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sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Confusão nas cores…partidárias e/ou clubísticas


Nos tempos iniciais da nossa democracia era um tanto fácil identificar as formações partidárias pelas cores com que se faziam reconhecer… Daí adveio a designação dalgumas agremiações e até a conotação de certas colorações: laranjas, vermelhos, rosas, azuis, etc.

Outro tanto se passava com as cores dos clubes desportivos mais representativos: encarnados, azuis, verdes… sendo como que tomados por antonomásia nas narrativas escritas ou orais, sabendo-se logo de quem se tratava, mesmo sem ser preciso dizer qual era o dito…

Se no campo desportivo a evolução do cromático tem sido mais denotativa, no espetro partidário tem-se vindo a gerar alguma confusão, sobretudo, por parte daqueles que foram tomando as rédeas das agremiações… desde os mais velhos até aos mais recentes

Assim aqueles que antes eram identificados com o vermelho foram passando a ostentar o azul; os que antes tinham uma tonalidade rosa, já tiveram o amarelo por referência; os que se apresentavam com a cor azul, vão flutuando por entre outros matizes mais disfarçados; outros ainda introduziram várias outras cores, tentando, ao que parece, destabilizar as referências ideológicas… 

= Naquilo que se pode entender – tendo em conta o passado histórico – a leitura das cores na política resumir-se-ia em três tonalidades: o vermelho com a esquerda, o branco com o centro e o azul com a direita… com todas as nuances que se possam colocar na leitura deste espetro, tanto para os próprios como para com os adversários.

Ora, se consultarmos uma interpretação das várias cores e seus significados poderemos entender um tanto melhor o caldo de leituras… ideológicas, clubísticas e até psicológicas e emocionais:

. Branco remete para a paz, sinceridade, pureza, inocência e calma;

. Verde simboliza esperança, perseverança, vigor e juventude;

. Vermelho envolve paixão, conquista, requinte e liderança;

. Amarelo tem referência à criatividade, juventude e alegria;

. Azul simboliza lealdade, confiança e tranquilidade;

. Laranja significa movimento, espontaneidade, tolerância e gentileza;

. Rosa aponta para romance, sensualidade e beleza;

. Violeta envolve sinceridade, dignidade, prosperidade e respeito;

. Castanho está associado à estabilidade, constância e maturidade;

. Preto pode significar dignidade, sendo ainda associado ao mistério…   

Atendendo a esta multiplicidade de interpretações e de envolvências, como poderemos, então, compreender certas mutações simbólicas de partidos e de agremiações na índole social e ideológica? Terá havido uma desconstrução dos ideais ou tem havido algum oportunismo nas mudanças? Que dizer, então, das formações que multiplicam as cores quase anarquicamente, serão retrato duma anarquia de valores ou da confusão de ideias? Até onde irá tamanha ambivalência? Cada qual saberá quem é e o que pretende…mesmo?

Se olharmos ainda para a mudança de certas forças partidárias como que poderíamos associar tal mutação com a dos equipamentos alternativos das equipas de futebol do principal campeonato português: cada alternativa é mais uma alteração na identidade, criando a quem vê para além de confusão, uma forte apreensão sobre diante de quem estamos. Em certas circunstâncias – tanto políticas como desportivas – poderemos ter de dedicar algum tempo à reflexão sobre a inconsistência dos projetos, que se refletem nas cores diluídas e sem nexo com que se apresentam…ao público iletrado.

E, se tivermos em conta os (pretensos) independentes às próximas eleições autárquicas estaremos ainda mais perante algo inaudito: se cada um não sabe quem é, como poderá lutar pelos seus ideais claros, sinceros e altruístas? Ou será que o individualismo e o culto da personalidade já não escondem mais as aspirações de acesso ao poder a todo o custo?

Precisamos de clareza de cores e de significados… Com tal confusão ninguém tem nada a ganhar!

   

António Sílvio Couto



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