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segunda-feira, 15 de junho de 2020

Limpeza para o ‘sem-memória’?


As notícias estão aí. As imagens, mesmo que vistas de um ângulo que mais interesse, querem mostrar. À boleia das (pretensas) manifestações antirracismo vemos serem derrubadas estátuas, pichados monumentos, grafitados espaços públicos e privados…abatendo sinais daquilo que uns tantos rotulam de neocolonização.

Dando crédito àquilo que tem sido dito, mostrado ou intentado, há notícias de pasmar: a remoção dos sinais estatuários de fundadores de cidades (o nome é o desse cidadão); o ataque a figuras de outras épocas que agora são ‘lidas’ como enquadradas no conceito atual de racismo; mas de todos o mais eloquente sinal da confusão que estamos a viver é a da remoção preventiva da estátua do fundador do escutismo – Baden Powell – ‘acusado’ como possível colaboracionista com o regime nazi… 

= A quem interessa este ambiente de efervescência mal explicada e muito menos compreensível? Como poderemos acreditar em quem manobra tudo isto, se os mentores e fautores sem escondem por detrás de máscaras abjetas que os encobrem? Não deveria ser minimamente questionável esta articulação no vandalismo destruidor? Onde está o filtro dissuasor de propagação destas notícias incendiárias, por parte da comunicação social? Não será esta, um dos veículos privilegiados para difundir este clima de ‘quanto-pior-melhor’? Por onde andam as autoridades neste tempo conturbado: meteram férias ou hibernaram na sua incompetência assolapada? Os nossos papagaios nacionais de serviço – no governo, na presidência, na oposição ou na comentarice barata e encomendada – fecharam a matraca com medo, com conivência ou por estratégia de colherem os frutos, quando tudo se aquietar? Os responsáveis eclesiais não se preocupam com aquilo que estamos a viver? Em breve poderemos – todos: chefes e mandados – ter de responder por cobardia, por fuga ou por negligência…   

= Atendendo aos ‘factos’ recentemente vividos, temo que as figurações coletivas e públicas daquilo que cheire a evangelização – a difusão da mensagem do evangelho entre os vários povos, culturas, países e nações – e aos seus autores – representados em estátuas e monumentos: veja-se o que aconteceu ao Padre António Vieira, no centro de Lisboa – poderão ser ultrajados, vilipendiados e mesmo questionados pelas mais diversas forças…mesmo por essas que agora conveniente e ardilosamente se escondem nestes protestos e incentivam a destruição… Não acredito numa palavra de certos atores partidários, pois, já noutros momentos, vestiram esta pele de julgadores, de manipuladores e de andarem armados de camartelo… antirreligioso e, sobretudo, anticristão. 

= Em certos locais de maior tensão, onde as estátuas e os monumentos – dos apelidados colonialistas e racistas – corriam risco de serem vandalizados, surgiram equipas de vigilância – em certas notícias houve a necessidade de lhes colocar o rótulo de serem de extrema-direita – para que não acontecesse o menos possível de desagradável. Por breves instantes saiu do confinamento ideológico quem poderá estar na base de tais ‘manifestações culturais’. Com efeito, não seria necessário exprimir a repulsa se, do outro lado, não estivessem antagonistas com quem têm mau relacionamento. 

= Sem mais delongas gostaria de colocar algumas questões que me incomodam e fazem pensar no futuro sombrio da nossa cultura. A quem interessa fazer esta limpeza para reduzir ao sem-memória? Quem se considera tão impecável, não pretende limpar os engulhos da história, querendo relê-la com critérios ideológico dos nossos tempos? A limpeza de fotografias de certos que caíram na desgraça não era o método soviético, onde alguns parece que foram educados? Porque teriam agora de nos virem impor o sistema ao nível dos monumentos, das estátuas e dos edifícios?  

= O racismo pode inverter-se na injustiça, na imoralidade e na prática de crimes contra a Humanidade, ontem como hoje. Não quero contribuir para essa ignomínia, nunca.

Será que os cristãos ainda se unirão em defesa dos seus santos, mártires e heróis? 

 

António Sílvio Couto

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