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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Democratas ‘inchados’


Soube-se, por estes dias que, a autoapelidada ‘associação 25A’, vai voltar às comemorações da referida data revolucionária… no parlamento. As razões – segundo o seu responsável principal – prendem-se com a modificação do quadro parlamentar e da presidência da república… que, atendendo às suas motivações, eram, em sua opinião, contrárias àquela efeméride.

= Que há gente que só aceita quem concorda consigo e com as suas ideias, já tínhamos percebido nas linhas e, sobretudo, nas entrelinhas. Que há militares que dão a entender que nunca despiram a farda e os galões de chefes, mesmo quando já nem conseguem dar um passo de resignação sobre a incapacidade de se autoavaliarem. Que há pessoas que se fixaram num passado mais ou menos ‘glorioso’, mas que nunca conseguiram entender, que foram ultrapassados pelos factos e pela história, já era nítido há muito tempo. Mas, o que ainda não tínhamos ouvido, foi esta teoria ditatorial de que se não forem eles e seus apaniguados a mandar nada será aceitável…Com efeito, estes democratas parece que sofrem de miopia intelectual e de alguma arrogância sobre o resto dos que não pensam nem votam como eles…E, nem o mais recente resultado das legislativas (manipuladas nos efeitos) e das presidenciais perdidas, os conseguem fazer enxergar que, depois deles, não será o pretenso caos!

Esta doença é um tanto infetocontagiosa: alguns – felizmente minoritários! – julgam que a (dita) verdade só está do lado da ‘sua’ democracia, que tão ‘bons’ resultados deu, no passado recente, na ‘cortina de ferro’ e que faz, ainda hoje, com que os venezuelanos e cubanos tenham de saquear os mercados, pois os bens essenciais faltam à população… democratizada. Que dizer ainda das experiências militaristas da Coreia do Norte, onde a fome é sobrepujada por foguetões nucleares e a cumplicidade de silêncio de forças afins… até no nosso país.

= Não deixa de ser preocupante que haja pessoas – algumas delas com algum teor de inteligência razoável – que, quase percam a racionalidade, quando outros se lhes opõem, seja pela contagem do resultado dos votos em eleições, seja pela discordância em matérias de valor intrínseco à convivência com os outros em cidadania. Nalguns cidadãos notam-se alguns tiques de autoritarismo, sobretudo quando não vencem os seus pontos de vista. Isso mesmo dá a impressão de estar subjacente àquela posição da ‘associação 25A’, até porque, segundo eles quem não usava o fetiche do cravo vermelho, já eram menos democrata do que a floreira de serviço!

Não podemos continuar a viver nesta onda de constante reversão em que o que foi feito antes tem de ser aniquilado – sabe-se lá com que custo a curto e a médio prazo! – acintosamente. Assim não conseguimos sair do mesmo lugar, pois como que estaremos sempre a recomeçar – qual jogo de monopólio – onde os dados lançados nos fazem regressar à casa de partida de um caminho que não se compadece com rezingões, intolerantes e ditadores… contra quem pensa ou age de forma diferente de si!

= Nesta Europa esquizofrénica de valores e de intenções egoístas, temos de refletir sobre o modo como temos estado a engordar certos mentores do capitalismo e da rebeldia contra tudo e contra todos. Não podemos continuar a premiar preguiçosos nem a dar espaço, nas instâncias comunitárias, a lacraus desavindos. Não será justo que uns trabalhem e construam o bem comum e outros se aproveitem dos bons resultados para fazerem oposição a quem lhes dá de comer e alimenta os proventos que os capacitam para fazer cair um projeto no qual descreem.

Há forças ideológicas que terão de dizer com clareza onde querem estar: se na reivindicação (dita) patriótica, mas que não passa de uma tática de infiltrados, ou se na construção positiva da paz e da harmonia… que é muito mais do que a falta de guerras e de conflitos exteriores.

Nesta democracia de ‘inchados’ e arrogantes temos de emagrecer os egos de tanto coletivismo e das façanhas dessoutro internacionalismo… Assim saibamos colher os frutos do passado recente.            


António Sílvio Couto


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