Agora como na afirmação das civilizações, a água tornou-se um fator de poder e de relevante importância para a sobrevivência das pessoas e das sociedades. Se repararmos as cidades mais significativas estão situadas na bacia de algum rio ou na proximidade ao mar. Por isso, a água é nitidamente um fator de desenvolvimento e de consolidação das civilizações, antes como agora.
1. Nos tempos mais recentes assistimos a alterações graves e quase repentinas onde a água está como sujeito: umas vezes por excesso (inundações e tempestades) e outras por ausência (secas e condicionamentos). De bem quase normal e sem restrições tornou-se a água num bem precioso e do qual devemos cuidar com toda a atenção. Cresce a consciencialização de que já não é inesgotável, sobretudo se atendermos à água potável.
2. Hoje, na nossa sociedade (dita) ocidental, temos acesso à água como produto fornecido por entidades municipais ou regionais e fomos descobrindo sobre a água múltiplas contingências, desde a captação até ao consumo e mesmo à sensibilização para o bom uso de um produto que, sendo de todos, deve ser preservado (no uso e na vivência coletiva) com ainda com maior cuidado.
3. Além do abastecimento de água, que inclui o consumo e uma tarifa de disponibilidade, os consumidores também pagam os serviços de saneamento e de recolha e tratamento de lixo na sua fatura da água. Foi com base nestes três valores, definidos pelo Estado, por cada município e/ou conjunto de municípios (dependendo da zona do país), tendo deixado de fora os impostos que acrescem às faturas. Se consultarmos com atenção a faturação da água veremos que o consumo desta é a parte mais ‘barata’ do leque de itens…
4. Surgiram recentemente notícias sobre as discrepâncias de custos da mesma quantidade de água nos vários municípios, segundo uma entidade reputada do âmbito das questões ambientais e, em concreto, deste tema da água. Eis alguns dados: para consumos anuais de 120 metros cúbicos de água – em Amarante o custo é de 494,47 euros, em Oliveira de Azeméis de 491,94 euros, em Ovar de 477,81 euros, em Albergaria-a-Velha de 477,15 euros, em Baião de 476,24 euros...os cinco preços mais elevados do país. Foz Côa – 94,09 euros, Castro Daire – 108 euros, Terras de Bouro – 108,38 euros, Vila Flor – 114 euros e Vila Nova de Paiva – 124,20 euros...estão no extremo oposto, cobrando os valores mais baixos.
5. Este tema da água vai-se tornando um assunto de primaz importância, não só pela necessidade que temos dela, como dos riscos que corremos em fazermos perigar o bom uso e a correta relação dos cidadãos como este bem precioso e essencial para a vida. Para além de ser um assunto presente em todas as expressões religiosas, a água é, de facto, um sinal da vida humana, psicológica e mesmo espiritual. Por isso, temos de incluir na nossa educação – geral e específica – a reflexão sobre o significado da água e das implicações pessoais, familiares e sociais da água, enquanto elemento que guia a vida e como força geradora de mais e melhor condição de vida.
6. É pena que forças exotéricas se queiram apropriar da linguagem interpeladora do tema da água e mesmo pela manipulação de certas crenças em relação à mesma. Por vezes são os cristãos quem menos reflete sobre a incidência da água na sua expressão religiosa. Quantas vezes, a ‘água batismal’ deveria ser mais referida na prossecução dos ritos cristãos e católicos em especial. Como seria útil e essencial valorizar o nosso uso diário da água, desde a forma de hidratação até ao uso na higiene/limpeza, passando pela ação recorrente nas atividades económicas, ambientais e religiosas.
7. A água é vida e deve ser tratada como dom de Deus, isto é, nas palavras de S. Francisco de Assis: louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água, que é tão útil e humilde, precisa e casta!
António Sílvio Couto
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