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sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

A cultura são as pessoas…na era digital




Decorreu, de 16 a 19 de janeiro, na Praia da Rocha (Portimão), a atualização do clero das dioceses de Algarve, Beja, Évora e Setúbal, subordinada ao tema: levar Cristo às periferias humanas e existenciais – novos areópagos.

Cerca de cento e vinte padres e diáconos daquelas dioceses refletiram sobre desafios pastorais da cultura digital, redes sociais e comunicação social… incluindo ainda vários painéis – sobretudo com leigos – onde foram apresentados olhares em áreas prioritárias da ação pastoral da Igreja, tendo ainda sido escutadas ‘boas práticas’ nas dioceses envolvidas…

Nos primeiros dias houve tempo e espaço para conferências de especialistas vindos de Roma – António Spadaro (jesuíta) e Martin Carbajo (franciscano) – que lançaram leituras, propostas e desafios a ter em conta na era digital, que estamos a viver. A segunda parte destas jornadas foi ocupada com intervenções de pensadores e de leigos cristãos/católicos que vivem e testemunham a sua fé em contextos diversificados como a cultura, a política, a música, o desporto, a interculturalidade e mesmo na religiosidade popular.   

= Respigamos agora algumas das frases escutadas:

* Misericórdia como categoria política – não se pode mais considerar ninguém definitivamente perdido… Ter um pensamento aberto – pronto e disponível a romper esquemas… Na periferia se mede como funciona o centro… A Europa é um processo e não só um espaço… Da pastoral da resposta à pastoral da pergunta, reconhecendo as respostas justas… Precisamos de valorizar a evangelização da pergunta… Da transmissão da fé à pastoral do testemunho…os conteúdos passam, se há pessoas que os partilham… Capacidade de escuta: saber escutar o que os outros dizem (António Spadaro).  

* Conhecer as linguagens, dinâmicas e símbolos da era digital… As redes sociais são lugares antropológicos que constroem a nossa identidade… A rede social favorece o contacto, mas não impede o isolamento… O ambiente digital é um ambiente de vida… A Igreja promove a unidade e a reconciliação, enquanto os meios de comunicação buscam o sensacionalismo (Martin Carbajo).  

* Visão de conjunto do património e não uma fragmentação… Compreensão do outro e do diferente… Serviço público não é serviço estatal… Falar de cultura não é esquecer a economia… Voltar a falar da caridade, como cuidado e relação com os outros… Estar atentos à realidade que está a mudar… A cultura são as pessoas… Educação-ciência-cultura… Necessidade de compreendermos os grandes desafios (Guilherme d’Oliveira Martins).  

* A Igreja foi sabendo criar continuidade em resposta a cada tempo… Dicotomia sacro-profano… interpretação entre Europa do Norte, protestante e do Sul, católica (Rui Vieira Nery).  

* Após o Concílio Vaticano II deu-se uma espécie de neo-realismo devocionista…suprimiram-se procissões, devoções e criou-se um vazio… Não se pode nivelar sem saber valorizar (Francisco Couto).  

* Estamos muito dentro de nós e não colocamos Cristo em primeiro plano… Importância de assumir-se como cristão e do testemunho na vida…não perder as oportunidades de dar testemunho de Cristo vivo (Fernando Santos). 

Atendendo a mais esta oportunidade de aprendizagem – tanto de conteúdos como de ferramentas – cremos que será numa intercomunhão entre as dioceses e, sobretudo, dos padres com os leigos que haveremos de ir crescendo na consciência de que a mensagem do Evangelho continua atual, mas precisa de saber cuidar dos instrumentos para fazer Jesus conhecido, por entre tantas outras propostas num mundo secularizado e egoísta. Abertura à humildade em aprender e em caminhar com os outros, precisa-se!   

 

António Sílvio Couto



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