Vai tomar posse, por estes dias, o XXIII governo
constitucional. Saído das eleições do final de janeiro passado, está fundado
sobre uma maioria eleitoral, vertida em deputados e reduzindo as oposições a
algo pouco mais que figurativo no espetro parlamentar, o que não quer dizer
social ou reivindicativo.
Atendendo a momentos anteriores de ‘maioria
absoluta’ – de um só partido ou de coligação – poderá ser útil reportar-nos a
esses momentos, perscrutando o seu significado e como todas caíram apodrecidas,
esvaziadas ou como foram vencidas…
Nas quinze eleições legislativas realizadas desde o 25 de Abril de 1974,
contando com as primeiras, de 1975, para a Assembleia Constituinte, o PS foi
sete vezes a força mais votada, o PSD cinco vezes e mais três em coligações
pré-eleitorais...
A primeira intervenção, em 1977, aconteceu num período em que o país registava
uma taxa de desemprego superior a sete por cento, os bens estavam racionados, a
inflação era crescente chegando a alcançar os 20 por cento, havia forte
conflitualidade política e o escudo estava desvalorizado.
A segunda intervenção, em 1983, dá-se durante o período do chamado bloco
central, um Governo de aliança entre PS e PSD, liderado por Mário Soares. Foi
quase um Governo de emergência nacional, criado por se considerar que seria a
melhor forma de combater a grave situação económica do país…ainda for a da
União Europeia.
O pedido de apoio repetiu-se em 2011, após um governo de José Sócrates, numa
altura em que as finanças públicas estavam de novo à beira da rutura.
Diz o povo e com razão na primeira qualquer um cai,
na segunda cai quem quer e na terceira só cai quem não pensa…Pelo tempo de
aprendizagem efetuado já deveríamos desconfiar de umas certas medidas, que têm
dado, quase sempre, os mesmos resultados. Com efeito, lançar dinheiro sobre os
problemas não os resolve, antes os adia, mesmo que possam ser, por algum tempo,
camuflados. ‘Proteger’ os pobres com meios de subsidiodependência serve para
nunca se enfrentar as verdadeiras questões, essas que são estruturais,
congénitas e culturais. Quando sermos capazes de não disfarçar nem de enganar
as pessoas?
António
Sílvio Couto
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