarde eclodiu a segunda guerra mundial.
Alguns setores mais restritivos – dentro e fora do contexto católico – leram nesse tempo um aviso celeste enquadrado na ‘mensagem de Nossa Senhora em Fátima’ e quanto à difusão dos erros do comunismo, a partir da Rússia...ontem como hoje.

5. Agora que ainda não digerimos totalmente estes dias de ‘aurora boreal’ talvez seja necessário incluir nas interpretações, para além das explicações científicas mais simples ou mesmo cientifistas, as nossas observações pelo vetor da fé e do questionamento daquilo que Deus nos quer dizer, ultrapassando o mero espetáculo audiovisual. Estamos num tempo onde ‘se vive como se Deus não existisse’ – dizia-nos o Papa Bento XVI, em repetidas situações – e, por vezes, parece mais fácil ficar-se pela espuma das coisas do que tentar entrar mais a fundo na compreensão dos sinais de Deus na história dos humanos.

6. Mais do que difundir medos e de entrarmos em leituras tenebrosas, importa ser capaz de gerir as expetativas da presença de Deus nos acontecimentos pessoais e familiares, nacionais e internacionais, por entre luzes e sombras, alegrias e esperanças, tristezas e angústias dos homens de hoje...



António Sílvio Couto

Sem comentários:

Enviar um comentário