Soube-se
por estes dias que Dolores Aveiro, quando estava grávida de Cristiano Ronaldo,
pensou em abortar, pois, com a idade de trinta, tinha já três filhos… e sem
meios para os criar… Mas o médico assistente não a apoiou em tal ato.
Ora, isto foi escrito e dito, respetivamente,
no livro autobiográfico ‘Mãe coragem’ e em diversas outras entrevistas
televisivas… certamente para escândalo de certos meios em favor da
‘despenalização da interrupção voluntária da gravidez’ e/ou regozijo de muitos
dos militantes antiaborto.
De fato,
pergunta-se se a intenção daquela mãe tivesse prosseguido não poderíamos
deliciar-nos com as habilidades de seu filho nem Portugal teria na lista dos
seus heróis um futebolista daquela categoria… mundial.
É de
referir ainda que, nos tempos mais recentes, foram lançados para a comunicação social,
por políticos no governo, desejos de promoção da vida, dando regalias nas
contas fiscais a quem tiver mais filhos, numa tentativa de suster a derrocada
de natalidade que estamos a viver em Portugal… nesse inverno demográfico tão
tenebroso e quase irreparável.
- Urge,
com verdade e em sentido de exigência, colocar sob a alçada da justiça quem,
nas quase três décadas de história do nosso país, nos atirou para este atoleiro
de morte pela despenalização do aborto, tornando-o quase um método
anticoncetivo recorrente… e tudo isto pago como se fosse um ato médico de
consequências vulgares no (apelidado) serviço nacional de saúde.
- Não
pense quem nos possa ler que somos insensíveis – antes pelo contrário – às
tragédias de tantas mães e muitos outros pais, que, na hora de decidir, lutaram
com a própria consciência em ordem a salvaguardar vidas. Há pessoas que sofrem
quando têm de se submeter a tal juízo e com isso sentirem a obrigação moral de
defender um bem maior, sobretudo, quando a vida da mãe está em risco…
- Num
tempo onde o valor da vida – sobretudo na sua expressão humana – foi reduzido a
uma espécie de reduto menosprezado por outros critérios de conduta mais
imediatista, torna-se essencial saber que a vida não se referenda nunca, nem
está em saldo ao desbarato, particularmente quando com isso se pretendem servir
intuitos políticos e ideológicos mais subterrâneos…ou manifestamente
materialistas.
= Se
atendermos a outros momentos e figuras históricas – tais como Beethoven ou
Einstein – que foram salvas da morte por recurso ao aborto, temos de fazer
desta ‘revelação’ de Dolores Aveiro sobre a salvaguarda da vida do ‘seu’
Cristiano uma espécie de desafio a todos quantos ainda se sentem-se
‘civilizados’ porque trocam a morte contra a vida: está na hora de recolocar na
discussão pública a força da vida e não de nos ocuparmos com futilidades de
ocasião…hedonista.
Há
valores – como o dom da vida pessoal e da alheia – que valem a luta de toda uma
existência, mas temos de saber fazê-lo, respeitando as diferenças e até tendo
compreensão para com quem reage de forma mais ou menos melindrada e ferida por
experiências mal resolvidas em maré de fragilidade e mesmo de más opções.
Precisamos
de saber anunciar, sem rodeios nem perda de tempo, a grandeza da dignidade
cristã dos valores e dos atos heroicos com que tantos dos nossos antepassados
viveram e testemunharam a fé por referência à Pessoa de Jesus e à mudança que
Ele provocou nas suas vidas, sabendo viver a entrega em favor dos outros,
particularmente dos mais fragilizados e simples… tantas vezes sem terem quem os
defenda.
= Que o
testemunho de Dolores Aveiro possa incentivar tantas outras mães a doarem a
vida pelos filhos, sabendo acolhê-los como dom de Deus. Se o dom da maternidade
foi salvaguardado a nossa civilização terá futuro. Se a dádiva da paternidade
responsável foi vivida no contexto da família, teremos futuro a curto e médio
prazos…
António
Sílvio Couto
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