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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Confundidos pelos rateres

Por estes dias surgiu na linguagem político-cultural a palavra ‘rateres’. O que é e como se verifica estes fenómeno da área da mecânica automóvel ou mesmo de combustão em motores... classificando os estampidos violentos de alguns tubos de escape. Esse barulho anormal poderá ser devido ao mau funcionamento de um motor de explosão...
Ora, numa apreciação algo anormal, uma agremiação política terá confundido esses rateres com o som de armas de fogo. gerando-se, assim, alguma apreensão, tendo em conta o local (final de uma feira semanal), as coincidências (passagem de uma caravana em propaganda) e uma espécie de conflitualidade das forças em apreço com certas posições um tanto exageradas, tanto na forma como no conteúdo.

1. Assim sendo o que leva alguém a lançar uma espécie de labéu sobre sobre um fenómeno que, para além de possível e normal, nos veículos de combustão e cuja explosão poderá denunciar o menos bom ou mesmo mau estado do motor do veículo? Não deveria haver mais ponderação nas sensações emotivas de figuras que podem cair no ridículo ao confundirem as coisas? Não revelará este tipo de reações um outro mal-estar pessoal e de grupo e que, com facilidade, criam e difundem fantasmas?

2. Agora que estamos no olho do furacão para as eleições legislativas parece que se acentuam efervescências que deixarão, no futuro próximo (depois de 11 de março – data simbólica), a maior parte dos intervenientes mal colocados, senão mesmo podendo servir de tema para rábulas humorísticas... à saciedade. De facto, muitos dos intérpretes das propostas partidárias denotam algum desequilíbrio emocional, na medida em que gastam mais tempo a contestar os outros do que a apresentarem as suas propostas. Por este andar iremos ser guiados a escolher os menos maus do que os mais competentes, a votar em quem não queremos que venham a governar do que a dar-lhes assentimento e credibilidade.

3. Citamos a nota do conselho permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, do passado dia 19 de fevereiro, intitulada: ‘Eleições Legislativas 2024: Restituir a esperança aos cidadãos’
«No tempo de debate e reflexão pré-eleitoral em que nos encontramos, exige-se um diálogo honesto e esclarecedor entre os partidos políticos, com a apresentação de programas exequíveis e conteúdos programáticos que não se escondam por detrás de manobras mediáticas e defraudem a esperança dos cidadãos (n.º 3).
(...)
A responsabilidade é de todos, dos políticos e de quem os elege, dos que definem projetos e de quem faz escolhas, daqueles que apresentam propostas e de quem se preocupa em delas ter conhecimento para votar conscientemente. Escolher quem nos representa no Parlamento é um dever de todos e ninguém deve excluir-se deste momento privilegiado para colaborar na construção do bem comum. A abstenção não pode ter a palavra maioritária nas eleições do próximo dia 10 de março» (n.º 5).

4. Muito honestamente: dispensamos os estalidos de rateres que ouvimos, que vemos ou que lemos nas ruas e nos meios de comunicação. Não é preciso ficar pela aparência, temos de nos comprometer com todos e para todos. Votar: um direito, um dever.



António Sílvio Couto

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