Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



terça-feira, 12 de março de 2024

CHEGA - Como Havemos de Entender Grande Aluvião?

 

O dia 10 de março vai passar a constar nas datas significativas da política portuguesa, pois, no ano de 2024, deu-se um forte aluvião sócio-político, quando um partido conseguiu mais de um milhão de votos de forma transversal por todo o país. O que explica que um partido, aceite pelo Tribunal Constitucional em 2019, ano em que elegeu um deputado com 1,29% (67.826 votos); nas legislativas de 2022 conseguiu 12 deputados, com 7,18% (399.510 votos); em 2024, 1.108.764 de votos (18,06%), conseguindo eleger 48 deputados, em todos os círculos eleitorais, à exceção de Bragança?

Este aluvião político chama-se ‘Chega’ e reclama-se de direita, enquanto outros o designam de extrema-direita radical. Embora possa ser visto como um partido unipessoal, pois só o chefe-presidente-fundador brilha e é atacado sem apelo nem desagravo pelos outros concorrentes partidários, a maioria da comunicação social e a quas totalidade dos comentadores, que o diabolizam, não se sabe por medo se por respeito ou, sei lá, por desdém mal digerido. De referir que André Ventura candidatou-se às eleições presidenciais de 2021, tendo conseguido 11,9% (496.773 de votos).

1. Estamos perante algo de alcance social, político e mesmo cultural que nos deve fazer refletir a todos, pois, em Portugal, não podemos reduzir tudo a chavões mais ou menos ideológicos eivados e promovidos por forças que só entendem a sua linguagem e acarinham, preferencialmente, os que são da sua simpatia.
Por uma questão de princípio declaro que não me revejo na leitura, nas propsoats e tão pouco nos métodos deste partido recém-elevado aos píncaros do sucesso...

2. Há temas e questões que foram trazidos à vida pública, por esta formação partidária, que merecem não ser neglienciados ou estaremos a considerar desrespeitosamente quem nele votou, seja como forma de protesto, como afirmação das suas posições ou até mesmo dando a entender que todos contam de forma igual e não há cidadãos mais importantes do que outros só porque pensam de forma diferente de certas maiorias de conveniência...

3. Estamos a iniciar uma nova etapa da nossa democracia, cinquenta anos depois: os eflúvios marxistas que pontificaram durante bastante tempo nota-se que umas tantas esmorecem e, nalguns casos, quase se extinguem. Apesar de serem forças barulhentas - na rua e na comunicação social - precisam de aprender a interpretar os momentos em que já não representam a maioria sociológica.

4. Como sempre é necessário respeitar os outros, mesmo que sejam derrotados. Com efeito, é na vitória que se conhece o estofo moral dos vencedores, mesmo no trato para com os vencidos. Cada vez mais os ciclos políticos são de curta duração e torna-se essencial aprender nas derrotas como fazer destas algo que possa propulsar para outras vitórias. Nitidamente a partir de 10 de março os métodos, os conceitos, as questões e as propostas de todos quantos se pretendam apresentar a serem escurtinados em eleições têm de ser revistos. Ninguém pode dar lições a ninguém, antes todos devem aprender com tantos erros e potenciar algumas das possibilidades atuais e futuras.

6. Mesmo que forma não pretensiosa citamos as Sagradas Escrituras: «Há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: tempo para nascer e tempo para morrer; tempo para plantar e tempo para colher; tempo para matar e tempo para curar; tempo para destruir e tempo para construir de novo; tempo para chorar e tempo para rir; tempo para ficar triste e tempo para dançar de alegria; tempo para espalhar pedras e tempo para ajuntar pedras; tempo para abraçar e tempo para deixar de abraçar; tempo para procurar e tempo para perder; tempo para guardar e tempo para jogar fora; tempo para rasgar e tempo para costurar; tempo para calar e tempo para falar; tempo para amar e tempo para odiar; tempo para lutar e tempo para viver em paz» (Ecl 3,1-8).



António Sílvio Couto

Sem comentários:

Enviar um comentário