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terça-feira, 21 de maio de 2024

‘Expo 98’ foi há 26 anos

 

No dia 22 de maio de 1998 abriram as portas da grande ‘Exposição internacional de Lisboa’, sob o tema - Os oceanos: um património com futuro... Decorreu até 30 de setembro desse mesmo ano e pretendeu comemorar os 500 anos dos descobrimentos portugueses. A data de ‘22 de maio’ quis assinalar a chegada de Vasco da Gama à Índia, em 1498. Em conexão com esta obra de grande significado (económico, urbanístico, ambiental e cultural) para aquela zona oriental de Lisboa, tinha sido inaugurada a Ponte Vasco da Gama, a 28 de março desse mesmo ano.

1. Eu tinha chegado poucos meses antes (outubro de 1997) a esta zona do país, na designada margem sul e foi com interesse e estupefacção que fui vendo tantas das modificações ainda percetíveis passados estes anos. Fervilhava a expetativa sobre quanto poderia ser a ‘Expo 98’, mesmo na vertente socio-religiosa, caminhávamos para a celebração do ‘Jubileu do ano 2000’ e sentia-se a necessidade de viver este marco histórico com novo vigor. Na Diocese de Setúbal estava-se a dar a passagem do primeiro bispo (depois de vinte e dois anos de pontificado) para o segundo que lhe sucedeu, nas palavras do primeiro: é sempre complicado substituir um vivo! Em breve ocorreriam os vinte e cinco anos de criação da diocese (16 de julho de 2000) e o clero era constituído por padres mais velhos (com experiência e sensibilidade à mudança acontecida) do tempo do patriarcado de Lisboa e alguns outros procedentes de outras dioceses, mas com poucas vocações oriundas do espaço entre o Tejo e o Sado. Parecia haver encanto, mas sob reserva quanto ao futuro a curto e a médio prazo...

2. Do lado norte do Tejo fervilhou, nesse verão, a Expo 98 com um total de onze milhões de visitantes, que tiveram a possibilidade de acesso a cerca de cinco mil eventos musicais, visitando pavilhões temáticos (do Futuro, da Realidade Virtual, da Utopia, de Portugal, do Conhecimento dos Mares, dos Oceanos, do Território, da Água) ou os pavilhões das centenas de países participantes. A título de exemplo vejamos os custos de ingresso, segundo as diversas modalidades: de um dia (5.000$00 - 25 euros), três dias (12.500$00 - 62,35 euros) e bilhetes diários apenas para a parte da noite (2500$00 - 12,50 euros). Existia também um passe livre com acesso ilimitado à exposição durante três meses (50.000$00 - 250 euros).

3. Arquitetonicamente, a Expo/98 revolucionou aquela parte da cidade onde foi instalada e influenciou as estratégias de requalificação urbana do panorama português - de alguma pode dizer-se que o ‘Parque das Nações’ - designação atual do espaço ocupado pela Expo/98 - é um exemplo de requalificação bem-sucedida dum espaço urbano.
A zona oriental de Lisboa é hoje uma espécie de um bairro mais moderno da cidade, concentrando áreas comerciais, culturais e de lazer com uma vista privilegiada do rio Tejo. A zona atraiu uma série de instituições e de empresas de grande nome, que aí basearam as suas sedes ou representações... Cerca de 28 mil pessoas habitam nas suas áreas residenciais Norte e Sul, integrando a freguesia do Parque das Nações e incluindo uma nova paróquia, a de Nossa Senhora dos Navegantes.

4. Diante do ‘sucesso’ relativo da Expo/98, mesmo que tendo ficado aquém dos quinze milhões de visitantes esperados e do prejuízo das obras - embora recuperado com com a venda de espaços para habitação e escritórios, verificou-se - segundo dados publicados, que, no fim do processo de venda de terrenos, as receitas terão superado o custo da exposição em oito vezes.
Contrariamente ao que aconteceu na exposição internacional anterior em Sevilha, em 1992, soubemos prevenir e corrigir aspetos que nos permitem, ainda hoje, visitar, passear e usufruir, mesmo para toda a população de uma iniciativa que aconteceu há vinte e seis anos atrás, tendo o rio Tejo como parceiro e não como mero cenário!



António Sílvio Couto

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