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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Na esgrima das palavras... falha a mensagem

 

Estamos a cerca de um mês do ato eleitoral nacional. Por estes dias temos assistido a lutas de esgrima dos diversos concorrentes na apresentação das desejadas várias propostas...na sua maioria mais recauchutadas do que inovadoras à mistura com alguns tiques de quem já não sabe nem é capaz de fazer melhor!

André, Inês, Luís, Mariana, Paulo, Pedro, Rui e Rui - por ordem alfabética, sem apelido nem quaisquer preferências - tais são os intervenientes nessa esgrima de palavreado quase numa desconstrução da comunicação da mensagem do antes, agora e para depois...

1. No circo de outras épocas (campanhas e debates, comícios e manifestações, arruadas e comezainas) os figurantes eram mais credíveis, não só pela idade como pela consistência das propostas. Os que agora competem são quase todos novos - a maioria ainda não tinha nascido aquando da revolução do ‘25 de abril’ - e a credibilidade não foi ainda posta à prova. Os meios envolvidos - de comunicação e mesmo de envolvimento social - são diferentes daqueles a que estávamos habituados. Tudo é mais rápido e, por vezes, menos amadurecido no conteúdo e na forma.

2. Goste-se ou não, mas as eleições nos Açores, a 4 de fevereiro passado, foram como que as primárias das legislativas de 10 de março. Seria um erro crasso negligenciar o significado e a repercussão que os resultados nas ilhas tiveram e têm no futuro do resto do país. Para quem perdeu convém dar a entender que o que lá aconteceu foi distração dos organizadores da refrega. Os que ganharam ainda não perscrutaram o alcance das consequências daí advindas. Para muitos do comentadeiros seria reconhecer que aquilo que dizem não é levado a sério e tão pouco sabem ler os sinais das populações, isto é, são desacreditados sem apelo-nem-agravo... Se há quem se deixe ir na onda de certos papagaios, outros pensam pela sua cabeça e reduzem à insignificância quem se julga influenciador das escolhas dos outros... Até as sondagens andam aos papéis para tentarem acertar o menos mal possível.

3. Mais uma vez será escusado insistir na dramaticidade destas eleições, pois, quando tal quiseram impor como que isso serviu antes para desmobilizar os votantes. Nada acabará de ser como era, nem sequer o famigerado ‘sns’ (serviço nacional de saúde’), que todos proclamam defunto, mas que renasce qual ‘fénix’ de entre as pedras do caminho e as mazelas da vida. Os temas de campanha andam, desta vez à volta da saúde, da educação, da habitação e pouco mais, notando-se que se tenta varrer para fora da vista questões como a segurança (pública/polícias e social), a justiça (morosa e quase injusta), os temas da vida (eutanásia aprovada, mas não regulamentada e, por isso, sem efeito prático algum), a sobrevivência do setor primário (com a agricultura e as pescas à deriva, por entre medos e contestações)... A migração tem sido mais arma-de-arremesso do que objeto de reflexão séria, serena e com compromissos de todos, dado o envelhecimento da população e os consequentes resultados.

4. A radicalização - direita esquerda - custou a chegar, mas está cada vez mais acintosa para qualquer dos lados, podendo vir a criar-se uma fratura entre as partes, sobretudo, se todos se considerarem o centro das razões, embora com falaciosas decisões. Será que já se percebeu o que define ser fiel em ‘esquerda’ ou ‘direita’? Se for o pendor de intervenção do Estado na vida dos cidadãos talvez caminhemos para novas ditaduras democráticas! Há pessoas que não sabem lidar com a diferença...

5. A título de exemplo andei a escogitar dados quanto ao círculo eleitoral de Setúbal. Este tem pouco pouco mais de 750 mil eleitores, que escolherão dezanove deputados. Uma nota digna de registo pela quase inusitada coincidência: seis dos partidos, que costumam eleger deputados neste círculo, as cabeças-de-lista são mulheres... O bispo diocesano disse, recentemente, que queria reunir com os/as cabeças de lista concorrentes no próximo ato eleitoral. Talvez haja surpresas!



António Sílvio Couto

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