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segunda-feira, 10 de abril de 2017

Denunciados…confirmam certas suspeitas?


Há umas semanas um tal ministro das coisas económicas (finanças ou economia, tesouro ou das contas de comprar e vender), dum país da Europa central – qual pêndulo das obrigações do norte para com as regalias do sul – deixou escapar que alguns países gastaram as ajudas para equilibrar as suas obrigações com dinheiro em ‘copos’ e outros (pretensos) vícios… aqui nos escusamos a referir essa outra categoria da tal retórica acusadora... Houve reações mais ou menos inflamadas, à mistura com o recurso a ironias ilustradas com pinturas de ‘ébrios’ holandeses… Uns tantos quiseram que o tal ministro caísse – por auto-demissão ou por votação em ordem à destituição – pedindo desculpa aos ofendidos, por sinal quase só os portugueses…e nem a afinidade partidária deixou que, por cá, invetivassem o senhor de forma menos agressiva… Lá pelos países baixos o tal ministro do dinheiro tinha acabado de perder – com estrondosa expressão – as eleições e nem sabemos se uma coisa – o que foi dito – poderia ser reflexo dalguns vapores etílicos – que ele via nos outros – usados para esquecer o desempenho em casa…

Entretanto, foi notícia nos últimos dias a expulsão, no sul de Espanha, dum numeroso grupo – dizem que mais de mil – de adolescentes/jovens dum hotel onde terão ocorrido distúrbios, prejuízos e ofensas… derivados do abuso do álcool e de outros devaneios mais ou menos graves. A serem assim os factos, estes estudantes – ao que parece ainda no final do ensino secundário – como que confirmaram, com atos e atitudes, aquilo que o tal ministro holandês disse semanas atrás… Não deixa de ser significativo que alguns pais (ao que se disse também serão professores) tenham vindo defender os seus rebentos, tentando atenuar as culpas e retorquindo sobre os culpados acusadores…

– Dizer que tudo isto é inquietante poderá parecer mais um recurso de pessoas ‘velhas’ (cotas no dizer dos novos), que não apreciam as liberdades dos mais novos e as tropelias própria da idade. Talvez possa ser dado este rótulo de antiquado, mas será que a diversão tem de prejudicar os outros e de deixar marcas para o futuro dos que, pretensamente, se divertem? 

– Como poderemos acreditar que seja preciso fazer uma festa de ‘finalistas’, quando nem o ano terminou e tão pouco o percurso de estudos atingiu uma parte significativa? Não se estará a permitir a exploração dos mais novos pelos mais velhos, que assim os manipulam, os enganam e os tentam ludibriar com festinhas sem nexo ou contexto?

– Até onde irá a (in)consciência de tantos pais/mães para deixarem ir filhos/filhas para tais eventos, pagando-lhes tudo (até cauções de prejuízos), sem terem percebido claramente onde os meteram? Não será que estes episódios denunciam a falta de autoridade dos progenitores, atirando para a escola a faculdade de educar, em vez de serem eles a assumirem-na como tarefa intransponível e necessária? 

– Qual a responsabilidade da escola em tais façanhas, que deixam má reputação dos seus alunos, que deviam ser, sobretudo, estudantes? Ou será que a fase da neo-adolescentização preenche os quadros docentes, equivalendo-se àqueles/as que deviam ensinar? 

= Porque acreditamos que os mais novos – adolescentes e jovens – são o futuro da nossa sociedade, cremos que será urgente apostar neles, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas. Muito mal irá uma sociedade se não souber escutar os mais novos, pois eles/elas têm ideais, que podem mudar o que, em seu entendimento, não está bem agora. Só quem tenha sido adolescente e jovem a sério – com idênticos desejos e pretensões de mudança – poderá entender o que eles/elas querem, sem lhes coartar as asas, mas antes esperando que voem e aceitando que errem, sem lhes cobrar as asneiras, mas antes fazendo-os/as aprender com seus erros e as menos boas opções...

Não deixa de ser sintomático que o Papa Francisco tenha convocado um sínodo, para outubro de 2018, com o tema: ‘a juventude, a fé e o discernimento vocacional’. Respigamos algumas palavras que o Papa proferiu, no passado domingo, dia mundial a juventude: «O mundo de hoje precisa de jovens ativos, dinâmicos, que sintam que a sua vida é uma vocação, uma experiência em caminho. O mundo só poderá mudar com jovens assim… Falta educação, falta integração, tantos precisam de sair, migrar para outras terras. É duro de dizer, mas os jovens de hoje são frequentemente material descartável. Nós não podemos tolerar isto»!

 

António Sílvio Couto



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