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segunda-feira, 3 de abril de 2017

Promover e dar voz às famílias


‘Vivemos num mundo que parece querer fechar-se. Se queremos mudar temos de promover e dar voz às famílias’, de modo a que se defenda um mundo mais humano – disse D. José Ornelas, no domingo, dia 2 de abril, no santuário de Cristo Rei, Almada.

O Bispo de Setúbal intervinha na quarta e última catequese quaresmal, subordinada ao tema: Igreja, família de famílias. Esta catequese esteve integrada ainda no ‘dia diocesano da família’, que decorreu naquele santuário e reuniu centenas de famílias de toda a diocese… muitas delas com crianças ainda pequenas.

Esta quarta catequese teve três aspetos: do eu ao nós; Igreja-família; irmãos e irmãs ao serviço da grande família de Deus. 

= ‘A família é o espaço onde o encontro se faz carinho’, referiu D. José Ornelas, pois a ‘dinâmica do ‘eu ao nós’ não se fecha na própria família/casa’, na medida em que ‘é na abertura às outras famílias que se desenvolvem os povos’. Neste sentido, o Bispo de Setúbal apelou para que ‘os movimentos de cariz familiar devem estar atentos e dinamizados’, por forma a intervirem, no processo de humanização, onde a família deve contar… 

= Na segunda parte da catequese, D. José Ornelas centrou a sua atenção numa passagem bíblica onde se refere a escolha dos doze apóstolos e de faz o confronto com a família de sangue em Jesus passando para a família da fé. ‘Jesus rejeita a família fechada, controlada’, defendendo que ‘a verdadeira vocação da família humana tem como horizonte a paternidade/maternidade do Pai do Céu’. Com efeito, ‘Jesus leva o espírito de família para dentro da comunidade’. O Bispo de Setúbal realçou duas figuras que caraterizam a Igreja – mãe e irmão/irmã, com a ‘função materna que transmite a vida, educa e cuida dos mais débeis’, tipificada em Maria e a dimensão fraterna – irmão/irmã – que são ‘consequência da maternidade da Igreja’. 

= Na última parte desta catequese, D. José Ornelas falou da vocação dos padres e consagrados/as como irmãos e irmãs chamados a estar ao serviço da grande família de Deus. Partindo da consideração de que estas pessoas ‘não são incapazes de afeto’ nem seguiram esta vida (vocação) por traumas de teor afetivo, o Bispo de Setúbal referiu que ‘quem não tenha coração de pai não pode ser padre nem quem não tiver coração de mãe não pode ser consagrada’. Atendendo a isso, D. José Ornelas salientou ainda que estas vocações ‘não podem prescindir do amor ou, então, seriam inúteis’. Estes vocacionados têm de viver ‘em diálogo com Deus e com os outros’ ao longo de toda a sua vida, pois devem ‘aprender a serem irmãos e irmãs com os outros’.  

* Ao longo desta quaresma a Igreja de Setúbal pode escutar o seu Bispo em ensino sobre a temática da família. Foram momentos interessantes e que reputamos de importantes não só pela urgência do tema, mas também pela faculdade de podermos aprender em comum as linhas essenciais do ministério do nosso Bispo. As vertentes analisadas foram simples e em linguagem entendível, tanto para clérigos como para leigos. Em geral houve interesse por parte dos ouvintes, embora pareça que uma grande parte ainda se limita a fixar de ouvido, o que nem sempre deixa grandes marcas para além da audição momentânea. Apesar do recurso às gravações/filmagens seria de todo importante investir na tomada de notas para reflexão pessoal e familiar…  

* Um outro aspeto a ter em conta de futuro deveria ser a participação sistemática em todos os subtemas – o conjunto é que faz a totalidade – bem como deveriam ser relativizadas todas as outras ações particulares – por muito importantes ou tradicionais que possam ser – tanto de paróquias como de movimentos e outras devoções. Dá a impressão que temos ainda um longo caminho a fazer e a partilhar. Parece que o principal e essencial interesse dos leigos como que repercute o entendimento e a participação dos seus responsáveis, nessa subtil linguagem de alguém se dizia, por contraste, se o Papa fala e os bispos não ouvem; se os bispos falam e os padres não escutam; como poderão os leigos escutar se veem que os seus guias não dão o exemplo… Não basta mandar, é preciso ter autoridade… na família, na paróquia, na diocese! 

 

António Sílvio Couto




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