A vida
de qualquer pessoa gira em volta de proteção recebida e dada, pois dificilmente
alguém pode dar aquilo que não recebeu… desde a questão mais simples até à mais
complexa e complicada.
Desde
logo ‘proteção’, etimologicamente vem da ‘tegere’ (cobrir, tapar, defender) e
‘pro’ (na frente), significando que ‘proteção’ é essa defesa por antecipação,
cobrindo e tapando antes que algo possa acontecer.
Aplicada
à vida a noção de ‘proteção’ revestirá imensos campos de intervenção, desde a
vida pessoal e familiar até aos aspetos de âmbito de segurança em meios e
recursos humanos, materiais e mesmo espirituais.
Se
recorrermos à nossa experiência de vida poderemos considerar que da proteção
recebida – desde a mais tenra infância e até à idade adulta e velhice… segundo
cada uma das etapas de maturidade humana – é a melhor escola para saber dar
proteção ou viver em proteção para com os outros.
Dir-se-ia
que, desgraçadamente, a pessoa humana não tem os mesmos recursos dos animais,
que, com a evolução da sua idade, vão ganhando maior autoproteção e como que
dispensando a proteção dos outros mais velhos. Ora, nós humanos, vivemos numa
‘eterna’ vulnerabilidade e, por dom divino, podemos e necessitamos de encontrar
espaços e pessoas que nos protejam e a quem podemos e necessitamos de proteger.
A nossa autossuficiência é, por isso, muito frágil. Quem se armar – o termo
pretende dizer tecer armas que podem ser de engano – em muito forte poderá não
mais do que tentar disfarçar a sua vulnerabilidade, mesmo que para isso se arme
em forte ou tente dar a impressão de que não precisa de proteção… Tudo isso
soará a falso e, com facilidade, é desmontável na mais rápida vivência e
convivência.
= Mais
do que afirmações sobre este tema deixamos breves questões… de entre um longo e
largo leque de possibilidades:
- Quem é
que me dá proteção? De quem mais sinto proteção?
- Como
interpreto as falhas de proteção? Aceito-as ou pretendo cativá-las?
- Quem
coloca Deus no meu caminho para receber e dar alguma proteção?
- Sinto-me
chamado a proteger ou recuso-me a ser protegido?
- Aceito
a minha vulnerabilidade e necessidade de proteção… mesmo de Deus?
- Quais
serão os meus ataques (ou defesas) às tentativas de proteção?
- Vejo a
proteção como virtude e qualidade ou como defeito e negativamente?
- No
campo da proteção recebida, houve alguém que me possa ter magoado pela proteção
não dada?
- Nos
aspetos da proteção dada, haverá quem recuse a minha proteção? Quais as razões
dessa recusa, serão reais ou virtuais, de desculpa ou de adiamento?
- Que
dimensão da minha vida precisa de maior proteção, a intelectual, a
emocional/afetiva ou a volitiva?
- Que há
(ou pode haver) de feridas na minha capacidade de proteção recebida ou dada?
- Aceito
que a proteção que é me dada é mais a possível do que aquela que gostaria de
ter?
- Sei
desculpar quem não me protege e aceito as recusas de proteção a quem quero dar
proteção?
António
Sílvio Couto
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