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segunda-feira, 23 de maio de 2016

Estado…anónimo, totalitário e amoral


Nos tempos mais recentes parece que voltou à discussão pública – senão clara ao menos tácita – a questão do Estado e dos seus poderes e afazeres… desde as questões de ensino até à economia, passando pelos direitos à saúde, à segurança (social, da ordem ou nacional), ao trabalho e impostos, às questões de transportes e aos problemas éticos/morais… Em tudo isto o Estado – anónimo, totalitário e amoral – pretende ter algo a dizer ou a decidir… mesmo que seja de forma mais ou menos ideológica.

Por outro lado, vemos a ser relegado para plano secundário ou insignificante quem tente tomar as rédeas do investimento – seja em que área for – nesse grande setor da iniciativa privada, que para alguns dos servidores do Estado – desde políticos até autarcas, sem esquecer a longa legião de assalariados do regime – não passam de atentados ao bem público, quando deveria ser entendido como ações em favor do bem comum. Deste modo parece confundir-se ‘bem comum’ com ‘bem público’, sendo este como que o chapéu onde se escondem e ‘labutam’ muitos preguiçosos e beneficiados dos subsídios e prebendas… do Estado!

Só que há uma grande diferença: quem paga os impostos e alimenta os servidores do Estado são esses que têm iniciativas de âmbito privado e que produzem para que o país possa viver acima do nível de estagnação… Isso mesmo temos vindo a ver nos primeiros meses deste ano, quando o governo – ariete ideológico de certos interesses do Estado – fez reverter muitas das medidas que faziam acontecer as exportações e gerar (ainda) algum emprego… Aqui pode estar o ‘segredo’ do sucesso das medidas do Estado/governo com seus sequazes a reclamar até – pasme-se! – a renacionalização da banca e de outros serviços, sobretudo onde os sindicatos têm poder e capacidade de paralisação do país, que são os transportes...

Não fosse a nossa integração no plano europeu da UE e estaríamos quase ao nível da Venezuela, com a agravante de não termos petróleo, como fonte de rendimento… As exigências que nos vão fazendo para termos equilíbrio nas contas – que alguns reclamam com sendo interferência do exterior nas nossas decisões mais nacionais e patrióticas – tornam-nos um tanto menos vulneráveis aos caprichos de certas forças (ditas) defensoras do ‘Estado social’, mas que, por viverem à custa dele, não conseguem criar mais do que ilusões nas pessoas que ainda julgam que temos total capacidade de nos sabermos governar… 

= Estado anónimo – sem rosto e quase sem identidade assumida, vemos que, quando algo é menos benéfico, não é fácil de chamar à responsabilidade quem possa ter prevaricado. Em certas matérias este anonimato serve para esconder alguma incompetência, o que se torna ainda mais grave quando há prejuízos irreparáveis como na saúde, na justiça ou mesmo no desgoverno de dinheiros (ditos) públicos, com as derrapagens e os custos acrescidos em tantas obras do Estado…patrão distante e mesmo distraído!  

= Estado totalitário – só quem pensa e faz como a maioria quer e decreta é que pode ter sucesso. Foi-se criando uma tal dependência do Estado, que há situações quase ridículas, onde senão foi quem governa a pensar – como se nota isto nas autarquias! – não tem capacidade de ser concretizado. Nota-se um forte monopólio do ‘pensamento’, sendo muitas vezes as ideias compradas com subsídios… em vez de serem dadas ajudas à iniciativa privada! Pior ainda quando é a cor do cartão partidário que faz toda a diferença, tanto para ser empregado, como ser escutado social e civicamente! 

= Estado amoral – embora se diga sem religião, a neutralidade não pode ser simplesmente agnóstico, pois isto já seria tomar posição, dando mais cobertura a quem se deseja afirmar como sem religião ou talvez numa atitude mais anticristã… Embora pretenda dizer-se sem privilegiar ninguém, quando se legisla sobre matérias de índole ética – sobretudo nas questões ligadas ao tema da vida – já se está a querer influenciar ao menos os que não pensam como certos proponentes em matérias a serem estudadas e não a fazerem disso bandeira de temas fraturantes…como é nítido neste monopólio reinante.

Disse-se, em tempos, que é preciso menos Estado e melhor Estado. Não é isso que temos visto, por agora!   

 

António Sílvio Couto




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