Recordei-me,
por estes dias, de uma observação escutada há muito tempo: um padre foi mudado
de paróquia; era relativamente novo; quando chegou ficou impressionado com um
grande pedra que estava no meio da igreja; logo iniciou formas de a remover;
aproximou-se um velho lá da terra que o aconselhou, dizendo: antes de tirar a
pedra de onde está talvez seja conveniente perguntar porque é que a pedra está
ainda ali!
De fato,
há pessoas que querem, onde chegam, por tudo a seu gosto… e bem depressa. Têm
ideias e planos, que devem ser executados com o máximo da rapidez. Por vezes,
nem perguntam ou se aferem ao estado das questões e dos lugares… desde que se
execute o que pretendem.
Nos
tempos que correm há muita coisa que está parada. Há muitas instituições que
estagnaram no tempo. Há muitas estruturas anquilosadas e, nalguns casos, sem
alma. Há pessoas que estagnaram no já feito, no antes aprendido… numa espécie
de segurança sem risco porque (quase) defunta ou morta.
Há ainda
demasiados salvadores que mais parecem não ser do que apressados sem
consistência. Há projetos que têm de ser renovados e ainda vivências sociais e
mesmo eclesiais, que estão a precisar de novas energias e de outros
executantes. Há, por vezes, pormenores que podem fazer a diferença para que as
coisas mudem… desde as atitudes até à disposição… Mas não se pode fazer como se
nada tivesse sido feito, até então!
= Quando aprender…
Na
história de cada um de nós fomos aprendendo através de ensinamentos que nos
foram ministrados por mais velhos, com mais sabedoria, com mais experiência de
vida e até com mais instrução Cada um de nós é resultado de muitas
aprendizagens, umas sistemáticas e organizadas para a nossa formação humana e
cultural, mas tantas outras que fomos recebendo nos ‘livros’ da vida com boas e
más decisões, com lições e erros, com avanços e recuos na estruturação da nossa
personalidade.
Manter a
capacidade de aprender poderá e deverá ser uma boa atitude de vida, pois com
todos temos algo que nos fará crescer e amadurecer… ao longo de toda a vida.
O mesmo
se pode dizer da nossa capacidade de adaptação a novas situações, sejam elas de
natureza humana, sejam ainda de compreensão das culturas que nos envolvem… O
tempo da fixação – nascer, crescer e morrer – no mesmo local já não tem mais
lugar. E, quando vamos para um novo lugar, temos de aprender outros hábitos,
outras formas de estar com novas pessoas, com quem temos de saber interagir com
educação, respeito e, sobretudo, humildade.
Será de
toda a inteligência quer aprender antes de querer ensinar… mesmo que se tenha
instrução e cultura mais elaborada em relação àqueles/as que nos acolhem.
Certas vivacidades fazem o contrário…e os resultados não serão muito benéficos,
tanto no presente como no futuro.
… Pode ser ensinar
Será
partindo do estado (humano, cultural ou sociológico) em que cada um de nós está
que poderemos dialogar na aprendizagem/ensino com os outros. Se alguém quer ser
respeitado, terá de saber respeitar os seus interlocutores. Normalmente cultura
é muito mais do que instrução e esta deverá enquadrar-se nas possibilidades e
oportunidades que são dadas a cada um.
Quem não
terá já aprendido assuntos importantes pelo simples exemplo (ou testemunho) de
uma pessoa aparentemente sem grande instrução, mas que adquiriu valores e
critérios na escola da vida, seja na família, seja noutra qualquer instância
educativa onde se permeiam as grandes questões da vida e da ética.
Se
fossemos todos mais humildes aprenderíamos com tudo e com todos, pois será na
intercomunhão de ideias, de partilhas e mesmo de culturas que saberemos
construir uma sociedade onde a tolerância deixa de ser ideal para se tornar
projeto de vida e de conduta.
Como
gostaria de saber aprender para que, sem grandes lições, pudesse ensinar! Fica
o desejo. Assim o consiga viver e partilhar, onde quer que me encontre!
António
Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)
Concordo com o texto todo.
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