O resultado das eleições nos Estados Unidos da América trouxeram à luz do dia uma certa confusão que reinava e continua a singrar nalguns setores da comunicação social, dizemo-lo, simbolicamente, só na vertente de expressão lusitana. Com efeito, os mais de duzentos milhões de eleitores americanos escolheram de forma clara quem querem que os governe, mesmo que isso possa criar engulhos em que se sente (sentimental e ideologicamente) derrotado… De facto, vimos proliferar nas nossas hostes jornaleiras posições de pessoas que se apelidam de ‘democratas’, mas só o são quando ganham os da sua simpatia.
1. O vencedor, Donald Trump não colhia muita preferência em diversos níveis da Europa e de outros países ditos do arco ocidental. No entanto, nas hostes nacionais Trump foi o mais votado em vinte e nove estados (294 votos de grandes eleitores) e Kamala Haris em dezanove estados (com 225 voto no colégio eleitoral)… Estes resultados como que contrariaram as sondagens, especializadas em confundir e em deixarem cada qual na expetativa de ganhar a sua preferência, mesmo naqueles que nada tinham a pronunciar-se.
2. No título deste texto apresentamos a palavra ‘gorgulho’ como adjetivo deste ambiente suficientemente preconceituoso com que tivemos (ou teremos) de viver nos tempos mais recentes e na leitura ideológica dos resultados das eleições americanas. ‘Gorgulho’, conhecido também como ‘caruncho’ é uma espécie de praga que ataca as culturas agrícolas (milho, arroz, trigo) e, quando dá para proliferar, torna-se de difícil combate. O gorgulho penetra nas sementes, deixando-as sem conteúdo e só com a parte exterior… Ao nível psicológico o gorgulho é de tremenda complexidade, pois mina a confiança, embora pareça que nada acontece; deixa um rasto de destruição só percetível mais tarde; cria nas pessoas e nas instituições graves consequências…
3. A gorgulhocracia tem hoje foros de pandemia, pois vemos emergirem tantas posições políticas, sociais e culturais que temos de saber discernir onde se enraízam certas tomadas de comportamento: tantos/as que se engrandecem à custa do mal alheio, numa espiral de maledicência que se vai tornando um modo de ser e de estar generalizado. Efetivamente há muitas pessoas que colocam uns óculos de manobra para tentarem pronunciarem-se sobre estas questões que têm envolvido as eleições nos Estados Unidos da América: qual verme que corrói, assim nos querem condicionar a pensarmos segundo aquilo que temos visto e ouvido nas televisões e veiculado pelos jornais.
4. Será que temos de duvidar da sanidade dos americanos, quando escolheram Trump em detrimento de Kamala? Onde está a verdade, lá, onde conhecem os candidatos e aquilo que propõem, ou por cá, onde nos tentam intoxicar com ideias que são mais ideologias do que notícias? Com que direito podemos interferir nas escolhas dos americanos, se vão ser eles quem irão ser governados por quem escolheram? Não andaremos a ser manipulados por mentores transnacionais sem crença nem lugar para Deus?
5. Repare-se no sururu que foi a resposta que o Papa Francisco deu à pergunta sobre em quem votaria, se pudesse, nas eleições americanas? Respondeu que em nenhum, pois ambos apresentavam propostas contra a vida… Seríamos capazes de seguir este critério nas nossas escolhas na hora de votar? Com efeito, as propostas contra os valores do Evangelho são mais do que muitas e saber ter opinião é estar esclarecido para decidir…
6. Os tempos que vivemos são de grande desafio. Lá como cá, temos de não confundir o essencial com o secundário nem de trocar o verdadeiro pelo efémero.
António Sílvio Couto
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