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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Respeito, humildade e serviço


Por estes dias várias estruturas – sociais, culturais, educativas e mesmo eclesiais – estão a viver etapas de mudança, isto é, saem uns e entram outros, há substituições e reveem-se intérpretes, mudam-se caras mas nem sempre se veem corações…

Nalguns casos temos notícia dessas modificações, noutros casos a passagem de testemunho é mais simples e quase ignorada. Em certos momentos traçam-se elogios, noutros conjeturam-se acusações….

Atendendo às diversas leituras desses fatos e episódios parece-nos um tanto útil tentar discernir o que tais posições podem significar… para nós e para os outros.

- É, infelizmente, um tanto vulgar que quem entra como que pretenda fazer obnubilar quem o antecedeu, nalgumas situações quase desdenhando sobre o que de bom o antecessor possa ter sido feito… sabe-se lá com que esforço e luta. Talvez quem assim se comporta não seja muito inteligente, embora possa parecer esperto, pois poderá haver quem, não tendo gostado do antecessor, mas fazer dele uma espécie de sombra será de mau tom e de deficiente visão… Quanta maledicência seria evitada se se soubesse ser um pouco mais humilde e se se tivesse mais de respeito uns pelos outros e ainda se todos se entendessem mais pelo serviço aos outros do que em servir-se dos outros!

- Talvez valha a pena trazer, mais uma vez, à liça essa estória da pedra, que estava ainda presente no meio de uma igreja e em que um padre novo e recém-chegado queria a toda a força retirá-la… ao que um velho da paróquia, acercando-se do jovem pároco, lhe ripostou: antes de tirar a pedra, pergunte primeiro porque ainda está ela ali!

É verdade muitas coisas são aquelas que se fazem, outras são as que são feitas e outras tantas as que é possível realizar, pois uma coisa é o desejável, outra o que nos deixam concretizar…

De fato, há situações que podem favorecer a intervenção e outras que proporcionam que os interventores saibam interpretar as situações – dir-se-ia na linguagem do concílio Vaticano II, ‘lendo os sinais dos tempos’ – catapultando soluções em razão dos problemas. Por vezes, o que num certo lugar resulta não tem qualquer impacto ou significado num outro local… mesmo que inserido numa cultura mais ou menos idêntica.

- Por vezes somos surpreendidos pelas reações – no sentido de receção e/ou de confronto – das pessoas, pois algo muito simples como que se pode tornar numa tormenta… no início ou no final. Breves observações podem ser bem acolhidas ou podem criar obstáculos… quase intransponíveis. Mesmo sem se dar conta, muita gente vive uma psicologia do ‘estar no contra’… ou pelo menos na fronteira entre a maledicência e uma espécie de rejeição, podendo disso tirar ‘o seu’ proveito reivindicativo e favorecido.

Torna-se cada vez mais essencial descobrir os objetivos das pessoas com quem contatamos, convivemos e traçamos momentos de relação, pois podemos, com alguma facilidade, ser ludibriados, usados e até manipulados…de forma mais ou menos consciente, senão no conteúdo ao menos na forma.

Por isso, servindo-nos das três palavras que titulam este texto deixamos algumas sugestões:

- Respeito é preciso tê-lo, vivê-lo e cultivá-lo seja com quem for, pois o resultado é resultado duma cultura amadurecida na boa convivência entre as várias gerações;

- Humildade é o húmus mais sagrado da confiança entre os diversos intervenientes da nossa vida, onde cada um sabe o que deve fazer e ajuda os outros a sê-lo também;

- Serviço é essa atitude de grandeza subtil que nos coloca na dependência fraterna e nos torna solidários tanto na desgraça como no sucesso… dos outros para connosco e de nós para com eles.

Queira Deus que sejamos capazes de viver com respeito, na humildade e pelo serviço… onde quer que nos encontremos.   
 

António Sílvio Couto

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