Por
estes dias várias estruturas – sociais, culturais, educativas e mesmo eclesiais
– estão a viver etapas de mudança, isto é, saem uns e entram outros, há
substituições e reveem-se intérpretes, mudam-se caras mas nem sempre se veem
corações…
Nalguns
casos temos notícia dessas modificações, noutros casos a passagem de testemunho
é mais simples e quase ignorada. Em certos momentos traçam-se elogios, noutros
conjeturam-se acusações….
Atendendo
às diversas leituras desses fatos e episódios parece-nos um tanto útil tentar
discernir o que tais posições podem significar… para nós e para os outros.
- É,
infelizmente, um tanto vulgar que quem entra como que pretenda fazer obnubilar
quem o antecedeu, nalgumas situações quase desdenhando sobre o que de bom o
antecessor possa ter sido feito… sabe-se lá com que esforço e luta. Talvez quem
assim se comporta não seja muito inteligente, embora possa parecer esperto, pois
poderá haver quem, não tendo gostado do antecessor, mas fazer dele uma espécie
de sombra será de mau tom e de deficiente visão… Quanta maledicência seria
evitada se se soubesse ser um pouco mais humilde e se se tivesse mais de respeito
uns pelos outros e ainda se todos se entendessem mais pelo serviço aos outros
do que em servir-se dos outros!
- Talvez
valha a pena trazer, mais uma vez, à liça essa estória da pedra, que estava
ainda presente no meio de uma igreja e em que um padre novo e recém-chegado
queria a toda a força retirá-la… ao que um velho da paróquia, acercando-se do
jovem pároco, lhe ripostou: antes de tirar a pedra, pergunte primeiro porque
ainda está ela ali!
É
verdade muitas coisas são aquelas que se fazem, outras são as que são feitas e outras
tantas as que é possível realizar, pois uma coisa é o desejável, outra o que
nos deixam concretizar…
De fato,
há situações que podem favorecer a intervenção e outras que proporcionam que os
interventores saibam interpretar as situações – dir-se-ia na linguagem do
concílio Vaticano II, ‘lendo os sinais dos tempos’ – catapultando soluções em
razão dos problemas. Por vezes, o que num certo lugar resulta não tem qualquer
impacto ou significado num outro local… mesmo que inserido numa cultura mais ou
menos idêntica.
- Por
vezes somos surpreendidos pelas reações – no sentido de receção e/ou de
confronto – das pessoas, pois algo muito simples como que se pode tornar numa
tormenta… no início ou no final. Breves observações podem ser bem acolhidas ou
podem criar obstáculos… quase intransponíveis. Mesmo sem se dar conta, muita
gente vive uma psicologia do ‘estar no contra’… ou pelo menos na fronteira
entre a maledicência e uma espécie de rejeição, podendo disso tirar ‘o seu’ proveito
reivindicativo e favorecido.
Torna-se
cada vez mais essencial descobrir os objetivos das pessoas com quem contatamos,
convivemos e traçamos momentos de relação, pois podemos, com alguma facilidade,
ser ludibriados, usados e até manipulados…de forma mais ou menos consciente,
senão no conteúdo ao menos na forma.
Por
isso, servindo-nos das três palavras que titulam este texto deixamos algumas
sugestões:
- Respeito
é preciso tê-lo, vivê-lo e cultivá-lo seja com quem for, pois o resultado é
resultado duma cultura amadurecida na boa convivência entre as várias gerações;
-
Humildade é o húmus mais sagrado da confiança entre os diversos intervenientes
da nossa vida, onde cada um sabe o que deve fazer e ajuda os outros a sê-lo
também;
-
Serviço é essa atitude de grandeza subtil que nos coloca na dependência
fraterna e nos torna solidários tanto na desgraça como no sucesso… dos outros
para connosco e de nós para com eles.
Queira
Deus que sejamos capazes de viver com respeito, na humildade e pelo serviço…
onde quer que nos encontremos.
António
Sílvio Couto
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