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terça-feira, 19 de março de 2024

S. José – dia do pai: desapertar o coração

 


«Olhando para o mundo hodierno, verificamos que é já um lugar comum reconhecer o enfraquecimento das relações dentro e fora da família. Estamos submetidos ao império da tecnologia, da informática, da inteligência artificial. Perdemos o sentido de viver em comum e contentamo-nos com relações protocolares e vazias de significado. Tornamo-nos frios e distantes, mesmo que a viver lado a lado ou comendo à mesma mesa. Parecemos ilhas ou bolhas fechadas, no mundo de um egoísmo despótico e desprezador onde o “essencial é invisível aos olhos”. Faltam-nos presenças, palavras, carinho, ternura, compaixão, em suma, gestos que mostrem sem-vergonha nem complexos que nos queremos verdadeiramente bem pois nos amamos apaixonadamente e sem receio de o mostrar e manifestar».

Este excerto da mensagem para o ‘Dia do Pai’, da Comissão Episcopal do Laicado e Família, sob o título: despertar o coração.

1. Por ocasião da celebração litúrgica de São José – mesmo ou até em tempo da quaresma – somos chamados a parar sobre esta realidade humana e espiritual do ‘ser pai’. Embora se pretenda dizer, em certos meios e para algumas correntes, que o pai está em crise, ele continua a ser uma referência de todos e para todos, sobretudo dos que se dizem (e procuram ser) cristãos.

2. Perante uma certa orfandade mais ou menos psicológica, substituída por terminologias de duvidosa qualidade, como é a de ‘ideologia de género’, usando ‘progenitor a’ ou progenitor b’, faltará um razoável equilíbrio nos descendentes, se lhe for capturada a presença do pai ou agravada pelo menos boa função de algum em concreto. Certas disfunções – na linguagem mais clássica – de pai não podem ser apresentadas como modelo de nenhum projeto educativo, que tenha por base a inter-comunhão de gerações e o diálogo necessário de todos com todos.

3. Por muito qualificada que seja a educação dada só pela mãe, a ausência do pai trará consequências que emergirão em certas fases do desenvolvimento dos filhos. As famílias monoparentais são um remendo, nunca uma solução. Que dizer dos ‘órfãos de pai vivo’, mas que não prestam atenção aos filhos?

4. Não será inocente a propagação de certas notícias que aviltam a figura e a função de pai: a dita violência doméstica pode criar maior insegurança nos filhos e deixá-los à deriva, sobretudo em idades que precisam de referências e de presença. Como se diz na mensagem da comissão episcopal: ”Sendo “pai”, o agir com o coração pode exigir maior presença silenciosa e despretensiosa que estimula, sem impor relacionamentos. Tudo muito mais sereno e calmo, mais positivo e propositado, feito de sinais que nada pretendem nem esperam”.

5. Ninguém duvida que muitos pais precisam de desapertar o seu coração para amarem com ternura e simplicidade os seus filhos e filhas. Precisamos de pais que se emocionam e que choram com os filhos e pelos filhos, seja qual for a idade ou as circunstâncias. Se não chorarem com eles poderão vir a chorar por eles. Temos São José por modelo e ajuda...



António Sílvio Couto

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