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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Crise bancária: sinal, significado e sentido?


Os últimos tempos têm sido de grande corrupio de notícias sobre o ambiente bancário, sobretudo atingindo uma das instituições mais antigas e significativas de âmbito nacional e internacional.

Sem pretendermos ironizar com coisas sérias, parece que algo começou com uma zanga de famílias, que extrapolou para o mundo financeiro e depressa alastrou aos espaços de poder e da política…

Até no âmbito da justiça se pode perceber que havia um timing a percorrer…mesmo para fazer levar a prestar contar quem, tendo caído em desgraça, se vai tornando alvo de mais desgraceira… direta ou implícita.

Para já o alcance incendiário deixou a espaço das florestas de montes para ser servido, noticiosamente, a partir do patíbulo das contas e dos negócios multimilionários… bem depressa falidos e quase alcançados pela famigerada descrença no conluio entre dinheiro, interesse económicos e substratos partidários.

Num campo algo fluído como este de âmbito bancário, antes de fazermos afirmações e/ou de entrarmos em conjeturas ou de lançarmos insinuações talvez valha a pena colocar perguntas:

- Por que será que esta crise só foi desencadeada depois da saída da ‘troika’ de Portugal? Se tivesse acontecido antes não estaríamos agora sob um segundo resgate? Com tantos dados disponíveis não deixa de ser sintomático que isto tenha acontecido a compasso de salvaguarda?!

- O país poderá dar-se ao luxo de prescindir de banqueiros dalguma qualidade – nas horas da desgraça é que se vê a qualificação – para virmos a entregar a nossa economia a oportunistas e vendedores de ilusões?

- Não deixa de ser ensurdecedor o silêncio de certos atores partidários – da (dita) direita e da (classificada) esquerda – que se eclipsaram… será que foram beneficiários e não se assumem enquanto tal?

- Sem pretendermos ver fantasmas, esta crise bancária denota umas certas guerrilhas doutras tantas lojas de avental, não se sabendo quem sairá vencedor… Estarão à espreita para ver quem ganha no maior partido da oposição?

= Crise bancária – um sinal

Quando o deus dinheiro capitula, muitos outros projetos começam a ruir. De fato, há muita gente que só vê dinheiro, luta por dinheiro, corre pelo dinheiro, serve o dinheiro… até mata por dinheiro: ele é um deus muito totalitário, ciumento e apaixonante… ontem como hoje e mesmo amanhã! Por isso, quem se deixar apanhar pela sua servidão com muita dificuldade se libertará desta obsessão!...

E este deus dinheiro vai-se disfarçando com múltiplas roupagens, cada uma mais sedutora do que a outra, até que nos possa enlear de desculpas e maquinações…

 

= Crise bancária – qual o significado?

Nunca como hoje o dinheiro deixou de ter cor política, de ter credo ou de apresentar qualquer matiz racial… ele percorre como um manto de trevas imensas vidas e muitas mais aventuras… umas legais, outras ilícitas e tantas outras perigosas. De verdade esta crise bancária fez sair do esgoto tantas operações menos claras e, por conseguinte, mais tarde ou mais cedo, passíveis de serem denunciadas…Também aqui ousaríamos dizer como Jesus sobre a mulher acusada de adultério: ‘quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra’! Por certo muitos de nós já teremos prevaricado… de forma consciente ou inadvertidamente, pois sempre quisemos ganhar mais uns cobres a troco de pouco trabalho e num mínimo de risco… proveitoso.

= Crise bancária – que sentido?

Mais do que averiguar o sentido material desta crise bancária, importa interpretar o sentido mais cultural, pois o que está em causa é uma nova cultura, onde o dinheiro se possa tornar um meio e não um fim, pois da determinação destes parâmetros está dependente o futuro de várias gerações: da atual porque tem de contentar-se com a diminuição dos recursos pessoais, familiares e sociais; a do amanhã, pois já não será possível satisfazer o que nem sempre se alimenta do esbanjamento; a do passado, pois teremos de reaprender com novos sacrifícios e outras oportunidades já abandonadas… O sentido será sempre mais exigente para todos… já! 

 

António Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)

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