Por
estes dias alguém comentava numa observação – um tanto técnica e mesmo de
índole prática – que, nos últimos tempos, se tem vindo a verificar uma mudança
das atitudes e competências das pessoas: antes eram rápidas no uso dos pés,
mais recentemente tem-se vindo a verificar que há uma maior destreza no uso das
mãos… Isto era dito na aprendizagem da condução automóvel, mas poderá ser
extrapolado para outros campos e domínios da intervenção humana…
Explicando:
porque as pessoas andavam mais a pé e faziam uso dos membros inferiores do seu
corpo tinham maior capacidade de desenvolvimento e adaptação dos movimentos com
os pés… a situações de imprevisibilidade… Até porque agora os mais novos estão
mais parados fisicamente, mas fazem uso dos membros superiores do seu corpo…
mexem-se mais rapidamente e respondem com outra dinâmica ao manuseamento das
coisas…
Ainda,
recentemente, em tempo de formação na área da comunicação social, se dizia que
vivemos na ‘era do touch’ (toque) e não de mera leitura… isto é, comunicamos mais
com as mãos e não tanto com os olhos… e, se estes são usados, é porque algo (ou
alguém) nos tocou ou nos despertou para que mudasse de imagem e que interagisse…mais
ativa e de intercomunicação.
= Será o virtual real ou o real
virtual?
Não será
muito difícil de constatar que, hoje, se pretende impor uma certa virtualização
das coisas, das situações e mesmo das pessoas. Comunica-se muito mais por
aquilo que não é e se toca (virtualmente) do que por aquilo que sentimos e
sabemos o que significa… por forma presencial. As relações entre as pessoas
foram-se virtualizando e, nalguns casos, gerando uma psicologia do pretenso
saber sem se conhecer… Isto acontece ainda sem termos totalmente em conta a
virtualização dos conhecimentos – onde as redes (ditas) sociais são exemplo
paradigmático – e nalguma banalização das relações humanas e interpessoais. É
exemplo disso o tal indivíduo que na hora do seu velório só tinha uma pessoa no
local, mas ostentava centenas de ‘amigos’ no facebook…Era o irreal do virtual!
Que vale,
efetivamente, cada um de nós na (pretensa) rede de relacionamentos que tem ou
pensa ter? Com quem desabafa, se de tal estiver necessitado? Com quem contamos,
afetivamente, na hora da aflição? Ser ou ter amigos compadece-se com a
superficialidade dos cliques e dos ‘likes’, (gosto) na internet?
Quando,
de tantas formas, se pretende saber o que acontece ao longe, como poderemos
continuar a ignorar quem vive e mora ao pé de nós! Quando se sabe da vida dos
outros aquilo que os torna banais e (quase) ridículos, como poderemos continuar
a viver num ambiente de maledicência atroz! Quando as pessoas se vão
coisificando, torna-se urgente valorizar mais o que nos une do que aquilo que
nos separa!
= Sugestões de caminhada… de mãos
dadas!
Mesmo
por entre tempo de descanso poderemos fazer da nossa vida – seja qual for a
instância de intervenção e de posicionamento – uma oportunidade de caminhada,
usando mesmo os pés… para andar ou mesmo correr. Podemos e devemos ainda mais
saber dar as mãos numa conjugação de esforços e de sinergias, não deixando
ninguém para trás nem tão pouco parado a ver os outros… quais as imagens da
série d’Os marretas, que, do camarote sobranceiro, se limitavam a dizer mal de
tudo e de todos… sem se aperceberem que as críticas que faziam aos outros eram
como que o reflexo da sua própria personalidade… De fato, há tantos discípulos
dos ‘marretas’!
O
programa pastoral da arquidiocese de Braga escolheu como símbolo de caminhada
este ano a árvore. Rica, profunda e altíssima imagem que poderá ajudar-nos a
sair da rotina... Poderemos sugerir que cada mês do ano pastoral possa estar
sob a proposta de uma árvore pela simbologia que lhe é própria, pela linguagem
(sobretudo) bíblica que envolve e ainda pelos frutos que poderemos colher de
cada árvore: outubro – videira; novembro – figueira; dezembro – pinheiro;
janeiro – carvalho; fevereiro – cerejeira; março – oliveira; abril – macieira;
maio – laranjeira; junho – eucalipto; julho – sobreiro; agosto – palmeira; setembro
– castanheiro.
Por mim
vou tentar seguir esta sugestão!
António
Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)
Concordo plenamente! Cumprimentos
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