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sexta-feira, 12 de junho de 2020

25 de abril, 1 de maio, 10 de junho - - casos, diferenças, projeções…




Vivemos, recentemente, uma sequência de datas significativas para a nossa identidade nacional, começando pelo fim: ‘10 de junho’ – dia de Portugal, de Camões e das comunidades (já teve outras designações); 1.º de maio – dia do trabalhador; 25 de abril – dia da liberdade.

Todas estas datas tiveram algo em comum: foram vivenciadas em contexto de pandemia do coronavírus ‘covid-19’, com tudo quanto isto trouxe de alteração à ordem pública e as respetivas formas de tratarmos tais efemérides, onde cada um pode dar-lhe a importância que conseguiu ou foi capaz.

Há, no entanto, algumas diferenças no modo e pela atitude com que foram tais datas comemoradas pelas forças políticas e sociais, sem esquecer a participação ou não dos cidadãos.

Assim, o ’25 de abril’ teve por palco o Parlamento com algumas dezenas de deputados e uns tantos convidados… Não podemos esquecer que estávamos, ao tempo, no olho do furação da pandemia e as atitudes foram algo controversas e até contraditórias, embora mais ou menos conciliadoras. Por seu turno, o ‘1.º de maio’ trouxe à flor da pele algo que fez considerar que, mesmo contrariados, temos portugueses com categorias diferenciadas, se bem que as ditas democráticas, talvez um tanto abusivas e de alguma superioridade por parte dos intervenientes: milhares à solta e infringindo as regras ditadas pelas autoridades. Por outro lado, o ’10 de junho’ recebeu um tratamento minimalista com menos de uma dezena de participantes e com cuidados ultrarrigorosos e quase desmedidos. 

= Quais as razões de tantas discrepâncias, se estamos na mesma configuração de pandemia e com restrições bastante acentuadas? O dito distanciamento sanitário não obriga a todos de forma igual? Até que ponto vivemos num país onde há igualdade de deveres sem exclusão de direitos? Poderemos considerar que os organizadores das várias efemérides tiveram responsabilidades diferentes perante as circunstâncias diversas? Onde situar, no espetro da cidadania geral, o modo como cada uma destas datas foram propostas, vividas e transmitidas? 

= Dá a impressão que nos falta ainda um longo caminho a percorrermos até chegarmos à consciência de que já não há ‘classes sociais’…no país. Com efeito, precisamos urgentemente de fazer uma reeducação para a cidadania, onde os políticos se apercebam que ninguém os nomeou donos da (pretensa) democracia e tão pouco senhores das exceções às leis que eles mesmos aprovaram. Isto já para não falarmos da apropriação indevida de certas datas, onde algum esquerdismo se considera capaz de amedrontar quem não pense à sua maneira nem se revê nas suas atitudes.

Ora, pelos factos ocorridos depois da primeira data que apontamos, já deveriam ter percebido que as maiorias mudam e os senhores são apeados do poder, devendo respeitar a alternância e quem vota. Deste modo nos poderemos aperceber que aquilo que hoje é mando, amanhã poderá ser derrota e quando se está elevado se vê melhor as falhas dos executantes… Por agora já vemos tantas contradições e não conseguimos a incapacidade de captarem as lições que o passado lhe deveria ter dado… 

= A avaliarmos pelas discrepâncias como foram vivenciadas aquelas datas bem poderemos acreditar que o futuro não nos reserva nada de risonho, pelo contrário, uma longa maioria silenciosa se revelará em breve, destronando quem se tem aproveitado dos medos decorrentes desta pandemia!      

 

António Sílvio Couto

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