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sábado, 9 de dezembro de 2017

Ao estado (deplorável) a que chegamos…


Por entre os mais recentes assuntos da ‘nossa’ vida política, económica, social e até religiosa, veio-me à lembrança uma observação que ouvi a um dos escolhidos para uma tarefa de âmbito comunitário/coletivo: vejam lá a que estado chegou a minha… (encubro a entidade) para me escolherem a mim! Parece que não tinham melhor!

De facto, ao vermos a eleição do ministro das finanças de cá como o escolhido para mandar – será que o presente não é um engulho encapotado? – na Europa…fica-nos a sensação que teve o lugar, sobretudo, tendo em conta a coloração ideológica e pouco menos.

– Ao vermos surgirem como solução pessoas que, noutras épocas não seriam tidas nem achadas para qualquer caso, mais parecem ser problema, dada a sua complexidade e falta de qualificação…podendo, muito em breve, passarem a ser, de facto, complicações sérias.  

– Quando vemos serem entregues tarefas de responsabilidade mais a quem se insinua do que a quem reúne as condições para o exercício das missões em perspetiva e/ou em execução… dizemos isto envolvendo mesmo serviços de âmbito religioso/católico.

– Quando vemos ser nivelado pelos pés aquilo que deveria ser apreciado pela melhor e mais alta prossecução de objetivos e de desafios… incluindo movimentações no setor desportivo/clubístico mais assanhado.

– Quando vemos que quem defende a atual tendências da economia da geringonça, mas já adverte de que ‘vamo-nos aproximando de um novo colapso financeiro’…por que não havemos de acreditar nesta prevenção e não nas ilusões que, diariamente, nos vendem.

– É notório que a maior parte da comunicação social tem um (quase) ódio de estimação pelo atual presidente americano, bastando um leve aceno contra uma tal corrente instalada e logo surgem atos e factos que deixam o homem num estado deplorável… Será que a mais recente luta – contra a simples e significativa mudança de embaixada para Jerusalém – merece tal tratamento noticioso e opinativo? Não andaremos a servir outros interesses bem mais perigosos e mortíferos? Temo quase sempre essa leitura de carneirada sobre certos assuntos e para com determinadas pessoas… pois a tendência dialética formatou muita gente! 

Esta meia dúzia de ‘episódios’ aduzidos – a lista poderia estender-se por dezenas – traz-me à memória a necessidade que temos de saber quem somos, qual a nossa missão ou tarefa a desenvolver e, sobretudo, essa questão simbólica: depois da minha passagem pelo espaço disto a que chamamos Terra, qual o rasto que vou deixar: será meramente de lixo ou desejo, posso e quero semear algo que deixe o mundo mais humano e, por isso, mais cristão?

Porque somos todos muito mais do que um amontoado de átomos ou um conglomerado de células. Porque temos todos a marca divina, mesmo quem nem sempre a assumamos ou cultivemos. Porque não há ninguém que não tenha nada a dar e muito menos a receber. Porque vivemos numa interdependência contínua e crescente. Porque só poderemos crescer – humana, intelectual/emocional e culturalmente – quando nos abrimos aos outros, pela diferença e a complementaridade.

Será preciso que não nos deixemos adormecer pelos embalos subtis de quem nos comanda, seja lá a ‘autoridade’ que for, pois nunca poderão matar em nós a dimensão mais humana da nossa condição vivente: a da espiritualidade, particularmente tendo em conta a nossa memória pessoal, familiar e comunitária. Ora é isso que celebramos no Natal: a fundamentação da nossa fraternidade universal, pois um Deus fez-se homem e pela sua encarnação nos veio divinizar. Tudo o resto que se possa apensar ao Natal não acrescenta nada de significativo. Este mistério dum Deus-humanado deve fazer-nos mais humildes e verdadeiros, mais simples e sinceros, mais capazes de olharmos os outros de frente, pois neles nos revemos e aprofundamos, colhendo as lições de sabermos aprender com os nossos erros e com os sucessos alheios…  

Vinte e um séculos depois do nascimento de Cristo parece que estamos ainda a começar. Agora a caminhada tem outras dificuldades, na medida em que alguns, que vivem como se Deus não-existisse, nem sempre respeitam com idêntica atitude tal como gostam de ser respeitados. Nesta cultura ocidental, particularmente europeia, há quem usufrua dum certo espírito de cristandade, mas satirize o que lhe dá origem… Assim, não!

 

António Sílvio Couto  



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