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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Proteção dada e recebida


A vida de qualquer pessoa gira em volta de proteção recebida e dada, pois dificilmente alguém pode dar aquilo que não recebeu… desde a questão mais simples até à mais complexa e complicada.

Desde logo ‘proteção’, etimologicamente vem da ‘tegere’ (cobrir, tapar, defender) e ‘pro’ (na frente), significando que ‘proteção’ é essa defesa por antecipação, cobrindo e tapando antes que algo possa acontecer.

Aplicada à vida a noção de ‘proteção’ revestirá imensos campos de intervenção, desde a vida pessoal e familiar até aos aspetos de âmbito de segurança em meios e recursos humanos, materiais e mesmo espirituais.

Se recorrermos à nossa experiência de vida poderemos considerar que da proteção recebida – desde a mais tenra infância e até à idade adulta e velhice… segundo cada uma das etapas de maturidade humana – é a melhor escola para saber dar proteção ou viver em proteção para com os outros.

Dir-se-ia que, desgraçadamente, a pessoa humana não tem os mesmos recursos dos animais, que, com a evolução da sua idade, vão ganhando maior autoproteção e como que dispensando a proteção dos outros mais velhos. Ora, nós humanos, vivemos numa ‘eterna’ vulnerabilidade e, por dom divino, podemos e necessitamos de encontrar espaços e pessoas que nos protejam e a quem podemos e necessitamos de proteger. A nossa autossuficiência é, por isso, muito frágil. Quem se armar – o termo pretende dizer tecer armas que podem ser de engano – em muito forte poderá não mais do que tentar disfarçar a sua vulnerabilidade, mesmo que para isso se arme em forte ou tente dar a impressão de que não precisa de proteção… Tudo isso soará a falso e, com facilidade, é desmontável na mais rápida vivência e convivência.

= Mais do que afirmações sobre este tema deixamos breves questões… de entre um longo e largo leque de possibilidades:

- Quem é que me dá proteção? De quem mais sinto proteção?

- Como interpreto as falhas de proteção? Aceito-as ou pretendo cativá-las?

- Quem coloca Deus no meu caminho para receber e dar alguma proteção?

- Sinto-me chamado a proteger ou recuso-me a ser protegido?

- Aceito a minha vulnerabilidade e necessidade de proteção… mesmo de Deus?

- Quais serão os meus ataques (ou defesas) às tentativas de proteção?

- Vejo a proteção como virtude e qualidade ou como defeito e negativamente?

- No campo da proteção recebida, houve alguém que me possa ter magoado pela proteção não dada?

- Nos aspetos da proteção dada, haverá quem recuse a minha proteção? Quais as razões dessa recusa, serão reais ou virtuais, de desculpa ou de adiamento?

- Que dimensão da minha vida precisa de maior proteção, a intelectual, a emocional/afetiva ou a volitiva?

- Que há (ou pode haver) de feridas na minha capacidade de proteção recebida ou dada?

- Aceito que a proteção que é me dada é mais a possível do que aquela que gostaria de ter?

- Sei desculpar quem não me protege e aceito as recusas de proteção a quem quero dar proteção?

 Em resumo: na família temos e devemos ter o retrato da proteção recebida e dada, simbolizando as figuras do pai e da mãe as dimensões mais naturais dessa proteção… Se algo correu menos bem nem corre agora como devia nessa escola de proteção tudo poderá explicar o que sou e o que os outros são… Compreendermo-nos será já beneplácito de proteção recebida e dada.

 À luz do próximo dia dos avós – 26 de julho – poderemos ainda melhor interpretar a necessidade de uma boa vivência desta dimensão da proteção recebida e dada, correta, afetiva e humildemente vivida. Com efeito, os avós (no masculino e/ou no feminino) são ainda o suporte da nossa proteção, tanto dada como recebida… na dimensão gratuita e gratificante. Cuidemos, pois, dos nossos avós… como protetores ativos ou passivos!

 Coloquemo-nos ainda sob a proteção da mão de Deus, hoje e para sempre!

 

António Sílvio Couto

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