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sexta-feira, 12 de abril de 2019

No faroeste da pseudomoralidade


Mais uma vez se está a cumprir o ritual: por ocasião da semana santa – Páscoa, surgem na comunicação social ‘factos’, insinuações, episódios, conjeturas, acusações, suspeitas sobre Jesus Cristo – a sua pessoa e o seu mistério – e sobre a Igreja…sobretudo na vertente católica, particularmente dos seus ministros, seja qual for a instância, serviço ou ministério.

Por outro lado, recorrentemente vemos aparecerem no espetro nacional (e não só), uns certos caçadores de prémios – qual faroeste da (dita) sociedade ocidental – a reclamarem prémios de terem descoberto prevaricadores duma tal moralidade que os denunciantes nem praticam. Por agora emergiu uma tal publicação on-line a farejar temas que possam dar-lhe protagonismo sem terem de investir na impressão das suas impressões – que, por vezes, mais parecem imprecisões – com larga difusão dos seus ímpetos pagos a bom preço. Os cartazes com ‘procura-se’ já não são afixados nas paredes dos cafés ou nos lugares de divulgação, mas surgem nas páginas da internet, nos rascunhos do facebook ou mesmo nas partilhas das redes sociais… Aí se pode ver e dizer de quase tudo, desde que o denunciante se esconda sob um anonimato cobarde ou camuflado de anti-herói sem caráter… Isto já para não falar das denúncias anónimas de ressabiados por não conseguirem atingir os patamares dos acusados, julgados e condenados na praça pública sem culpa formada nem qualquer julgamento…   

= Paremos aqui diante desta campanha de moralismo sem ética. Vejamos como funcionam os mecanismos de conquista e as delongas de insinuação. Comparemos atitudes de setores e, com verdade, cuidemos de analisar aquilo que faz correr tanta gente…em ziguezague para não ser atingida com as avaliações mais exigentes, atentas e sensatas.

Desde há alguns anos a esta parte a Igreja católica, na pessoa dos três últimos papas, tem vindo a reconhecer erros, lacunas e pecados, dos quais tem vindo a pedir perdão – quantas vezes o fez o Papa João, antes e depois do jubileu do ano 2000 – a reconhecer as suas falhas e faltas, denunciando, de forma ousada, os prevaricadores, e afastando mesmo os que podem ter feito escândalo…

Alguma instituição fez isto como a Igreja católica, tanto ao nível universal como em cada país. As forças armadas fizeram o seu ‘mea culpa’ por haver quem tenha cometido infrações nas suas fileiras? As polícias alguma vez se retratam das atrocidades praticadas, tanto contra indefesos como para com criminosos? Na política vimos alguém reconhecer os seus abusos e manipulações? Ou, pelo contrário, casos há em que ascenderam aos mais altos cargos da nação de forma promotoria da lavagem por conluios e favorecimentos ignóbeis? No setor do ensino não há nada a modificar? No âmbito da saúde – onde se jogam tantos interesses e lóbis – está tudo acalmado? Nas categorias dos vários desportos, nunca houve atrocidades nem incorreções?  

= Quem está posto em causa em tantos destes episódios colocados a preceito nas redes sociais e na comunicação social mais tradicional? A quem se pretende atingir de forma astuciosa e ardilosa?

Não tenhamos medo de falar do que se quer criticar, afundar e destruir: a família… é esta a entidade que incomoda tanta gente vendedeira duma certa ética mais ou menos republicana, agnóstica e, tendencialmente, anticristã. À família estão ligados tantos dos aspetos que querem combater, de forma mais ou menos assumida.

Se para atingir tais fins for preciso difamar e inventar, ridicularizar ou atraiçoar, subverter e ideologizar, manipular ou mentir…tudo servirá, desde que os feitos sejam sorvidos a conta-gotas para que o veneno seja assimilado tão rapidamente e não rejeitado. Os caçadores de prémios andam por aí e com facilidade podem acrescentar mais presas, desde que andemos em sonolência de boa vontade narcotizada pelas modas de cada tempo e nos mais diversos lugares. Sem entrarmos na caça-às-bruxas, temos de as denunciar, mais pelo que escondem do que pelos aspetos que apresentam. Urge fazer cair a máscara a tantos/as que se apresentam como moralizadores, mas que não passam de juízes em causa própria e beneficiados da conivência de outros, igualmente réus e fazedores de vítimas!

 

António Sílvio Couto

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