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quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Armadilha do ‘azul e rosa’


Vindo do outro lado do Atlântico chegou à nossa sociedade a discussão do ‘azul e rosa’, isto é, a insistência em conotar com estas cores o sexo das pessoas: azul para rapaz e rosa para rapariga. Numa declaração mais fundamentalista – no correto e essencial significado do termo – das cores do sexo masculino e do sexo feminino, respetivamente.

Será este o problema essencial na vida daquele país? Teremos nós de entrar numa discussão que tem tanto de inoportuna quanto de patética? Para ir ao fundo do problema – a ideologia de género – será preciso arranjar fait-divers com perda de tempo e de significado? Trazer novamente este assunto para a praça pública, no contexto geral e nacional, será algo de sério ou de mero folclore sem engenho? 

= Parece importante tratar esta questão como racionalidade e não reduzi-la a um amontoado de emoções, muitas delas mal digeridas e, sobretudo, vulgarizar uma discussão que devia ser serena e sensata. Num tempo tão marcado por interesses de lóbi, este assunto ‘azul e rosa’ e dos mais fraturantes em certas sociedades e sê-lo-á ainda mais se forem introduzidos acepipes de natureza politica, partidária ou mesmo religiosa…

Este assunto pode até camuflar angústias a quem vive o problema de forma dorida, misturando tudo e o seu contrário para que se vá disfarçando outros problemas e adiando a solução do que é sério. Isto não é uma questão de direita nem de esquerda, é um assunto da personalidade da pessoa humana, no concreto de alguém que tem, vive e sofre consigo mesmo e no relacionamento com os outros. Mal vai o problema, seja ele qual for, se o próprio não se sente parte da solução e entrega esta a outrem que o pode manipular e usar como mais lhe convier. 

= De facto, não será pela cor da roupa que iremos guiar-nos nem ficaremos pendurados na bandeira do ‘arco-íris’ para sermos mais ou menos defensores da igual dignidade das pessoas, tenham elas a orientação sexual que manifestem. Com efeito, esta questão do ‘azul e rosa’ – adstrito ao sexo que se considere – não passa dum falso problema e, por vezes, não é quem muito fala e reclama que mais faz pelo reconhecimento e a aceitação da diferença. Efetivamente, torna-se complicado discernir o que é ou pode ser congénito daquilo que é ou pode ser influência do meio e mesmo da educação. Por isso, não podemos deixar-nos condicionar por ‘modas’ nem por ‘fantasmas’, sejam de que coloração se apresentarem, pois cada pessoa é única e irrepetível e merece ser tratada com respeito, com sensatez e, sobretudo, com o máximo da dignidade…coisa que certos setores não têm deixado que seja feito, tentando impor a tal ‘ideologia de género’, que mais não é do que um género de ideologia, pretensamente progressista, mas manipuladora dos sentimentos e das emoções das pessoas mais fragilizadas e, por vezes, marginalizadas… 

= Valerá a pena reler o que diz o Catecismo da Igreja Católica sobre este assunto: «Um número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente enraizadas. Esta inclinação objetivamente desordenada constitui, para a maioria, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus em sua vida e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa de sua condição» (n.º 2358)

Toda a forma de discriminação é considerada ofensiva. Também neste campo ela é assim… Tudo o resto – o favorecimento em particular – por ser desta forma não será maior discriminação de quem não é dessa forma? Ou será obrigatório deixar de ser normal para se ser exceção? Excecionar em excesso faz disso normalidade?

 

Por favor: haja maior bom senso e superior racionalidade, seja lá a cor de que se vista ou pela qual se tenha preferência, em vestir, despir ou assumir!    

 

António Sílvio Couto

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