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terça-feira, 22 de abril de 2025

‘Agora que nos fazias falta, vais-te embora’

 


Esta frase lia poucos minutos após o anúncio do falecimento do Papa Francisco, na manhã do dia 21 de abril, segunda-feira da oitava da Páscoa.

Deste modo nos ficou a sensação de orfandade com que lemos e podemos interpretar a partida do ‘mundo dos vivos’ do Papa Francisco no exercício do seu ministério petrino.

De 13 de março de 2013 a 21 de abril de 2025, Jorge Mario Bergoglio assumiu a tarefa de ser bispo de Roma e Papa da Igreja católica. Com a vetusta idade de 88 anos, Francisco partiu para a ‘casa do Pai’, elogiado por muitos (quase maioria) e criticado por outros (uma ínfima minoria), mais por razões de (alguns) costumes do que do plano da fé… Sobre esta introduziu temas que perdurarão na vida e na conduta da Igreja, dado que já estavam enunciados no Concílio Vaticano II, terminado há quase sessenta anos.

Vinda do outro lado do mundo – como referiu no dia da sua eleição – aportou à Igreja coisas novas e situações velhas – para usarmos a expressão bíblica – à mistura com problemas sangrentos para a vida e a missão da Igreja: sobretudo o tema dos abusos – durante muito tempo incidindo sobre os de teor sexual, mas que agora emergiam outros talvez mais gravosos para tudo e envolvendo muitos mais… Não podemos esquecer que foram essas temáticas que levaram Bento XVI a resignar, em 2013, com a marca da surpresa dolorosa e sob a penumbra do escândalo.

Por agora pode confundir-se poeira com lamúrias e admiração com elogios baratos. Em breve tudo assentará e poderemos perceber quem captou a mensagem trazida por este Papa, cujos gestos e sinais precisam de ser descodificados, mas não de forma preconceituosa ou enlameada de ideologia, seja ela económica, ético/moral ou mesmo teológico-doutrinal… Na rica subtileza de um homem de Deus, o Papa Francisco pode ser interpretado por diversos prismas, podendo confundir-se leituras com sensibilidades mais ou menos subtis e quase interesseiras de um certa luta pseudo-dialética… A esperança não nos engana, seja qual for a perspetiva por onde queiramos introduzir o Papa para ser apreciado.

* Encíclicas
- Lumen fidei (Luz da Fé), assinada em 29 de junho de 2013, publicada em 5 de julho de 2013. Primeira encíclica do seu pontificado, que havia sido iniciada pelo seu antecessor, Bento XVI;
- Laudato si' (Louvado Seja), publicada em 18 de junho de 2015, apela à ação contra o aquecimento global e a degradação do meio ambiente;
- Fratelli tutti (Todos irmãos – sobre a fraternidade e a amizade social), publicada a 3 de outubro de 2020;
- Dilexit nos (Amou-nos - sobre o Amor humano e divino do coração de Jesus), publicada a 24 de outubro de 2024.
* Exortações apostólicas
- Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho), publicada em 24 de novembro de 2013. Exortação Apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual;
- Amoris laetitia (Alegria do Amor), publicada em 8 de abril de 2016. Exortação Apostólica sobre a alegria do amor na família;
- Gaudete et exsultate (Alegrai-vos e exultai!), publicada em 19 de março de 2018. Exortação Apostólica sobre o chamamento à santidade no mundo atual.

Embora não viajando tanto como alguns dos antecessores, fez cerca da quarenta viagens apostólicas, tendo-se deslocado duas vezes a Portugal, por ocasião do centenário das aparições em Fátima e das JMJ 2023… Viveu, como todos nós a provação da pandemia, interpretando melhor do que ninguém a angústia de todos.

Nos últimos anos clamou pela paz na Ucrânia e na Palestina e não esqueceu tantos dos conflitos em África e da desumanidade dos refugiados e das vítimas dos conflitos armados.



= A Igreja sempre foi cuidada por Papas adequados aos tempos em que vivemos. Assim cremos e desejamos que aconteça a quem venha substituir na cátedra de Pedro, Francisco… O Espírito Santo sabe!



António Sílvio Couto

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