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quarta-feira, 6 de março de 2024

Apesar de tudo, voto sempre no mesmo

 

Na razoável lista de eleições a que fui chamado a votar, votei sempre no mesmo, desde as legislativas (normais ou antecipadas) até às europeias, das autárquicas até às presidenciais, sem esquecer os referendos. Claro que não vou nem devo dizer em quem, mas a minha escolha é única, mesmo quando os candidatos a sufragar não fossem os melhores. Vivi vitórias e derrotas, senti alegrias e deceções, pude sentir esperança no futuro e, noutros casos, alguma desilusão mais ou menos prolongada.

Os dias de ‘campanha eleitoral’ não passam de etapas de um certo folclore eivado de mentiras (mais ou menos subtis) e de propostas (promessas) inexequíveis.

1. Vejamos algumas questões quase intemporais – as eleições não esgotam, antes agudizam que haja modos diferentes de fazer – sobre a temática eleitoral:
- Slogans - alguns com quase cinquenta anos - como estes: Voto a arma do povo; votar - um direito, um dever; não deixei que outros escolham por si, vote; as ‘urnas’ são as verdadeiras sondagens;
- Ideias/sugestões possíveis: incrementar o voto obrigatório; penalizar (nas regalias sociais e de segurança social) quem não vota;
- Desafios para salvaguardar e revigorar a (dita) democracia: mudar o sistema eleitoral, vinculando eleitos e eleitores; ter a coragem de fazer de forma diferente o compromisso político geral e particular, mesmo através da forma de votar, como ‘voto eletrónico’ e outras formas que favoreçam a participação dos cidadãos.

2. Votar exige esclarecimento e não se pode quedar pela mera manifestação de exercer este direito quando se é chamado a fazê-lo. A cultura cívica é algo que nunca está acabada, antes tem de se acertar com novos critérios de esclarecimento e de escolha. A oscilação de tantos votantes de um para outro ato eleitoral dever-nos-ia inquietar, pois querer uma coisa agora e outra amanhã, ou divergir – nalgumas situações de forma contraditória – hoje do que pensava ontem não será abonatório de quem assim procede... mesmo que tente apresentar as ‘suas’ razões.

3. Seja qual for o resultado das eleições de 10 de março, continuaremos a ser mal servidos pelos concorrentes em disputa. De facto, a qualidade humana e cultural tem vindo a decrescer e o país caminha a olhos vistos para ser conduzido ou governado por figuras de terceira linha no conspeto nacional. Faltam-nos personagens que se dediquem ao bem comum por vocação e não por mero interesse. Escasseiam pessoas que põe ao serviço dos outros as qualidades e dons com que foram abençoados por Deus. A religião dos medíocres medra com tal fulgor que, em breve, teremos dificuldade em escolher quem seja colocado à frente das instituições…

4. Muitos dos que ainda andam na vida pública (política) enfermam de uma doença infeto-contagiosa: falam usando uma linguagem que só eles percebem, com termos arrevesados e em conceitos não-entendidos por todos. A onda de comunicação como que se fixou em pequenos clichés que é preciso saber desmontar para que chegue à população. Acima de tudo falta credibilidade nas palavras e nos atos, hoje como ontem.

5. É fundamental para o nosso futuro coletivo que, recolhidas as garras de uns contra os outros, se criem pontes com capacidade de envolver todos os cidadãos na vida da Nação. Basta de enfatizar as diferenças, pelo contrário, precisamos de aproveitar as faculdades de todos para sermos um país com futuro na Europa e no resto do mundo. Há coisas que só a vida ensina. Deixemo-nos conduzir pelas causas mais simples e mobilizadoras… o resto só serve para distrair!



6. A razão vencerá, mesmo que pareça que perdeu! Um país sinfonia cresce e avança…



António Sílvio Couto

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