Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



sexta-feira, 4 de abril de 2025

Quando (regularidade) me devo confessar?

Por ocasião deste tempo da Quaresma podem (ou devem) surgir questões sobre este tema da ‘confissão’, não só no sentido estrito como na dimensão mais ampla e significativa da vivência do sacramento da Penitência.

Num tempo em que percebemos um certo ‘descrédito’ ou menosprezo deste sacramento da Penitência e Reconciliação parece ser oportuno ir às raízes das questões (depois da vivência de outros tempos), sem subterfúgios nem desculpas mais ou menos consistentes.

Nos tempos mais recentes este sacramento foi ‘atacado’ de diversas formas, criando preconceitos, senão mesmo obstáculos à sua vivência de simplicidade e de compromisso em conversão. As questões derivadas dos processos de ‘abuso sexual’ geraram engulhos um tanto difíceis de ultrapassar, sobretudo por parte de quem tenha menos boas (ou mesmo más) experiências. No entanto, isso não pode servir de labéu para com todo o conjunto de graça de Deus que faz em nós a celebração do perdão.

Há décadas que se dizia: por cada confessionário que se fechava abriam vários consultórios de psicólogos ou de psiquiatras. Hoje tal realidade é ainda mais agravada e pode querer manifestar que o dom gratuito do sacramento do Perdão (envolvendo a escuta e a aceitação da absolvição divina) é, por vezes, negligenciado pelos crentes e, sobretudo, pelos católicos praticantes.

= Resumindo as etapas da celebração do sacramento da Penitência e Reconciliação naquilo que se refere aos atos do penitente. «A penitência leva o pecador a tudo suportar de bom grado: no coração, a contrição; na boca, a confissão; nas obras, toda a humildade e frutuosa satisfação» (Catecismo da Igreja Católica n.º 1450).

= Fixemos a atenção naquilo que à parte da confissão se refere:

- A confissão (a acusação) dos pecados, mesmo de um ponto de vista simplesmente humano, liberta-nos e facilita a nossa reconciliação com os outros. Pela confissão, o homem encara de frente os pecados de que se tornou culpado; assume a sua responsabilidade e, desse modo, abre-se de novo a Deus e à comunhão da Igreja, para tornar possível um futuro diferente (CIC 1455).

- A confissão ao sacerdote constitui uma parte essencial do sacramento da Penitência: «Os penitentes devem, na confissão, enumerar todos os pecados mortais de que têm consciência, após se terem seriamente examinado, mesmo que tais pecados sejam secretíssimos e tenham sido cometidos apenas contra os dois últimos preceitos do Decálogo; porque, por vezes, estes pecados ferem mais gravemente a alma e são mais perigosos que os cometidos à vista de todos» (CIC 1456).

- Segundo o mandamento da Igreja, «todo o fiel que tenha atingido a idade da discrição, está obrigado a confessar fielmente os pecados graves, ao menos uma vez ao ano». Aquele que tem consciência de haver cometido um pecado mortal, não deve receber a sagrada Comunhão, mesmo que tenha uma grande contrição, sem ter previamente recebido a absolvição sacramental; a não ser que tenha um motivo grave para comungar e não lhe seja possível encontrar-se com um confessor. As crianças devem aceder ao sacramento da Penitência antes de receberem pela primeira vez a Sagrada Comunhão (CIC 1457).

- Sem ser estritamente necessária, a confissão das faltas quotidianas (pecados veniais) é contudo vivamente recomendada pela Igreja. Com efeito, a confissão regular dos nossos pecados veniais ajuda-nos a formar a nossa consciência, a lutar contra as más inclinações, a deixarmo-nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo com maior frequência, neste sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como Ele (CIC 1458).

= Perante estas orientações da doutrina da Igreja católica precisamos de refletir sobre a vivência de cada um de nós deste sacramento. Vivo-o com regularidade? Sinto nele libertação e caminho de paz? Aprecio Deus misericordioso e a Igreja mãe de compaixão, quando vivo este sacramento?



António Sílvio Couto

Sem comentários:

Enviar um comentário