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sexta-feira, 11 de abril de 2025

Discussões sobre calvície

 

Estávamos num debate frente-a-frente entre dois chefes de partidos algo antagónicos na visão ideológica e política quando um deles atirou: se perguntarmos a RR como se resolve o problema da calvície em Portugal, eu tenho a certeza que o RR dirá: baixando um imposto... Ao inquirir o que o outro faria, aquele retorquiu que o adversário (PNS) haveria de defender que a calvície se resolveria com mais um imposto... A troca de galhardetes continuou até terem atingido quinze minutos de ‘ideias’ cada um e ficar tudo igual ao antes disputado.

1. Será que a calvície se resolve com mais um ou menos um imposto? Será que com esse mais ou esse menos não trará calvície a quem seja submetido ao aumento de impostos? Este argumentário é sério ou quiseram introduzir alguma ligueireza nos temas a debater com mais ou menos cabelo? Não será que a seriedade das coisas se pode medir pelos assuntos adventícios aduzidos ao debate? Distrações servem de fait-divers para não dizer o que é preciso...

2. Os tempos não correm de feição para quem pretenda tomar as rédeas do país. Mais as coisas de fora do que as intestinas importa analisar com verdade e serenidade. Nunca por nunca haverá eleições cruciais ou que depois delas seja o fim... só se for de algum dirigente derrotado. Com efeito, cada eleição - seja qual for a instância ou a abrangência (nacional, regional, autárquica ou presidencial) - está inserida no seu tempo histórico e psicológico. As últimas são sempre as mais importantes, embora as devamos, posteriormente, analisar à luz de outras em contextos, por certo, diversos e também significativos.
Como seria fulcral que se deixasse de fulanizar as discussões e se centrassem os intervenientes nas ideias e nas propostas bem avalizadas para o futuro. Por vezes criam-se certas cortinas de fumo que só servem de distração do essencial, levando a perder tempo e a saturar quem quer ser esclarecido para uma escolha consciente e informada.

3. As máquinas de propaganda - rotuladas de gabinetes de imagem ou de comunicação social - instruem (dão indicações e ordens) aos candidatos, fazendo com que mais parece um jogo de marionetas do que uma ação humana com pessoas tiradas de entre o povo normal. Com os recentes debates isso é mais manifesto e quase se pode aferir de um para outro dos combates...

4. Já lá vai o tempo dos comícios e manifestações ou de caravanas automóveis percorrendo as ruas e as estradas…ou mesmo as arruadas. Hoje a matéria de comunicação está sob a alçada dos meios de internet. Os métodos de fazer campanha mudaram e as circunstâncias muito mais, mas os objetivos persistem: angariar votos para que o projeto apresentado seja vencedor e possa haver solução para os problemas de cada época...

5. Aquando da convocação das próximas eleições legislativas, o bispo de Setúbal fez publicar uma nota pastoral da qual vamos extrair breves excertos.
«Desejo apelar à participação política de todos vós, nas várias eleições que se avizinham: Legislativas, Autárquicas e Presidenciais. (...) Mais que slogans vazios e ocos, procuremos escutar e dialogar com quem fale dos problemas reais e das respetivas soluções, como é o caso da saúde, da educação ou da habitação; os pensionistas, os estudantes, os jovens, os trabalhadores, os precários, os migrantes, a preocupação com a sustentabilidade da segurança social, com a mobilidade, a ecologia integral. Escutar aqueles que, com verdade, não escondem a dificuldade do caminho e do processo e não embarcam em soluções mágicas, fantasiosas e imediatas. Na verdade, escutar aqueles para quem a pessoa, cada pessoa, é o centro e a razão primeira do tão nobre exercício da política».
Lendo e refletindo sobre estas palavras-escritas de D. Américo Aguiar assim consigamos esclarecer-nos, decidir e votar. A abstenção é nitidamente a arma dos cobardes, sempre!



António Sílvio Couto

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