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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Se Dolores tivesse abortado…


Soube-se por estes dias que Dolores Aveiro, quando estava grávida de Cristiano Ronaldo, pensou em abortar, pois, com a idade de trinta, tinha já três filhos… e sem meios para os criar… Mas o médico assistente não a apoiou em tal ato.

 Ora, isto foi escrito e dito, respetivamente, no livro autobiográfico ‘Mãe coragem’ e em diversas outras entrevistas televisivas… certamente para escândalo de certos meios em favor da ‘despenalização da interrupção voluntária da gravidez’ e/ou regozijo de muitos dos militantes antiaborto.

De fato, pergunta-se se a intenção daquela mãe tivesse prosseguido não poderíamos deliciar-nos com as habilidades de seu filho nem Portugal teria na lista dos seus heróis um futebolista daquela categoria… mundial.

É de referir ainda que, nos tempos mais recentes, foram lançados para a comunicação social, por políticos no governo, desejos de promoção da vida, dando regalias nas contas fiscais a quem tiver mais filhos, numa tentativa de suster a derrocada de natalidade que estamos a viver em Portugal… nesse inverno demográfico tão tenebroso e quase irreparável.

- Urge, com verdade e em sentido de exigência, colocar sob a alçada da justiça quem, nas quase três décadas de história do nosso país, nos atirou para este atoleiro de morte pela despenalização do aborto, tornando-o quase um método anticoncetivo recorrente… e tudo isto pago como se fosse um ato médico de consequências vulgares no (apelidado) serviço nacional de saúde.

- Não pense quem nos possa ler que somos insensíveis – antes pelo contrário – às tragédias de tantas mães e muitos outros pais, que, na hora de decidir, lutaram com a própria consciência em ordem a salvaguardar vidas. Há pessoas que sofrem quando têm de se submeter a tal juízo e com isso sentirem a obrigação moral de defender um bem maior, sobretudo, quando a vida da mãe está em risco…

- Num tempo onde o valor da vida – sobretudo na sua expressão humana – foi reduzido a uma espécie de reduto menosprezado por outros critérios de conduta mais imediatista, torna-se essencial saber que a vida não se referenda nunca, nem está em saldo ao desbarato, particularmente quando com isso se pretendem servir intuitos políticos e ideológicos mais subterrâneos…ou manifestamente materialistas.

= Se atendermos a outros momentos e figuras históricas – tais como Beethoven ou Einstein – que foram salvas da morte por recurso ao aborto, temos de fazer desta ‘revelação’ de Dolores Aveiro sobre a salvaguarda da vida do ‘seu’ Cristiano uma espécie de desafio a todos quantos ainda se sentem-se ‘civilizados’ porque trocam a morte contra a vida: está na hora de recolocar na discussão pública a força da vida e não de nos ocuparmos com futilidades de ocasião…hedonista.

Há valores – como o dom da vida pessoal e da alheia – que valem a luta de toda uma existência, mas temos de saber fazê-lo, respeitando as diferenças e até tendo compreensão para com quem reage de forma mais ou menos melindrada e ferida por experiências mal resolvidas em maré de fragilidade e mesmo de más opções.

Precisamos de saber anunciar, sem rodeios nem perda de tempo, a grandeza da dignidade cristã dos valores e dos atos heroicos com que tantos dos nossos antepassados viveram e testemunharam a fé por referência à Pessoa de Jesus e à mudança que Ele provocou nas suas vidas, sabendo viver a entrega em favor dos outros, particularmente dos mais fragilizados e simples… tantas vezes sem terem quem os defenda.

= Que o testemunho de Dolores Aveiro possa incentivar tantas outras mães a doarem a vida pelos filhos, sabendo acolhê-los como dom de Deus. Se o dom da maternidade foi salvaguardado a nossa civilização terá futuro. Se a dádiva da paternidade responsável foi vivida no contexto da família, teremos futuro a curto e médio prazos…

    

António Sílvio Couto

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