Os
últimos tempos têm sido de grande corrupio de notícias sobre o ambiente
bancário, sobretudo atingindo uma das instituições mais antigas e
significativas de âmbito nacional e internacional.
Sem
pretendermos ironizar com coisas sérias, parece que algo começou com uma zanga
de famílias, que extrapolou para o mundo financeiro e depressa alastrou aos
espaços de poder e da política…
Até no
âmbito da justiça se pode perceber que havia um timing a percorrer…mesmo para
fazer levar a prestar contar quem, tendo caído em desgraça, se vai tornando
alvo de mais desgraceira… direta ou implícita.
Para já
o alcance incendiário deixou a espaço das florestas de montes para ser servido,
noticiosamente, a partir do patíbulo das contas e dos negócios
multimilionários… bem depressa falidos e quase alcançados pela famigerada
descrença no conluio entre dinheiro, interesse económicos e substratos
partidários.
Num
campo algo fluído como este de âmbito bancário, antes de fazermos afirmações e/ou
de entrarmos em conjeturas ou de lançarmos insinuações talvez valha a pena
colocar perguntas:
- Por
que será que esta crise só foi desencadeada depois da saída da ‘troika’ de
Portugal? Se tivesse acontecido antes não estaríamos agora sob um segundo
resgate? Com tantos dados disponíveis não deixa de ser sintomático que isto
tenha acontecido a compasso de salvaguarda?!
- O país
poderá dar-se ao luxo de prescindir de banqueiros dalguma qualidade – nas horas
da desgraça é que se vê a qualificação – para virmos a entregar a nossa
economia a oportunistas e vendedores de ilusões?
- Não
deixa de ser ensurdecedor o silêncio de certos atores partidários – da (dita)
direita e da (classificada) esquerda – que se eclipsaram… será que foram
beneficiários e não se assumem enquanto tal?
- Sem
pretendermos ver fantasmas, esta crise bancária denota umas certas guerrilhas
doutras tantas lojas de avental, não se sabendo quem sairá vencedor… Estarão à
espreita para ver quem ganha no maior partido da oposição?
= Crise bancária – um sinal
Quando o
deus dinheiro capitula, muitos outros projetos começam a ruir. De fato, há
muita gente que só vê dinheiro, luta por dinheiro, corre pelo dinheiro, serve o
dinheiro… até mata por dinheiro: ele é um deus muito totalitário, ciumento e
apaixonante… ontem como hoje e mesmo amanhã! Por isso, quem se deixar apanhar
pela sua servidão com muita dificuldade se libertará desta obsessão!...
E este
deus dinheiro vai-se disfarçando com múltiplas roupagens, cada uma mais
sedutora do que a outra, até que nos possa enlear de desculpas e maquinações…
= Crise bancária – qual o
significado?
Nunca
como hoje o dinheiro deixou de ter cor política, de ter credo ou de apresentar
qualquer matiz racial… ele percorre como um manto de trevas imensas vidas e muitas
mais aventuras… umas legais, outras ilícitas e tantas outras perigosas. De
verdade esta crise bancária fez sair do esgoto tantas operações menos claras e,
por conseguinte, mais tarde ou mais cedo, passíveis de serem denunciadas…Também
aqui ousaríamos dizer como Jesus sobre a mulher acusada de adultério: ‘quem
estiver sem pecado, atire a primeira pedra’! Por certo muitos de nós já teremos
prevaricado… de forma consciente ou inadvertidamente, pois sempre quisemos
ganhar mais uns cobres a troco de pouco trabalho e num mínimo de risco…
proveitoso.
= Crise bancária – que sentido?
Mais do
que averiguar o sentido material desta crise bancária, importa interpretar o
sentido mais cultural, pois o que está em causa é uma nova cultura, onde o
dinheiro se possa tornar um meio e não um fim, pois da determinação destes
parâmetros está dependente o futuro de várias gerações: da atual porque tem de
contentar-se com a diminuição dos recursos pessoais, familiares e sociais; a do
amanhã, pois já não será possível satisfazer o que nem sempre se alimenta do
esbanjamento; a do passado, pois teremos de reaprender com novos sacrifícios e
outras oportunidades já abandonadas… O sentido será sempre mais exigente para
todos… já!
António
Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)
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