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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Destreza nas mãos… lentidão nos pés


Por estes dias alguém comentava numa observação – um tanto técnica e mesmo de índole prática – que, nos últimos tempos, se tem vindo a verificar uma mudança das atitudes e competências das pessoas: antes eram rápidas no uso dos pés, mais recentemente tem-se vindo a verificar que há uma maior destreza no uso das mãos… Isto era dito na aprendizagem da condução automóvel, mas poderá ser extrapolado para outros campos e domínios da intervenção humana…

Explicando: porque as pessoas andavam mais a pé e faziam uso dos membros inferiores do seu corpo tinham maior capacidade de desenvolvimento e adaptação dos movimentos com os pés… a situações de imprevisibilidade… Até porque agora os mais novos estão mais parados fisicamente, mas fazem uso dos membros superiores do seu corpo… mexem-se mais rapidamente e respondem com outra dinâmica ao manuseamento das coisas…

Ainda, recentemente, em tempo de formação na área da comunicação social, se dizia que vivemos na ‘era do touch’ (toque) e não de mera leitura… isto é, comunicamos mais com as mãos e não tanto com os olhos… e, se estes são usados, é porque algo (ou alguém) nos tocou ou nos despertou para que mudasse de imagem e que interagisse…mais ativa e de intercomunicação.

= Será o virtual real ou o real virtual?

Não será muito difícil de constatar que, hoje, se pretende impor uma certa virtualização das coisas, das situações e mesmo das pessoas. Comunica-se muito mais por aquilo que não é e se toca (virtualmente) do que por aquilo que sentimos e sabemos o que significa… por forma presencial. As relações entre as pessoas foram-se virtualizando e, nalguns casos, gerando uma psicologia do pretenso saber sem se conhecer… Isto acontece ainda sem termos totalmente em conta a virtualização dos conhecimentos – onde as redes (ditas) sociais são exemplo paradigmático – e nalguma banalização das relações humanas e interpessoais. É exemplo disso o tal indivíduo que na hora do seu velório só tinha uma pessoa no local, mas ostentava centenas de ‘amigos’ no facebook…Era o irreal do virtual!

Que vale, efetivamente, cada um de nós na (pretensa) rede de relacionamentos que tem ou pensa ter? Com quem desabafa, se de tal estiver necessitado? Com quem contamos, afetivamente, na hora da aflição? Ser ou ter amigos compadece-se com a superficialidade dos cliques e dos ‘likes’, (gosto) na internet?

Quando, de tantas formas, se pretende saber o que acontece ao longe, como poderemos continuar a ignorar quem vive e mora ao pé de nós! Quando se sabe da vida dos outros aquilo que os torna banais e (quase) ridículos, como poderemos continuar a viver num ambiente de maledicência atroz! Quando as pessoas se vão coisificando, torna-se urgente valorizar mais o que nos une do que aquilo que nos separa!

= Sugestões de caminhada… de mãos dadas!

Mesmo por entre tempo de descanso poderemos fazer da nossa vida – seja qual for a instância de intervenção e de posicionamento – uma oportunidade de caminhada, usando mesmo os pés… para andar ou mesmo correr. Podemos e devemos ainda mais saber dar as mãos numa conjugação de esforços e de sinergias, não deixando ninguém para trás nem tão pouco parado a ver os outros… quais as imagens da série d’Os marretas, que, do camarote sobranceiro, se limitavam a dizer mal de tudo e de todos… sem se aperceberem que as críticas que faziam aos outros eram como que o reflexo da sua própria personalidade… De fato, há tantos discípulos dos ‘marretas’!

O programa pastoral da arquidiocese de Braga escolheu como símbolo de caminhada este ano a árvore. Rica, profunda e altíssima imagem que poderá ajudar-nos a sair da rotina... Poderemos sugerir que cada mês do ano pastoral possa estar sob a proposta de uma árvore pela simbologia que lhe é própria, pela linguagem (sobretudo) bíblica que envolve e ainda pelos frutos que poderemos colher de cada árvore: outubro – videira; novembro – figueira; dezembro – pinheiro; janeiro – carvalho; fevereiro – cerejeira; março – oliveira; abril – macieira; maio – laranjeira; junho – eucalipto; julho – sobreiro; agosto – palmeira; setembro – castanheiro.

Por mim vou tentar seguir esta sugestão!

 

António Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)

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